DEMOCRACIA E CORRUPÇÃO –
INCOMPATIBILIDADE NATURAL
João Batista Pontes
Não se iluda quando lhe disserem
que vivemos em um País democrático. Ainda estamos muito distante de uma
verdadeira democracia. E sabe por quê? É simples: a democracia não se implanta
só por estar prescrita na Constituição. Ela tem que ser construída, conquistada
com muito esforço em cada comunidade ou cidade. E mais, como uma flor, ela
requer atenção diária: pelo respeito aos nossos direitos, às nossas liberdades
e às demandas da sociedade; e pela boa gestão dos recursos públicos. Além do mais,
ela também exige que cada um de nós cumpra os seus deveres de cidadão: manter
atitudes e posturas que contribuam para a harmonia na convivência social, desde
as mais simples- como, por exemplo, respeitar as opiniões dos outros; colaborar
para manter a cidade limpa; interessar-se, exigir e preparar-se para participar
das decisões de interesse da coletividade etc. E, neste momento, a atitude mais
importante é, sem dúvida, a atuação de todos contra a corrupção, contra o
desvio dos recursos públicos destinados ao atendimento das necessidades da
comunidade para a formação de fortunas particulares. Este é o principal
empecilho da democracia e a causa de todos os malefícios que a sociedade
enfrenta: das deficiências na prestação de serviços públicos, especialmente na
área de saúde pública – que causa a mortalidade infantil e tantos outros óbitos
e sofrimentos que afligem os cidadãos; da educação pública deficiente; da
poluição ambiental (exemplo: Vale do Rio Curtume); da falta de segurança
pública; da má qualidade da água servida à população; e da ausência de
políticas públicas voltadas à geração de renda e à produção.
Enfim, todas as mazelas sociais
têm como fonte primária o desvio e a má gestão dos recursos públicos. Por isto,
precisamos mudar a nossa cultura, quase sempre muito complacente com os
corruptos. Talvez porque eles em geral sejam pessoas simpáticas e que praticam
as formalidades que sabem ser do agrado da maioria: cumprimentos, sorrisos e
abraços. Meras práticas demagógicas e hipócritas que visam angariar a nossa
simpatia, para que continuemos com os “olhos fechados” e, assim, eles possam
continuar desviando para os seus bolsos os recursos que deveriam ser aplicados
no atendimento das necessidades essenciais da coletividade. Na verdade, o maior agrado que um
governante/político pode nos fazer é administrar corretamente os recursos e os
interesses da coletividade, com honestidade e eficiência. Sem hipocrisias,
demagogias, tapinhas nas costas, sorrisos etc. O bom governante pode até mesmo
ser bem antipático, desde que seja competente honesto e sensível às demandas da
sociedade. E, como sabemos, o começo da
corrupção se dá na compra de votos (captação ilícita de sufrágio), prática
infelizmente enraizada na nossa cultura e que precisa ser combatida com vigor e
com urgência. Temos que mudar a nossa mentalidade e passar a compreender que um
político que se dispõe a chegar ao poder por meio da compra de votos não tem o
mínimo respeito pelas pessoas e já dá uma indicação clara de que ele é
corrupto. E, se eleito, não terá qualquer compromisso com o bem comum, com os
interesses da coletividade. - A compra de votos é uma agressão e um crime
contra a consciência do cidadão. E torna indigno tanto quem compra como quem
vende. Comprar votos é, de fato, um dos
mais graves atentados à dignidade da pessoa humana, valor este erigido pela
nossa Carta Maior – a Constituição – como fundamento da República (art. 1º,
III). Enquanto predominar essa prática como forma de eleição dos governantes
não se pode nem ao menos sonhar com democracia, com administrações públicas
probas e eficientes. - Por isto é que todos nós, pessoas
de bem que queremos um futuro melhor para a nossa cidade, devemos nos unir numa
verdadeira cruzada contra a prática da compra de votos e contra a corrupção.
Vamos juntar as nossas vozes e, em uníssono, gritar bem alto: Chega de corrupção, chega de eleições com
compra de votos!!!!
João Batista
Pontes – Geólogo – sociólogo - matemático – jornalista e bacharelando em
direito.
Novarrussense
– residente em Brasília DF.
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