Antonio Roberto.
...DOUTOR, DOUTOR...
O carteado já ia ao fim da tarde, o “três sete” era puxado a vinho. Lá prás
tantas o Mocó (Hermenegildo Martins Filho) comentou: Seu Carlito, porque o
senhor nunca usa chapéu? Pru mode qui eu num gosto meu fi. Mas neste sol quente
de derreter? O senhor anda neste mundão sem chapéu. Por quê? Num gosto de falar
no assunto meu fi.
Carta vai conversa vem, o Mocó disse: Aldair trás aquele chapéu novo que eu
comprei para o “seu Carlito”. Num quero meu fi. Já dixe. Me dê uma “quasta” de
chumbo “numo” sete, uma pesada de “polva” e uma caixa de espoleta, mode eu
matar as avoante pru meu de comer.
De tanta insistência o velho contou sua razão para não usar chapéu. Um dia meu
fi eu tava roubando melância num roçado alheio, quando o dono chegou e eu corrí
mode num ser visto. Num é qui o “diacho” do chapéu enganchou e caiu. O dono do
roçado achou e no outro dia todo mundo sabia do meu feito, pois conheciam o
“dhango” do chapéu. Passei vergonha. Taí a minha jura.
Está lera me faz lembrar o grande assalto no Lojão Brasil.
Quando o delegado chegou, na sua equipe, vinha um policial recém-saído da
academia. Novato e querendo “mostrar serviço”. Doutor, doutor foram uns trinta
bandidos! Estou notando disse o delegado. Doutor, doutor, todos deixaram suas
digitais! E todas as dez! Nem ligaram! Fala baixo, cochichou o “delega” e
tratando de isolar a área, repetia, fica na tua, cara!
Doutor, doutor vou colocar no computador e identificar os pilantras, pois eles
têm as digitais no sistema da Interpol. Espera cara! Vai devagar, insistiu o chefe.
Doutor, doutor, gritou o jovem e inexperiente policial, o que mais meteu as
mãos e deixou pistas só tem nove dedos...
*Antônio Roberto Mendes Martins
- Mestre em Física –
Professor Universitário (UFC) novarrussense – residente em Nova-Russas.
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