Ministro da Educação, petista será anunciado para um dos cargos mais
importantes do governo só em fevereiro, mas nesta segunda já despachava em
gabinete do Palácio do Planalto.
A presidente Dilma Rousseff
começou ontem a desenhar a reforma ministerial do último ano de seu governo,
escolhendo "intocáveis" para postos-chave, que não serão substituídos
caso ela venha a ser reeleita em outubro. Nessa lista estão o ministro da
Educação, Aloizio Mercadante (PT), que será o novo titular da Casa Civil e fará
a ponte com a campanha petista, e o empresário Josué Gomes da Silva (PMDB),
prestes a assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior.
Dez ministros devem deixar os
cargos para concorrer às eleições. Na reforma, Dilma tenta uma equação que
agregue apoio para conquistar o segundo mandato e desemperrar o que está parado
na gestão. O anúncio das trocas na Esplanada será em fevereiro.
Mercadante despachou
informalmente ontem no gabinete da Casa Civil, no Palácio do Planalto, já que a
atual titular, Gleisi Hoffmann, está em férias. Também petista, Gleisi deixará
o cargo para disputar o governo do Paraná. Na vaga de Mercadante entrará o
atual secretário executivo do Ministério da Educação, José Henrique Paim.
Depois de despachar no gabinete
da Casa Civil, Mercadante foi ao Palácio da Alvorada, residência oficial da
presidente, para uma reunião de cinco horas da qual participaram o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma. A reforma ministerial foi um
dos temas principais.
Pessoal. A presidente adotou como
critério para as futuras trocas não apenas a ampliação do arco de alianças
partidárias para a campanha da reeleição, mas também indicações de sua cota
pessoal. Na prática, ela quer pôr em cargos estratégicos vários
"gerentes" para tocar as principais áreas e mostrar serviço.
Após a disputa vitoriosa de 2010,
Dilma compôs a equipe com nomes apadrinhados por Lula. Mas, dois anos depois da
"faxina" que derrubou sete ministros suspeitos de corrupção, ela quer
impor um estilo próprio ao governo. Tem, no entanto, enfrentado dificuldades,
já que o PMDB do vice, Michel Temer, não se conforma em não ter o seu espaço
ampliado, das atuais cinco para seis pastas.
O atual secretário da Saúde de
São Bernardo do Campo, Arthur Chioro (PT), será ministro da Saúde. Chioro
substituirá Alexandre Padilha, que deixará a pasta para concorrer ao governo de
São Paulo pelo PT. Filho do vice-presidente José Alencar, Josué deverá assumir
em fevereiro o Ministério do Desenvolvimento, hoje dirigido por Fernando
Pimentel (PT), que deixará a pasta para concorrer ao governo de Minas Gerais.
Recém-filiado ao PMDB, Josué
preside a Coteminas e Dilma avalia que a experiência dele é fundamental para
aproximar os empresários do governo. Representantes da indústria criticam a
gestão Dilma e vários deles já se reuniram com Lula para expor as queixas ao
que chamam de "centralismo" da presidente.
O encontro de ontem de Dilma com
Lula também serviu para fazer um balanço sobre a montagem dos palanques
estaduais. Dirigentes do PMDB já decidiram conversar com Lula, a partir da
próxima semana, para expor as preocupações. Até agora, só há acordo entre PT e
PMDB para três palanques: Distrito Federal, Pará e Amazonas.
O PMDB não deve ganhar o
Ministério da Integração Nacional, que já foi controlado pelo PSB do governador
Eduardo Campos, provável adversário de Dilma na eleição, mas pode ser
"compensado" com outra pasta. Apesar dos protestos do PMDB, que quer
emplacar o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) na Integração, Dilma vai oferecer ao
partido a Secretaria de Portos.
No "xadrez" planejado
pela presidente, o PMDB ganha Portos, mas perde o Ministério do Turismo, que
deve ir para Benito Gama, presidente do PTB. A Integração fica sob comando do
novo aliado PROS, do governador do Ceará, Cid Gomes, e o Ministério da Ciência
e Tecnologia, hoje com o PT, pode ir para o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab.
A ministra das Relações
Institucionais, Ideli Salvatti, deve permanecer na equipe. Dilma conversou
ontem com o ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), que deixará o cargo para
disputar o governo do Rio. Segundo a assessoria de Crivella, Dilma aceitou o
pedido do ministro de ficar na pasta até abril, último prazo para candidatos às
eleições deixarem os cargos. Dilma teria assegurado a Crivella que a Pesca continua
com o PRB. O PT quer "puxar" o ministro para vice na chapa liderada
pelo senador Lindbergh Farias na disputa fluminense, mas ele resiste.
Além de Lula, Dilma e Mercadante,
participaram da reunião o ex-ministro Franklin Martins – que será coordenador
de comunicação da campanha presidencial – e Giles Azevedo, chefe de gabinete do
governo. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT), também é cotado para
integrar a equipe da campanha de Dilma.
Fonte: Agência Estado.
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