quinta-feira, 16 de junho de 2016

IMPERATIVO DA CORRUPÇÃO: SÉRGIO E SUA DELAÇÃO


SÉRGIO MACHADO DIZ TER REPASSADO PROPINA A MAIS DE 20 POLÍTICOS.


Delator da Lava Jato citou políticos de PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PCdoB.
Segundo ex-presidente da Transpetro, pedidos eram enviados a construtoras.


O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou a investigadores da Operação Lava Jato, em depoimentos de delação premiada, ter repassado propina a mais de 20 políticos de 6 partidos. O novo delator da Lava Jato contou aos procuradores da República sobre pedidos de doações eleitorais de parlamentares de PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PC do B.

O acordo, que pode reduzir eventuais penas de Machado, em caso de condenação, foi homologado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

A íntegra da delação premiada de Machado, de 400 páginas, foi tornada pública no início da tarde desta quarta-feira (15).
Alguns destaques:


- Machado diz que repassou propina a mais de 20 políticos ao longo de 11 anos

- a propina, segundo ele, ela paga por meio de doações eleitorais oficiais;

- alguns políticos também receberam dinheiro em espécie, diz ele;

- Machado diz que Michel Temer pediu doação de R$ 1,5 milhão para
Gabriel Chalita.

Segundo o ex-dirigente da subsidiária da Petrobras, os pedidos de doações eram repassados por ele a empreiteiras contratadas pela estatal do petróleo. O PMDB, responsável pela indicação de Machado, teria arrecadado R$ 100 milhões, informou o delator.

Entre os políticos que teriam pedido doações, afirmou Machado, estão o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA), Romero Jucá (PMDB-RR) e Edison Lobão (PMDB-MA), além do ex-presidente da República José Sarney.

Machado disse que os cinco foram os responsáveis por sua indicação para o comando da Transpetro, que presidiu entre 2003 e 2014. Teriam recebido propina tanto por meio de doações eleitorais quanto em espécie.

Entre membros do PMDB, também teriam recebido propina, na forma de doações, Valdir Raupp (PMDB-RO), Garibaldi Alves (PMDB-RN), o deputado Walter Alves (PMDB-RN), o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves.

Entre os políticos do PT estão Cândido Vaccarezza (PT-SP), Luiz Sérgio (PT-RJ), Edson Santos (PT-RJ), Ideli Salvatti (PT-SC), Jorge Bittar (PT-RJ). Também citou Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e o vice-governador do Rio de Janeiro Francisco Dornelles (PP-RJ).

Outros nomes citados foram do deputado Heráclito Fortes (ex-DEM, hoje no PSB-PI), do ex-senador já falecido Sérgio Guerra (PSDB-PE), do senador José Agripino Maia (DEM-RN) e do deputado federal Felipe Maia (DEM-RN).

"Embora a palavra propina não fosse dita, esses políticos sabiam, ao procurarem o depoente, não obteriam dele doação com recursos do próprio, enquanto pessoa física, nem da Transpetro, e sim de empresas que tinham relacionamento contratual com a Transpetro", disse Machado na delação.

Por meio de nota, Jader Barbalho chamou Sérgio Machado de "canalha que roubou a Transpetro de todas as formas".

"Somos incompatíveis desde que deixei o Senado em 2001. Não falo e nem tenho nenhum tipo de aproximação com ele há 15 anos. Jamais recebi nenhum tipo de favor desse canalha. Estou à disposição da Justiça para verificação de minha conta bancária", escreveu o senador do PMDB no comunicado.

O G1 também entrou em contato com as assessorias de Renan, Jucá, Sarney, Lobão, Francisco Dornelles, Cândido Vaccarezza e Jandira Feghali, mas até a última atualização desta reportagem não havia obtido resposta.

O G1 ainda não conseguiu contato com Henrique Alves, Garibaldi Alves, Valter Alves, Valdir Raupp, Luis Sérgio, Edson Santos, Ideli Salvatti, Jorge Bittar, Agripino Maia, Felipe Maia, Heráclito Fortes e com a direção nacional do PSDB.
Temer e Chalita.


Sérgio Machado também relatou em sua delação premiada que o presidente em exercício,
Michel Temer, pediu a ele que obtivesse doações oficiais para o ex-deputado federal Gabriel Chalita para a campanha a prefeito de São Paulo em 2012.

Em depoimento aos investigadores da Lava Jato, o ex-dirigente da Transpetro narrou um encontro que teve com Temer em setembro daquele ano. Na ocasião, eles teriam acertado o valor de R$ 1,5 milhão para a campanha de Chalita, pagos, segundo ele, pela construtora Queiroz Galvão ao diretório do PMDB.

"O contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente Machado era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita", diz trecho da delação.

Machado explicou que fez contato diretamente com os executivos da empreiteira Ricardo Queiroz Galvão e Idelfonso Colares. O valor, acrescentou, era oriundo do pagamento de vantagem indevida pela Queiroz Galvão  de contratos que ela possuía junto a Transpetro.

Em conversa gravada com Sarney e revelada no fim de maio, Machado menciona o encontro com Temer, que segundo ele serviu para discutir contribuições à campanha do "menino", que para os investigadores era Gabriel Chalita.

Na ocasião, Temer negou que tenha pedido doação a Machado para Chalita. Ele disse também que não foi candidato nas eleições municipais de 2012 e não recebeu nenhuma contribuição. Michel Temer disse também que nunca se encontrou em lugar inapropriado com Sérgio Machado.
Fonte: G1 – DF.

Nenhum comentário:

Postar um comentário