GLEISI DIZ QUE AÇÃO
DA PF EM SUA CASA TEVE INTENÇÃO DE 'CONSTRANGER'.
Senadora
do PT discursou nesta segunda (27) na tribuna no Senado.
Na última quinta (23) marido da petista foi preso na Operação Custo Brasil.
Quatro dias após a Polícia Federal (PF) deflagrar a
Operação Custo Brasil – um desdobramento da Lava Jato –, a senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR) usou nesta segunda-feira (27) a tribuna do Senado para
comentar a prisão de seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo.
Na avaliação da
parlamentar petista, a ação dos policiais federais em sua residência para cumprir
mandados de prisão e de busca e apreensão teve "a clara intenção de
constranger".
Esta foi a primeira declaração pública de Gleisi desde
que seu marido foi preso pela PF, em Brasília, na última quinta-feira (23).
Paulo Bernardo está detido na
superintendência da Polícia Federal em São Paulo.
"O cerco policial, por terra e ar, de nossa casa
e a ordem judicial para entrar em nosso apartamento teve a clara intenção de
constranger, não só a mim, mas a todos os moradores, como se a intenção
principal fosse mostrar sua onipotência contra cidadãos desarmados",
discursou a petista na tribuna do Senado.
Ex-ministro do Planejamento e das Comunicações, Paulo
Bernardo é suspeito de ter se beneficiado da contratação da empresa Consist,
que cobrava mais do que devia e repassava 70% do seu faturamento para o PT e
para políticos.
De acordo com a investigação, um escritório
de advocacia ligado ao ex-ministro recebeu mais de R$ 7,6 milhões de 2010
a 2015 em decorrência do esquema, de acordo com as autoridades.
O cumprimento dos mandados de prisão e de busca e
apreensão na casa de Paulo Bernardo e Gleisi geraram protestos da direção do
Senado pelo fato de se tratar de um imóvel funcional de parlamentar com foro
privilegiado.
A Casa chegou a solicitar que o Supremo Tribunal Federal (STF) declare
nulas as provas obtidas pelo Ministério Público Federal no
apartamento funcional de Gleisi.
No pedido, a Advocacia-Geral do Senado argumentou à
Suprema Corte que o imóvel é de propriedade da Casa e, por isso, está sujeito à
mesma imunidade da sede.
Além disso, o Senado ponderou na petição que seria
impossível dissociar a titularidade dos documentos, objetos e bens apreendidos
na residência de um casal, ainda que o alvo da operação fosse o marido da
senadora do PT.
Diante da reclamação oficial do Senado, o ministro
Celso de Mello, do STF, enviou ofício ao juiz federal Paulo Bueno de Azevedo,
que autorizou os mandados da Operação Custo Brasil, questionando
detalhes de sua decisão que autorizou a busca e apreensão na casa de Gleisi e
Paulo Bernardo.
Família.
Ao longo do discurso de 17 minutos, Gleisi Hoffmann se
emocionou e ficou com a voz embargada em duas ocasiões. Um dos momentos foi
quando ela falou que, nem “em pesadelo”, imaginaria que um dia precisaria subir
à tribuna do Senado para defender o marido.
“Nem em pesadelos eu seria capaz de supor que estaria
aqui, nesta tribuna, para defender meu marido, pais dos meus filhos e de
caminhada política, de uma prisão.
Prisão injusta, ilegal, sem fatos, sem
prova, sem processo, estou sentindo na própria pele, o que aflige,
diariamente, milhares de pessoas, homens e mulheres atingidos pelo abuso do
poder legal e policial", disse a parlamentar do PT.
Gleisi também embargou a voz ao falar dos filhos, que
estavam no apartamento no momento da prisão de Paulo Bernardo. Na ocasião, os
policiais apreenderam o computador de um dos filhos do casal.
“Tentei impedir que levassem o computador. Falou que
iriam devolver o computador no mesmo dia, o que não aconteceu. Foi doloroso
olhar para o meu menino, naquele momento. Buscavam achar dinheiro? Cofres?
Documentos? Não acharam nada, o que provavelmente deve ter frustrado a operação
espetáculo”, reclamou.
Manifestação
de apoio.
Ao chegar ao Senado no início da tarde desta
segunda-feira, Gleisi foi recepcionada por um grupo de cerca de 15 pessoas que
se identificaram como integrantes da entidade Rosas pela Democracia.
Os
manifestantes fizeram um ato de desagravo à parlamentar do PT e gritaram
palavras de apoio, como “senadora Gleisi nos representa!” e “golpistas,
fascistas, não passarão!”
Os integrantes do ato acompanharam a petista até o
momento em que ela entrou no plenário, do Senado para discursar sobre a prisão
do marido.
Ao final do discurso, senadores do PT e do PC do B que
acompanhavam a sessão aplaudiram Gleisi de pé no plenário e usaram os
microfones para prestar solidariedade à senadora.
“Fico muito feliz de vê-la aqui hoje, de cabeça
erguida, olhando no olho do povo brasileiro, aberta ao debate, trazendo os seus
esclarecimentos. Claro, trazendo sua dor diante das injustiças, mas sem medo da
verdade, como é a mulher brasileira”, disse a senadora Fátima Bezerra (PT-RN)
Fonte: G1 – DF.
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