"Para campos, Marina como vice
compensaria desmanche de alianças"
BRASÍLIA
- O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, transmitiu nessa segunda-feira,
13, a integrantes da Rede Sustentabilidade a condição para aceitar o veto
imposto pela ex-ministra Marina Silva ao apoio do PSB à reeleição do governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Campos garantiu que a sigla abandona o projeto
de aliança com o tucano paulista se Marina aceitar antecipar o anúncio de que
será sua vice na disputa pela Presidência da República. O grupo da ex-ministra
sinalizou positivamente, mas a pressão da Rede - partido idealizado por Marina,
mas que não obteve registro na Justiça Eleitoral a tempo de concorrer na
eleição deste ano - é para que, além de São Paulo, sejam lançados também
candidatos a governador em outros Estados de grande densidade eleitoral.
Representantes do PSB e da Rede se reuniram na capital federal, mas Marina não
foi ao encontro.
A
decisão de Campos de aceitar retirar o apoio a Alckmin se deve a uma
reavaliação de sua estratégia. O pernambucano acredita que ter a ex-ministra na
sua chapa compensa o desmanche de alianças que estavam em curso. "A
presença da Marina na chapa fortalece muito a minha candidatura tanto em São
Paulo quanto nos palanques das cidades maiores e mais politizadas",
comentou o governador, de acordo com narrativa de um companheiro de partido.
No
encontro de ontem, a direção da Rede sinalizou concordar com um
"pacote" para diminuir a tensão entre os dois grupos. Com a
perspectiva de lançamento de uma candidatura própria ao governo de São Paulo,
admite o anúncio antecipado de que Marina será vice na chapa com Campos. A expectativa
é que esse anúncio ocorra até meados do próximo mês. "Esse é um assunto
que está sendo tratado desde 5 de outubro, quando houve a união formal com o
PSB", disse ao Estado Bazileu Margarido, coordenador executivo da Rede.
"A expectativa do partido é a da candidatura de Marina a vice",
afirmou.
Nas
várias conversas que teve com o presidente do diretório paulista do PSB,
deputado Márcio França, o governador de Pernambuco ouviu a defesa da aliança
com Alckmin. Nas negociações havia até a possibilidade de França ser o
candidato a vice na chapa que concorrerá à reeleição.
Campos,
no entanto, sabe que o palanque principal de Alckmin será reservado ao provável
candidato tucano à Presidência, senador Aécio Neves (MG), que precisa
conquistar uma grande votação em São Paulo. Como Aécio acredita que obterá, em
Minas Gerais, uma frente superior a 3 milhões de votos sobre Dilma Rousseff,
uma vitória com razoável número de votos em São Paulo anularia a vantagem que a
presidente tende a ter nas regiões Norte e no Nordeste. Neste cenário, a
avaliação é que em São Paulo Campos seria sempre um candidato de segundo
escalão no palanque de Alckmin e a garantia de Marina na vice contaria muito
mais do que a presença de França na vice do governador tucano.
Outros
Estados. Bazileu Margarido, um dos mais próximos aliados de Marina, disse ainda
que a pressão da Rede será para que sejam lançados candidatos a governador em
todos os Estados de grande densidade eleitoral: São Paulo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Pará e Ceará.
"Acreditamos que é preciso criar palanques para o candidato", afirmou
Bazileu.
Pela
manhã, em Olinda, Campos disse que Marina não decidirá sozinha os nomes dos
candidatos da aliança a governador de São Paulo e do Rio de Janeiro. Ele
rebateu os rumores de crise entre seu partido e a Rede Sustentabilidade, por
causa das divergências entre as legendas em alguns Estados.
"Marina
vai decidir junto conosco todos os Estados que a gente vai discutir",
afirmou. "Em alguns, a gente vai conseguir aquilo que deseja, em outros
lugares vamos ter um quadro que já está dado, que vem de uma dinâmica
própria." Segundo o governador não há imposições na relação entre a Rede e
o PSB. "Ninguém aqui está para impor à Rede, e nem a Rede tem nenhum
espírito de nos impor absolutamente nada", disse.
"É
só espuma (os rumores de crise), não tem objetividade (...) Não há uma palavra
de Marina que seja diferente da palavra que eu tenho colocado. Agora, há um
desejo de que essas coisas não deem certo. E desejo é assim. Tem muita gente
que deseja muita coisa e não consegue. Não vão conseguir esse, por exemplo.
Fonte: Agência o Estado.
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