domingo, 4 de maio de 2014

SUCESSÃO ESTADUAL - CE

 POLÍTICA CEARENSE
– DN.

Edison Silva


OPOSIÇÃO NO MELHOR MOMENTO.

As atenções se voltam para discurso de Eunício.

Sem se constituir surpresa, mesmo assim saída do PMDB do Governo abala a aliança dos governistas.

O desgaste natural de dois governos seguidos e o esgarçamento da aliança, até bem pouco hegemônica, fragilizam a estrutura política do Governo cearense, ao tempo que se tornam importantes elementos de fortalecimento das oposições. Se competentes, pensando no coletivo, portanto, sem individualismo soberbo, este é o melhor momento dos adversários do grupo de Cid Gomes (PROS) caminharem em busca do Poder. A oficialização da saída do PMDB do Governo, apesar de não se constituir surpresa para muitos, e ter demorado demais, sem dúvida abala a estrutura governista.

Integrantes da situação apontam vários nomes para disputar a sucessão estadual, mas, no fundo, ainda não tem nenhum. Se têm é só na mente do governador, ainda muito fechada em relação à escolha de um candidato da sua aliança.

A falta de entendimento, no início do mês passado, para permitir a saída de Cid do Governo, ganhando mais força para comandar a campanha deste ano, foi a primeira real dificuldade para a formatação de uma estratégia que superasse as dificuldades reais.

O senador Eunício Oliveira, de fato, já estava rompido com o Governo há algum tempo. Suas incursões pelo Interior, acobertadas pelos encontros regionais do partido, por ele programado com a finalidade de difundir o seu nome como candidato ao Governo, incomodava o chefe do Executivo cearense, de quem Eunício queria apoio para sua empreitada.

Reservas

O avançar da mobilização do senador foi afastando cada vez mais os dois, até, finalmente se encararem no fim de março passado, como registramos aqui no dia 30 daquele mês.

Naquela oportunidade, nós afirmamos ter sido a conversa de Cid com Eunício, fria, rápida, mas extremamente esclarecedora quanto ao fato de que este não terá o apoio daquele na sua pretensão de ser candidato ao Governo do Ceará.

Com reservas, um e outro não queriam ser apontados como o responsáveis pelo rompimento de uma aliança nascida em 2006 com a primeira eleição do governador e continuada até o pleito municipal passado. Mas ambos estavam preparados para aquele último encontro, pois sabiam o que diriam e escutariam um do outro.

Em fevereiro, também neste mesmo espaço, nos reportamos ao rompimento. Naquela oportunidade, dissemos que o senador Eunício Oliveira, ainda não afirmava estar fora da aliança liderada pelo governador Cid Gomes, o que pretendia fazê-lo, preferencialmente, na primeira quinzena de abril, passado o prazo da desincompatibilização, pois havia a perspectiva de Cid se afastar do cargo para garantir a elegibilidade do irmão Ciro Gomes. Eunício Oliveira atrasou em um mês o momento de explicitar o seu rompimento.

Atrelamento

E esta demora lhe reclama, agora, mais agilidade e desprendimento para conseguir fechar uma aliança partidária e reunir os companheiros para a chapa majoritária. Nada de tão difícil, se também houver compreensão daqueles defensores da alternância.

Ele, dentre os raros nomes de oposicionistas, é o que melhor reúne as qualidades e meios indispensáveis a um candidato a cargo majoritário, principalmente no lado oposto ao da situação. O seu atrelamento indissociável à reeleição da presidente Dilma Rousseff, como dizem alguns dos seus aliados, talvez precise ser revisto para facilitar negociações com outros partidos.

A presidente muito pouco ou quase nada terá a lhe oferecer na disputa local. São explícitas as manifestações de apoio ao candidato a ser apresentado pelo governador e ela não deixará de vir ao Ceará, no curso da campanha, para prestigiá-lo e garantir a votação que lhe é prometida.

A parte do PT rompida com Cid, liderada pela ex-prefeita Luizianne Lins, o senador José Pimentel, o deputado federal Eudes Xavier, o deputado estadual Antônio Carlos, uns dois vereadores do partido na Capital, e alguns outros petistas, encontram no senador um forte adversário do inimigo comum, Cid Gomes, portanto, confrontando a orientação partidária, para o sucesso da campanha de Eunício vão trabalhar com a intensidade que o ambiente permitir, mesmo oficialmente o partido estando ao lado do nome aprovado pelo Palácio da Abolição.

As atenções agora se voltam para o discurso do candidato Eunício Oliveira. É muito pouco dizer que o Estado precisa de uma administração diferente. Ao eleitor, e aos demais cearenses, precisa se dizer quais mudanças devem ser empreendidas na gestão estadual, justificando-as todas, a partir dos setores mais sensíveis como são os da Educação, Saúde e Segurança, esta a de maior visibilidade em razão da insegurança reinante e crescente em todos os pontos do Ceará.

O candidato que for confrontar o do governador também precisa mostrar fortaleza. E sem tibieza deve explicitar as suas prioridades nos demais setores. Depois das últimas administrações estaduais, o cearense não se contentará com discursos simples, vazios, eleitoreiros. O Estado, ainda devendo muito a seus habitantes, já oferece algo mais a motivar novas cobranças por melhores serviços e projetos que permitam satisfazer as necessidades do seu povo, hoje e futuramente.

*Edison Silva – jornalista – editor de política do jornal Diário do Nordeste.

Publicado na edição de hoje, 04 de maio de 2014. – coluna política.

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