SÉRGIO MACHADO DIZ TER REPASSADO PROPINA A MAIS DE 20 POLÍTICOS.
Delator
da Lava Jato citou políticos de PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PCdoB.
Segundo ex-presidente da Transpetro, pedidos eram enviados a construtoras.
O ex-presidente da Transpetro Sérgio
Machado afirmou a investigadores da Operação Lava Jato, em depoimentos de
delação premiada, ter repassado propina a mais de 20 políticos de 6 partidos. O
novo delator da Lava Jato contou aos procuradores da República sobre pedidos de
doações eleitorais de parlamentares de PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PC do B.
O acordo, que pode reduzir eventuais penas de Machado,
em caso de condenação, foi homologado pelo ministro Teori Zavascki, relator da
Lava Jato no Supremo
Tribunal Federal (STF).
A íntegra da delação premiada de Machado, de 400
páginas, foi tornada pública no início da tarde desta quarta-feira (15).
Alguns
destaques:
- Machado diz que repassou propina a mais de 20 políticos ao longo de 11 anos
- a propina, segundo ele, ela paga por meio de
doações eleitorais oficiais;
- alguns políticos também receberam dinheiro em
espécie, diz ele;
Segundo o ex-dirigente da subsidiária da Petrobras, os pedidos
de doações eram repassados por ele a empreiteiras contratadas pela estatal do
petróleo. O PMDB, responsável pela indicação de Machado, teria arrecadado R$
100 milhões, informou o delator.
Entre os políticos que teriam pedido doações, afirmou
Machado, estão o presidente do Senado, Renan
Calheiros (AL), os senadores Jader
Barbalho (PMDB-PA), Romero Jucá (PMDB-RR) e
Edison Lobão (PMDB-MA),
além do ex-presidente da República José Sarney.
Machado disse que os cinco foram os responsáveis por
sua indicação para o comando da Transpetro, que presidiu entre 2003 e 2014.
Teriam recebido propina tanto por meio de doações eleitorais quanto em espécie.
Entre membros do PMDB, também teriam recebido propina,
na forma de doações, Valdir Raupp (PMDB-RO), Garibaldi Alves
(PMDB-RN), o deputado Walter Alves (PMDB-RN), o ministro do Turismo, Henrique
Eduardo Alves.
Entre os políticos do PT estão Cândido Vaccarezza (PT-SP),
Luiz Sérgio (PT-RJ), Edson Santos (PT-RJ), Ideli Salvatti (PT-SC), Jorge Bittar
(PT-RJ). Também citou Jandira
Feghali (PCdoB-RJ) e o vice-governador do Rio de Janeiro
Francisco Dornelles (PP-RJ).
Outros nomes citados foram do deputado Heráclito
Fortes (ex-DEM, hoje no PSB-PI), do
ex-senador já falecido Sérgio Guerra (PSDB-PE), do senador José Agripino Maia (DEM-RN) e do deputado federal Felipe Maia (DEM-RN).
"Embora a palavra propina não fosse dita, esses
políticos sabiam, ao procurarem o depoente, não obteriam dele doação com
recursos do próprio, enquanto pessoa física, nem da Transpetro, e sim de empresas
que tinham relacionamento contratual com a Transpetro", disse Machado na
delação.
Por meio de nota, Jader Barbalho chamou Sérgio Machado
de "canalha que roubou a Transpetro de todas as formas".
"Somos incompatíveis desde que deixei o Senado em
2001. Não falo e nem tenho nenhum tipo de aproximação com ele há 15 anos.
Jamais recebi nenhum tipo de favor desse canalha. Estou à disposição da Justiça
para verificação de minha conta bancária", escreveu o senador do PMDB no
comunicado.
O G1 também entrou em contato com as
assessorias de Renan, Jucá, Sarney, Lobão, Francisco Dornelles, Cândido
Vaccarezza e Jandira Feghali, mas até a última atualização desta reportagem não
havia obtido resposta.
O G1 ainda não conseguiu contato com
Henrique Alves, Garibaldi Alves, Valter Alves, Valdir Raupp, Luis Sérgio, Edson
Santos, Ideli Salvatti, Jorge Bittar, Agripino Maia, Felipe Maia, Heráclito
Fortes e com a direção nacional do PSDB.
Temer e
Chalita.
Sérgio Machado também relatou em sua delação premiada que o presidente em exercício, Michel Temer, pediu a ele que obtivesse doações oficiais para o ex-deputado federal Gabriel Chalita para a campanha a prefeito de São Paulo em 2012.
Em depoimento aos investigadores da Lava Jato, o
ex-dirigente da Transpetro narrou um encontro que teve com Temer em setembro
daquele ano. Na ocasião, eles teriam acertado o valor de R$ 1,5 milhão para a
campanha de Chalita, pagos, segundo ele, pela construtora Queiroz Galvão ao
diretório do PMDB.
"O contexto da conversa deixava claro que o que
Michel Temer estava ajustando com o depoente Machado era que este solicitasse
recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma
de doação oficial para a campanha de Chalita", diz trecho da delação.
Machado explicou que fez contato diretamente com os
executivos da empreiteira Ricardo Queiroz Galvão e Idelfonso Colares. O valor,
acrescentou, era oriundo do pagamento de vantagem indevida pela Queiroz
Galvão de contratos que ela possuía junto a Transpetro.
Em conversa
gravada com Sarney e revelada no fim de maio, Machado menciona o encontro com Temer,
que segundo ele serviu para discutir contribuições à campanha do
"menino", que para os investigadores era Gabriel Chalita.
Na ocasião, Temer negou que tenha pedido doação a
Machado para Chalita. Ele disse também que não foi candidato nas eleições
municipais de 2012 e não recebeu nenhuma contribuição. Michel Temer disse
também que nunca se encontrou em lugar inapropriado com Sérgio Machado.
Fonte: G1 – DF.
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