Declaração
à imprensa ocorreu mais de um mês após última entrevista.
Conselho de Ética aprovou parecer pela cassação do mandato de Cunha.
O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), disse nesta terça-feira (21) que o então ministro da Casa Civil
Jaques Wagner ofereceu a ele os três votos do PT no Conselho de Ética, onde o
peemedebista era alvo de investigação, em troca de não deflagrar o processo de
impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Ele disse
ainda que não vai renunciar.
Segundo Cunha, Wagner disse ainda que teria “controle
total” sobre o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA). O
presidente afastado chamou a imprensa para uma entrevista coletiva depois de
mais de um mês sem falar em público.
Na última semana, depois de oito meses de processo, o
Conselho de Ética aprovou o parecer que pede a cassação de Cunha por quebra
decoro parlamentar. Ele é acusado de ter mentido à CPI da Petrobras, em 2015,
quando disse que não tinha contas no exterior.
No início da tramitação no Conselho de Ética, o PT
ainda não havia declarado como iria votar. Depois que o partido declarou
posição contrária a Cunha, no fim de 2015, o peemedebista aceitou pedido para
abrir processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
"Nos três encontros, o Jaques Wagner ofereceu os
votos do PT no Conselho de Ética, e inclusive, chegou ao ponto de oferecer a
manutenção da minha mulher e da minha filha no foro do STF. Ou seja, quem
estava propondo que o PT votasse comigo era o governo, não era eu. Além de soar
como chantagem, o episódio envolvendo minha mulher e filha, eu não acreditava
que elas tinham essa propalada interferência.", afirmou Cunha.
Ele também contestou a versão de que teria aceitado
abrir o processo para afastar Dilma como uma vingança ao PT. Para Cunha, essa
argumentação é "fantasiosa".
Em nota, Wagner disse que, "mais uma vez, Cunha
mente para se fazer de vítima". "Ocorreram três encontros, mas para
tratar da relação do Executivo com o Legislativo e da pauta de votações. O PT
nunca votou nem votará com ele e nem ofereceu apoio", diz a nota.
O G1 entrou em contato com a
assessoria de José Carlos Araújo e aguarda resposta.
Ainda segundo Cunha, os encontros com Wagner
ocorreram, primeiro, na casa do presidente afastado. Depois, na base aérea de
Brasília e, por fim, na residência oficial do então ex-vice presidente da
República, Michel Temer. Cunha disse que Temer o deixou e Wagner "a
sós" para conversar.
"Nos três encontros, que foi um na minha casa,
onde eu o recebi e ele jantou comigo, logo depois da representação no Conselho
de Ética, um encontro que tivemos na Base Aérea, eu chegando no dia 12 de
outubro, que era um feriado. E uma semana depois, no Palácio do Jaburu, onde o
Michel Temer havia me convidado para ir lá e disse que o Jaques queria ter uma
conversa comigo. Chamou o Jaques Wagner e me deixou a sós com ele, inclusive
ele Temer saiu para não participar da conversa", relatou Cunha.
Fonte: G1 – DF.
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