Vinícius
Borin, delator da Lava Jato, diz que cuidou da abertura das contas.
Ele falou sobre o funcionamento do setor de repasses de propina do grupo.
A operação Lava Jato tem três novos delatores, todos
sócios em uma empresa de consultoria. Um deles, Vinícius Borin, já prestou
depoimento e falou sobre contas fora do Brasil, abertas por ele, e que seriam
usadas pelo grupo Odebrecht para
pagamento de propina.
Vinícius Veiga Borin é sócio de uma consultoria e foi
representante de dois bancos com sede no Caribe. No primeiro depoimento da
delação, ele disse que movimentava dinheiro no exterior, a pedido de operadores
ligados ao grupo Odebrecht.
Vinicius Borin afirmou aos procuradores que um
operador, ligado à Odebrecht, pediu que ele abrisse contas para fazer a
movimentação financeira das obras da empresa no exterior.
Com a operação Lava
Jato em curso, Vinícius conta que percebeu que as transações não eram feitas
com fornecedores. Disse que não pode afirmar que 100% dos pagamentos eram
ilícitos, mas que grande parte, sim. Falou também que percebeu isso ao
verificar que o dinheiro que caía nas contas abertas por ele, não vinha de
fornecedores, mas de outras empresas no exterior, controladas pela própria
Odebrecht.
O Ministério Público já havia identificado oito
contas, em oito países, que, segundo as investigações, são da Odebrecht e foram
usadas para pagar propina. Por elas passou, entre 2006 e 2014, mais de R$ 1
bilhão.
Entre os destinatários identificados estão
ex-funcionários da Petrobras, o ex-marqueteiro do PT, João Santana e a esposa
dele, Monica Moura. Executivos da Odebrecht sempre negaram ter conhecimento das
contas.
O delator declarou que a preocupação com os documentos
das contas era tanta, que executivos da Odebrecht chegaram a pensar em comprar
um dos bancos, fechá-lo e sumir com a documentação.
Vinícius Borin foi um dos alvos da Lava Jato na fase
que investiga o chamado setor de operações estruturadas da Odebrecht. Segundo o
Ministério Público, esse departamento era usado somente para pagar propina.
Na delação, Vinícius contou que, para não despertar
suspeitas, os integrantes do esquema usavam apelidos e códigos para organizar e
distribuir os repasses. Também utilizavam um sistema de computador criado
somente para isso. O delator disse que era obrigatória a utilização desse
sistema para a comunicação entre os operadores e os executivos da Odebrecht.
Cada operador tinha um apelido e o dele era, inicialmente, "Feeling".
Depois, por conta da Lava Jato, mudou para "Mustang".
Vinícius Borin disse, ainda na delação, que nunca teve
contato com o ex-presidente do grupo, Marcelo Odebrecht. Mas que
acredita que ele sabia dos pagamentos ilegais, por causa do volume de dinheiro
que circulava e da estrutura criada dentro da empresa.
Marcelo Odebrecht está preso há 1 ano. O Ministério
Público diz que era ele quem comandava o setor da Odebrecht de pagamento de
propina. Marcelo já foi condenado a 19 anos de prisão e responde a mais duas
ações. Ele tenta um acordo de delação premiada, junto com executivos da
Odebrecht. As negociações são sigilosas.
O advogado de João Santana disse que o publicitário
vai esclarecer estas questões durante o processo.
A defesa de Paulo Roberto Costa disse que ele já se
manifestou em delação e não tem nada a acrescentar.
Os advogados de Marcelo Odebrecht, do Grupo Odebrecht,
de Mônica Moura e de Pedro Barusco, não se manifestaram.
A equipe de reportagem não conseguiu contato com o
advogado de Renato Duque.
Fonte: G1 – PR.
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