Irany Varella foi diretor durante o governo FHC e arrecadou propina, disse.
Senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirma que delação é 'falsa e absurda'.
O ex-deputado federal Pedro Corrêa afirmou em
depoimentos para firmar acordo de delação premiada que Aécio Neves (PSDB-MG)
foi responsável pela indicação do antecessor de Renato Duque na Diretoria de
Serviços da Petrobras durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Segundo
Corrêa, o indicado era Irany Varella, que era responsável por arrecadar propina
com empresários.
Os depoimentos de Corrêa já foram prestados, mas a
delação ainda não foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). São mais
de 70 anexos de colaboração. Se o acordo for aceito, Corrêa pagará multa e
poderá passar a cumprir prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
Em um destes anexos, Corrêa diz que tanto partidos da
base aliada, quanto os da maior parte da oposição, eram “devedores aos
empresários que financiavam suas eleições”. Desta forma, os diretores da
Petrobras indicados pelos políticos “facilitavam os seus negócios e cobravam
propina para distribuir aos partidos políticos”.
“No governo de Fernando Henrique Cardoso, por exemplo,
o Diretor de Serviços era Irany Varella, indicado na época pelos deputados
Aécio Neves (PSDB-MG), Alexandre Santos (PMDB-RJ), e Paulo Feijó (PMDB-RJ)”,
afirmou o ex-parlamentar.
O operador de Varella, de acordo com Corrêa, era um
genro que consegui a propina com os empresários para distribuir entre os
padrinhos políticos.
Conforme Corrêa, Irany Varella foi substituído no
governo Lula por Renato Duque na Diretoria de Serviços. Duque já foi condenado
a mais de 50 anos de prisão em três processos de primeira instância na Operação
Lava Jato, e ainda é réu em outras ações penais.
<O juiz Sérgio Moro o condenou
pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa
pela atuação dele na diretoria da estatal.
Em nota, o senador tucano afirmou que a afirmação é
falsa e absurda. Leia na íntegra:
"As afirmações são falsas e absurdas. O senador
Aécio Neves não fez a indicação mencionada. O delator é desprovido de qualquer
credibilidade. É preciso que se aprofundem as investigações sobre as motivações
daqueles que têm mentido em suas delações premiadas. A reputação de pessoas não
pode ficar refém da inescrupulosa conveniência de delatores."
Delações
contra Aécio.
O senador Aécio Neves já foi citado em outros
depoimentos de delatores da Lava Jato, mas esta é a primeira vez que ele é
vinculado a um esquema de corrupção na Petrobras.
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado contou a
investigadores que Aécio Neves recebeu R$ 1
milhão em recursos ilícitos e em dinheiro para a campanha eleitoral que o elegeu
deputado federal em 1998.
Segundo o executivo, o tucano foi o candidato que
recebeu a maior parcela de cerca de R$ 7 milhões de reais arrecadados de forma
ilegal à época para eleger o maior número possível de deputados federais do
PSDB.
<No depoimento, Sérgio Machado também disse ter ouvido
do ex-ministro das Comunicações Sérgio Motta, morto em 1998, que Aécio era
padrinho do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo. "Todos do PSDB sabiam que
Furnas prestava grande apoio ao deputado Aécio", afirmou.
Segundo Machado, Toledo também teria contribuído com
recursos para eleger a bancada do PSDB em 1998 e que parte do dinheiro para a
eleição de Aécio à presidência da Câmara em 2000 veio de Fumas, subsidiária da Eletrobrás
na produção de energia elétrica.
Em delação premiada, o senador cassado Delcídio do
Amaral também disse ter ouvido dizer que Aécio
receberia propinas por intermédio de Dilmas Toledo, a partir de dinheiro
desviado em contratos com empresas terceirizadas.
A suspeita levou à abertura de inquérito sobre o
senador, sob relatoria do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal
(STF).
Sobre esse caso, a defesa de Aécio nega o recebimento de propinas. Alega
que os delatores apenas teriam ouvido falar do envolvimento do nome do senador
em corrupção em Furnas, "sem conhecimento pessoal de fatos".
No acordo de delação premiada, Delcídio do Amaral
também afirmou que os dados fornecidos pelo extinto Banco Rural à CPI dos
Correios atingiriam o senador Aécio Neves “em cheio” se não tivessem sido
“maquiados” pela instituição financeira.
Em seu depoimento, Delcídio disse que, quando a CPI
dos Correios autorizou a quebra de sigilo de pessoas e empresas, entre elas o
Banco Rural, surgiu “certo incômodo” por parte do PSDB, incluindo o então
governador Aécio Neves.
Ainda segundo Delcídio, Aécio enviou emissários à CPI
para que o prazo de entrega das quebras de sigilo fosse “delongado”, sob a
justificativa de que não haveria tempo hábil para preparar as respostas à
comissão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário