COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
SEM SABOR DE VITÓRIA.
Nobres:
A presidente Dilma Rousseff
comemorou nesta semana o levantamento do governo que mostra que 95,9% dos
estudantes da rede pública ligados ao Bolsa Família cumpriram a frequência
escolar mínima. Frequentar a escola com regularidade é a contrapartida para o
benefício. Os dados referem-se aos meses de outubro e novembro do ano passado.
De acordo com a chefe da nação, os dados comprovam que os pais beneficiários do
programa compreendem que a educação “é o caminho mais curto para garantir um futuro
melhor para seus filhos”. A premissa é verdadeira, mas a conclusão,
infelizmente, é falsa. A frequência escolar é apenas um pré-requisito elementar
para o funcionamento satisfatório do sistema educacional de um país. O mais
importante é oferecer aos jovens educação de qualidade, que efetivamente lhes
garanta formação e um futuro melhor. Isso o Brasil ainda não está conseguindo,
como comprovam fartamente as comparações que temos feito aqui nas páginas desse
humilde blog com países no mesmo estágio de desenvolvimento. Por exemplo, em
matemática, um campo cada vez mais decisivo para a inclusão econômica e social
de estudantes e trabalhadores nos contextos interno e mundial do século 21, a desempenho
do Brasil em 2013 ficou aquém do desempenho de alunos de Chile, México, Uruguai
e Costa Rica. Dois terços dos nossos estudantes estão abaixo da linha básica de
aprendizado. E a comparação, que revela deficiências também em leitura e em
ciências, não é feita apenas com nações ricas, mas com os países citados, todos
em condições inferiores à brasileira em termos de desenvolvimento e potencial
econômico. É saudável que o governo esteja empenhado em estabelecer uma clara
relação entre apoio social, via Bolsa Família, e a educação, até porque esse é
um assunto sempre envolto em questionamentos, pela suspeita de que o controle
da frequência escolar em algumas regiões ainda seria precário. É prova evidente
que também expressa o sentido de somar “ações eleitoreiras em prol dos seus
aliados deste modo”. Todas as atenções são essencialmente válidas para uma
cultura de permanência no poder. Analisando todos os aspectos principalmente os
de efeitos rápidos para favorecimento do governo resulta naturalmente num passo
sempre adiado, para a educação, pensando-se em todos os brasileiros, e não só
nos que têm o suporte dos programas de transferência de renda, é o da
qualificação. Avaliações dos cientistas em educação apenas confirmam o que é
uma evidência percebida pelos profissionais da área, pelos pais e pelos
próprios alunos. O ensino básico é o grande déficit social do Brasil. Estados e
municípios têm, por dever constitucional, as maiores atribuições nessa etapa
inicial do ensino. Mas o governo federal, que centraliza recursos e orienta as
macropolíticas para a educação, também tem obrigações que não têm sido
cumpridas. Falta muito para que as comemorações do Bolsa Família sejam de fato
completas. As outras são pontos evidentes no trato das “conquistas eleitorais”.
Antônio Scarcela Jorge.
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