domingo, 26 de janeiro de 2014

COMENTÁRIO - JOÃO BATISTA PONTES


COMENTÁRIO
João Batista Pontes

PROPOSTA DE DIÁLOGO POR NOVA RUSSAS

Nova Russas, terra onde nasci e que tanto adoro. Como gostaria de ter ver dando passos seguros para vencer as tuas dificuldades. E como fico triste toda vez que a ti retorno e vejo que os problemas continuam os mesmos ou até mais graves. Como gostaria de te ver agitada por movimento transformador, capaz de te conduzir a um futuro melhor.

É certo que não tenho um conhecimento aprofundado da tua realidade, assim como também é certo que a aridez do teu meio ambiente oferece grandes obstáculos. Mas vejo que a cada dia perdes oportunidade de avançar na solução dos teus problemas, que parecem se avolumam.

Vejo que perdestes valiosas oportunidades de desenvolvimento: com o programa nacional do biodiesel, mediante a retomada da exploração da oiticicas e da mamona; com a produção do algodão, que já foi uma das fontes de renda regional e que hoje não mais existe; com a produção do croché – que hoje se caracteriza por um produto de baixa qualidade, tanto no que se refere aos insumos empregados (linhas), como em relação à própria confecção (mão-de-obra) -, e está em pleno declínio. A própria agricultura de subsistência, que chegou a produzir no passado alguns excedentes, a cada ano vejo diminuindo.

Penso que todas essas oportunidades foram perdidas por falta de estudos e aprimoramento das técnicas de produção; por falta de planejamento; por falta de um projeto de desenvolvimento, nos moldes de uma economia solidária, com condições para nele integrar os esforços de todos os produtores; e por falta de uma visão de futuro dos governantes e das elites locais. Ao que eu saiba, jamais houve um projeto com objetivo de organizar os produtores locais em um trabalho cooperativo e solidário. E cada um, isoladamente, foi incapaz de vencer os obstáculos naturais e perfeitamente previsíveis (a exemplo de uma praga, uma estiagem prolongada, a comercialização da produção excedente etc).

Será que estamos condenados a viver sempre de renda, bolsas e favores governamentais; destinados a vivermos eternamente na mais completa exclusão econômica e social? E é bom não esquecer que as políticas públicas compensatórias – a exemplo de bolsas, rendas, cotas raciais e sociais etc -, ainda que promovam a elevação dos índices de desenvolvimento humano -, não são permanentes. A melhoria na qualidade de vida que elas promovem deve ser aproveitada pelos beneficiários para se prepararem e, por meio de seus próprios esforços, conquistarem formas de obtenção de rendas permanentes.
Será que não temos um caminho, uma chance sequer, para vencer as enormes dificuldades de desenvolvimento? Penso que sim! E tenho forte convicção de que com educação adequada – que inclua desde cedo a conscientização dos jovens sobre o contexto ambiental, cultural, econômico e social em que vivem -estudo/pesquisa, união dos esforços, criatividade e foco no interesse comum, tudo isto aliado a uma vontade coletiva para a mudança, poderemos encontrar meios de geração de renda que nos permitam viver com dignidade e qualidade de vida – e não simplesmente sobreviver.

As dificuldades existem para nos impulsionar na busca de soluções. Os vencedores são os que ousam, os que acreditam no sucesso, apesar das adversidades. É preciso acordar, encarar de frente a ingrata realidade da nossa “terrinha” e ter confiança que podemos alterá-la para melhor, bem melhor. Exemplos existem no mundo inteiro de populações que conseguiram se desenvolver, apesar das dificuldades do meio ambiente.

Sou um sonhador? Sim, admito. Mas o que seria de nós e do mundo se não sonhássemos? O que precisamos é nos esforçar para tornar os nossos sonhos realidade. Nada se consegue sem sonho, planejamento e muita ação. E os meus sonhos, creio, são os sonhos de todos:

- Sonho com um governo local que confira empoderamento à sociedade local, convocando-a a participar mais efetivamente na administração dos interesses públicos, nas decisões e na definição das políticas públicas locais.

- Sonho com um governo que convoque a população para discutir e definir um plano de desenvolvimento local, com a finalidade de fomentar a geração de renda e emprego, capaz de restituir a dignidade aos enorme contingente dos excluídos, retirando-os da triste exclusão econômica e social.

- Sonho com um Governo que administre corretamente cada centavo público e preste contas ao povo do uso que dele fez, numa atitude de total transparência, que possa ser considerada modelar;

- Sonho com uma integração dos esforços de todos os teus filhos – irmanados e superando as divergências motivadas por interesses partidários, particulares ou de grupos – na busca de alternativas de ações que possam enfrentar com êxito as adversidades climáticas, do meio ambiente e todas as demais dificuldades para o desenvolvimento econômico e, principalmente, social.

- Sonho, afinal, com o vale do Rio Curtume, ao longo de todo o perímetro urbano, plenamente recuperado, saneado e incorporado ao lazer e ao convívio da comunidade, com pistas para caminhadas, áreas verdes extensas e arborizadas etc.

É preciso com urgência dialogar pela construção de um futuro melhor para Nova Russas. E uma coisa também é certa: ninguém de fora virá solucionar os nossos problemas; somos nós mesmos, os filhos desta terra e os que, por opção, nela habitam que teremos que nos unir na busca e implementação de projetos capazes de promover o tão almejado desenvolvimento econômico e social.

*João Batista Pontes – Escritor -
Geólogo – sociólogo - matemático – bacharelando em direito. Novarrussense – residente em Brasília DF.



Nenhum comentário:

Postar um comentário