terça-feira, 21 de junho de 2016

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - TERÇA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2016

COMENTÁRIO
SCARCELA JORGE

O ESQUEMA DA CORRUPÇÃO COMUM.

Nobres:
Para nossa ponderação, foi Sérgio Machado o mais “didático” do que outros delatores. Explicou minuciosamente que o esquema ilícito de financiamento de campanhas eleitorais e de enriquecimento de políticos e servidores corruptos vem funcionando a pleno e de forma tão esquematizada, que os empresários prestadores de serviços ao governo já moldavam seus orçamentos com a incorporação do chamado custo político o pagamento de propina aos padrinhos dos diretores de empresas do governo, mediante a garantia de novos contratos. Nem é preciso dizer que os valores das propinas eram incluídos no custo do serviço prestado, de modo que a estatal e o contribuinte brasileiro pagavam a conta superfaturada. O novo candidato a delator-geral da República também foi tristemente irreverente e irônico ao afirmar que "a Petrobras é a nadame mais honesta dos cabarés do Brasil". E justificou a ironia nomeando vários órgãos estatais que utilizariam práticas menos ortodoxas de corrupção, o que os investigadores têm o dever de aferir. Essas revelações, somadas a tantas outras já apuradas pela Operação Lava-Jato, evidenciam que o estágio de degradação ética atingido pela política brasileira só será revertido com reformas radicais e com a punição exemplar dos envolvidos. A corrupção generalizada também evidencia a fragilidade e a inoperância dos mecanismos de controle da administração pública, sejam eles os conselhos fiscais e administrativos das estatais ou os tribunais de contas e cortes judiciais. Quando um juiz ou um procurador-geral da República se destacam no enfrentamento de corruptos e corruptores, os cidadãos ficam no direito de indagar: por que outras autoridades com iguais atribuições não fizeram o mesmo, incluindo antecessores e atuais? Talvez a conseqüência natural que possa empreender para minimizar ações imorais, se tornou insuportável para a sociedade.

Antônio Scarcela Jorge.

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