É Nego bebo aí...
Antônio Roberto Mendes Martins.
Né Felício era um chefe de imensa
prole que trabalhava no transporte de águas do Rio Curtume para as
residências de Nova Russas. Era um ofício de muitas pessoas, pois naquele tempo
não tínhamos água “encanalhada”, como diziam na Câmara Municipal certos
vereadores. Na família de Né todos trabalhavam e via-se união e respeito em
torno casal chefe.
Não obstante o imenso trabalho, o Seu Né como o chamávamos era como nós ligado
numa “pé de serra”. Ao beber sempre fazia alusão a uma certa música de
carnaval. Ou seja, ao adentrar num boteco sempre dizia: Tem nego bebo aí como o
diabo, né?
Numa cidade pequena como a nossa os velórios são marcantes. Né Felício
confundiu as bolas e adentrou numa sentinela: Tem nego morto aí como o diabo,
né?
Chegou aos ouvidos do nosso Vigário, o Padre Leitão, que o Né Felício levado
por uma nossa crença cearense de que se roubarmos uma imagem de nosso padroeiro
São José, ele o Santo nos propiciara boas chuvas. Seu Né roubou logo aquela
imagem que fica ao lado esquerdo do Altar Mor.
Padre Leitão indagou do Seu Né porque ele não tinha levado uma imagem
qualquer. Levara logo a maior da Igreja Matriz. Né respondeu: Padre eu
levei logo um “animal” grande, um “animal” que sirva.
*Antônio Roberto Mendes Martins
- Mestre em Física –
Professor Universitário (UFC) novarrussense – residente em Nova-Russas.
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