POLÍCIA FEDERAL PRENDE 14 POR FRAUDE DE R$ 180 MILHÕES NA LEI
ROUANET.
<Grupo
atuou por 20 anos no Minc e desviou cerca de R$ 180 milhões.14 pessoas foram presas, entra elas um produtor cultural. (que safadeza!)
A Polícia Federal prendeu 14 pessoas na manhã desta
terça-feira (28) em São Paulo, Brasília e Rio de
Janeiro, durante operação que apura desvios de recursos
federais em projetos culturais com benefícios de isenção fiscal previstos na
Lei Rouanet.
Segundo as investigações da Operação Boca Livre, um
grupo criminoso atuou por quase 20 anos no Ministério da Cultura e conseguiu
aprovação de R$ 180 milhões em projetos fraudulentos. Boca Livre é uma
expressão que significa festa onde se come e bebe às custas de outras pessoas.
O desvio ocorria por meio de diversas fraudes, como
superfaturamento, apresentação de notas fiscais relativas a serviços e produtos
fictícios, projetos duplicados e contrapartidas ilícitas realizadas às
incentivadoras.
Os donos da produtora Bellini Cultural e o produtor
cultural Fábio Ralston estão entre os presos já levados para a sede da Polícia Federal de São
Paulo, na Zona Oeste da capital paulista.
Os presos devem responder pelos crimes de organização
criminosa, peculato, estelionato contra União, crime contra a ordem tributária
e falsidade ideológica, cujas penas chegam a doze anos de prisão.
Festas
particulares.
A Polícia Federal concluiu que diversos projetos de teatro itinerante voltados para crianças e adolescentes carentes deixaram de ser executados, assim como livros deixaram de ser doados a escolas e bibliotecas públicas.
Os suspeitos usaram o dinheiro público para fazer
shows com artistas famosos em festas privadas para grande empresas, livros
institucionais e até a festa de casamento de um dos investigados na Praia de
Jurerê Internacional, em Florianópolis, Santa
Catarina. A festa de casamento era de Carolina Monteiro e Felipe Amorim e teve
a presença de um cantor sertanejo.
Mandados
judiciais,
Além das 14 prisões temporárias, 124 policiais federais cumpriram 37 mandados de busca e apreensão, em sete cidades no estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
O inquérito policial foi instaurado em 2014, após a PF
receber documentação da Controladoria-Geral da União sobre desvios de recursos
relacionados a projetos aprovados com o benefício fiscal.
A Justiça Federal inabilitou algumas pessoas jurídicas
para impedi-las de apresentar projetos culturais no MinC e na Secretaria da
Cultura do Estado de São Paulo. Também foi
realizado o bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens como imóveis e
veículos de luxo.
Entre os alvos da operação, estão o Ministério da
Cultura,o escritório Demarest Advogados, a empresas Scania, Roldão, Intermédica
Notre Dame, Laboratório Cristalia, KPMG, Lojas CEM, Nycomed Produtos
Farmacêuticos e Cecil.
O que
dizem os suspeitos.
O escritório Demarest Advogados informou por meio de nota,
que o objetivo da visita dos policiais "foi a solicitação de documentos e
informações relacionados a empresas de marketing de eventos que prestaram
serviços ao escritório no âmbito da Lei Rouanet".
"O escritório
enfatiza que não cometeu qualquer irregularidade, e informa que colaborou e
continuará a colaborar com a investigação", diz a nota.
A empresa Roldão disse que contratou "a Bellini
Eventos Culturais para a realização de dois projetos culturais e que, na manhã
desta terça-feira (28), teve que apresentar à Polícia Federal documentação
referente a esses serviços".
"A empresa informa que não é alvo da operação e
que já entregou à força-tarefa todos os documentos solicitados.
Por fim,
reforça que está colaborando com a investigação, à disposição de todas as
autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos e que não admite qualquer
tipo de irregularidade ou ilegalidade em suas atuações", diz a nota.
A Scania informou que tomou conhecimento pela manhã da
operação Boca Livre e "que está colaborando integralmente com a
investigação e à disposição das autoridades".
A KPMG no Brasil disse que não é objeto de
investigação. "O fato da PF comparecer ao nosso escritório se deu pelo
cumprimento de diligência para coletar documentos referentes a contratos com
empresas de publicidade e propaganda (alvos da investigação) e que prestaram
serviços para a KPMG no apoio a projetos culturais", diz nota.
"A KPMG, certa de que não cometeu qualquer ato
ilícito, está e continuará a contribuir com as autoridades de maneira
transparente para o fornecimento das informações necessárias".
A empresa Lojas CEM afirmou que "deu todo o apoio
ao bom andamento da diligência e comprometeu-se a prestar toda a colaboração
necessária para o esclarecimento dos fatos. Informamos que os projetos
culturais nos quais investimos foram feitos, de nossa parte, dentro da mais
absoluta regularidade. Como sempre, a postura da Lojas CEM com todas as pessoas
e instituições com as quais se relaciona é de total transparência e completa
lisura."
As demais empresas foram procuradas nesta manhã pelo G1,
mas até a última atualização desta reportagem não haviam comentado.
Entenda a
lei;
A Lei Rouanet foi criada em 1991, durante o governo Fernando Collor (PTC/AL). A legislação permite a captação de recursos para projetos culturais por meio de incentivos fiscais para as empresas e pessoas físicas.
A Lei Rouanet permite,
por exemplo, que uma empresa destine parte do dinheiro que iria gastar com
impostos para financiar propostas aprovadas pelo Ministério da Cultura.
Até abril deste ano, cerca de 100 mil projetos
obtiveram autorização para captar via Lei Rouanet, ou 83% dos que foram
apresentados, segundo o Ministério da Cultura. Desses, 47 mil fizeram captação
efetivamente, totalizando quase R$ 15 bilhões investidos.
Laboratório.
Segundo a PF, a Operação Boca Livre foi a primeira a utilizar o Laboratório de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro de São Paulo, que cruza milhares de dados e informações.
O laboratório será utilizado também na análise do material
apreendido pela Polícia Federal.
Fonte: G1 – DF.
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