Proposta de veto popular divide
especialistas do CE.
PEC que tramita no Senado Federal
concede autonomia à população para revogar leis e mandatos de políticos.

A PEC 80, apresentada ainda em
2003 pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB/SE), foi desarquivada na Casa
em 2011 e atualmente está pronta para ser votada na pauta da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal. Ela altera a redação do artigo
14 da Constituição Federal.
De acordo com a PEC, fica
garantido o direito de revogação individual, também conhecido como voto
destituinte, revogação popular ou recall. O mecanismo permite destituir
mandatários e funcionários públicos antes do prazo previsto na norma
pertinente. "Difere do impeachment na medida em que não exige acusação
criminal ou comprovação de má conduta. É suficiente a perda da confiança da
maioria dos eleitores", diz o texto do relator da matéria.
Vigente
Já o veto popular permite que o povo se oponha a uma lei já aprovada, mas ainda não vigente, por solicitação da própria população. A PEC considera três momentos: a casa legislativa aprova determinada lei que não entra em vigor de imediato; o povo solicita que essa lei seja submetida a sua manifestação e, se a recusa for majoritária, a legislação não subsiste.
Já o veto popular permite que o povo se oponha a uma lei já aprovada, mas ainda não vigente, por solicitação da própria população. A PEC considera três momentos: a casa legislativa aprova determinada lei que não entra em vigor de imediato; o povo solicita que essa lei seja submetida a sua manifestação e, se a recusa for majoritária, a legislação não subsiste.
O autor da iniciativa, senador
Antônio Carlos Valadares, explica que se baseou em experiências já aplicadas em
outros países, como Estados Unidos, Suíça e Alemanha. Questionado sobre a
efetividade da matéria, o parlamentar diz ser otimista em relação ao
protagonismo popular. "Muita gente vai pensar duas vezes antes de fazer
promessas. Como o povo não sabe que existe essa proposta do veto popular e do
recall, os políticos ficam impunes", acredita o senador.
Valadares ressalta que, hoje, a
destituição de mandatos só pode ser feita pelo Judiciário ou Legislativo.
Quando perguntado se a PEC passaria no Senado, ele titubeia. "Isso que eu
vou consultar. Tem que ver quem é o relator, porque ali...", diz. A PEC já
recebeu o parecer favorável do relator da matéria, senador Walter Pinheiro
(PT), em dezembro de 2013. Ele foi favorável à constitucionalidade e aprovação
da proposta na Casa.
Apesar dos questionamentos ao modelo de democracia representativa do Brasil, o cientista político Rui Marinho, da Universidade Federal do Ceará (UFC), desacredita a PEC que tramita na CCJ do Senado. "Eu tenho reservas com relação a essas propostas. Sobre o recall, nenhum mandatário, em exercício, teria sossego para trabalhar", opina.
Apesar dos questionamentos ao modelo de democracia representativa do Brasil, o cientista político Rui Marinho, da Universidade Federal do Ceará (UFC), desacredita a PEC que tramita na CCJ do Senado. "Eu tenho reservas com relação a essas propostas. Sobre o recall, nenhum mandatário, em exercício, teria sossego para trabalhar", opina.
Para o especialista, atribuir ao
povo a destituição de mandato eletivo é um atentado à democracia, acrescentando
que muitas das movimentações apontadas como oriundas da sociedade civil não
representam a maioria da população. "Tenho valorizado muito a participação
popular, mas ela é uma quimera. Quem faz essas ações são uma minoria, não a
sociedade", avalia.
Antipáticas
Antipáticas

No que se refere ao veto popular,
dispositivo para desfazer algumas ações aprovadas no Legislativo, o cientista
político da UFC diz acreditar que a medida tende a fragilizar a atuação de
vereadores, deputados e senadores. "O parlamento é muito ruim, mas tem que
ser aperfeiçoado, e não esvaziado. Ele tem a cara da sociedade. É
representativo, porque as pessoas, assim como os parlamentares, defendem
valores particulares. Eles refletem a cultura da sociedade", analisa.
O professor de Ciência Política
Rosendo Amorim, da Universidade de Fortaleza, aposta que a tramitação de
propostas dessa natureza é resultado dos protestos que ocorreram, em várias
cidades do País, durante a Copa das Confederações. "É uma tentativa de
desfazer o sentimento de impotência que a população tem em relação à política".
Para o docente, a tramitação da
proposta é contraditória, pois dispõe sobre a participação popular, mas o
debate não foi estendido à sociedade. "Temos uma cultura autocrática que,
mesmo quando se pretende desconstruir essa modalidade de política,
contraditoriamente nega na prática o que se propõe a fazer".
Rosendo Amorim considera que o recall e o veto popular poderiam ser utilizados de forma positiva pela sociedade, mas opina que não há interesse dos parlamentares em aprovar a PEC. "Se a classe política for prejudicada por ela, a matéria dificilmente vai ser aprovada", afirma. Ele compara com o ocorrido em relação à Lei da Ficha Limpa, que barra nas eleições candidatos condenados pela Justiça. "Eles têm tentado de toda forma mitigá-la", pontua o docente.
Rosendo Amorim considera que o recall e o veto popular poderiam ser utilizados de forma positiva pela sociedade, mas opina que não há interesse dos parlamentares em aprovar a PEC. "Se a classe política for prejudicada por ela, a matéria dificilmente vai ser aprovada", afirma. Ele compara com o ocorrido em relação à Lei da Ficha Limpa, que barra nas eleições candidatos condenados pela Justiça. "Eles têm tentado de toda forma mitigá-la", pontua o docente.
Fontes: Agência Senado
e DN.
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