...TEM BOI NA LINHA...
Dias atrás encontrei no portão de minha
casa alguns protótipos de ingressos de circo. Prometiam desconto no preço das
entradas mediante apresentação daqueles papeis. Joguei-os fora e segui absorto,
de repente ao dobrar a primeira esquina deparei-me com três palhaços sentados
no chão à sombra das acácias. Alegres, em papo animado separavam as
ditas propagandas para jogarem nas entradas das casas. Observei-os rapidamente.
Todos pintados e usavam modernos tênis, perucas de plásticos e estavam
relativamente bem vestidos. Dias antes eu vira uma camionete cheia de anões
vestidos da mesma forma. Mais uma vez mergulhei no passado e lá estava eu no
começo dos anos sessenta.
Hoje tem
espetáculo? Tem “sinsinhor”. Às oito horas da noite? É sinsinhor. E arrocha
“negada”! EHHH! Arrocha negada! EHHH!
E o palhaço o que é? É ladrão de “muié”! E o palhaço na rua? É ladrão de perua! Arrocha negada! EHHH!
Oi nasce o Sol esconde a Lua. “Oia” o palhaço no meio da rua. Arrocha negada! EHHH!
E o palhaço o que é? É ladrão de “muié”! E o palhaço na rua? É ladrão de perua! Arrocha negada! EHHH!
Oi nasce o Sol esconde a Lua. “Oia” o palhaço no meio da rua. Arrocha negada! EHHH!
E lá vinha
equilibrando-se nas pernas de pau com um “megafone” de lata, seguido por uma
turma de meninos. Meninos que “gritavam o palhaço” e eram marcados com uma
tinta para entrarem de graça no circo. E lá vinha ele, um "cara pintada"
a repetir: Hoje no Grande Circo do Fadiga a estreia sensacional do Grande
Espetáculo com equilibristas, trapezistas, dramas e o grande palhaço Fadiga.
Não percam logo mais ás oito horas da noite. Hoje tem espetáculo? Tem
sinsinhor! Às oito horas da noite? É sinsinhor! Arrocha negada! EHHH!
E para lá acorreu toda a nossa geração. O Grande Circo não passava de um pequeno palco rodeado por uma empanada sem cobertura e cercado por uma vigiada cerca de arame para prevenir dos penetras. Quem não tinha namorada aproveitava para paquerar. Mas a atenção maior era para as batidas de metal que anunciavam a proximidade do inicio do Grande Espetáculo.
Um indivíduo entrou no picadeiro e pediu silencio para a plateia que lotava todas as cadeiras e todos os “puleiros” (arquibancadas), além dos que estavam em pé. Com os senhores e senhoras de Nova Russas o grande palhaço Fadiga! O grande palhaço Fadiga! Fadiga! Cadê você? Insistia o homem que seria o coadjuvante do Fadiga.
E para lá acorreu toda a nossa geração. O Grande Circo não passava de um pequeno palco rodeado por uma empanada sem cobertura e cercado por uma vigiada cerca de arame para prevenir dos penetras. Quem não tinha namorada aproveitava para paquerar. Mas a atenção maior era para as batidas de metal que anunciavam a proximidade do inicio do Grande Espetáculo.
Um indivíduo entrou no picadeiro e pediu silencio para a plateia que lotava todas as cadeiras e todos os “puleiros” (arquibancadas), além dos que estavam em pé. Com os senhores e senhoras de Nova Russas o grande palhaço Fadiga! O grande palhaço Fadiga! Fadiga! Cadê você? Insistia o homem que seria o coadjuvante do Fadiga.
Depois de
uma fingida relutância ele entrou. Entrou e “ganhou” a todos. Risos e mais
risos. Risos de todas as idades. Ali estava o talento. Talento que nos fez rir
durante meses. Talento que fazia dos mais simples improvisos uma grande
hilaridade.
A estação chuvosa chegou, mas, o circo já estava coberto. As chuvas copiosas caiam enquanto riamos. “Tem boi na linha tem, tem, tem”.
A estação chuvosa chegou, mas, o circo já estava coberto. As chuvas copiosas caiam enquanto riamos. “Tem boi na linha tem, tem, tem”.
“Tem
boi na linha Catarina vem no trem” Cantava a atriz V8.
“Fadiga tu num te alembra do dia qui
nóis casou”. Fadiga: A festa foi no terreiro qui até as véia dançou.
Fadiga
tu num te alembra do dia qui nóis casou! Fadiga: “A rede veia comeu foi fogo
foi com nóis dois prá lá e prá cá”...
*Antônio Roberto Mendes Martins
- Mestre em Física –
Professor Universitário (UFC) novarrussense – residente em Nova-Russas.
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