terça-feira, 27 de maio de 2014

COMENTÁRIO - JORNALISTA EDUARDO FONTES

COLUNA
IDÉIAS - OPINIÃO. DN.

Prática cruel

Fenômeno presente e cada vez comum no noticiário da imprensa brasileira, o linchamento se caracteriza pela violência sem limites cometida por coletividade de pessoas contra o autor ou suposto autor de crime considerado bárbaro ou contra o patrimônio, apanhado em flagrante. Em países civilizados, o linchamento talvez seja incomum, pois a prática está disseminada em países atrasados. No caso do Brasil os linchamentos, vitimando inclusive inocentes, confundidos com criminosos ou bandidos, decorrem da descrença do homem médio, para usar expressão do direito, na ação do governo para punir os autores dos crimes, os quais permanecem sem autoria definida, sem apuração e sem castigo. Muitos criminosos, com larga ficha de crimes, continuam soltos e impunes, praticando novos delitos, beneficiados por habeas-corpus ou fugas, facilitadas muitas vezes, sempre em prejuízo da sociedade. O povo está cansado de ser bode expiatório de todas as desgraças, oficiais ou não, e se impacienta facilmente, como se observa agora com as depredações de ônibus e de trens de um serviço público de segunda categoria. Assim também com os linchamentos. Sem aviso prévio, a explosão popular irrompe, como fogo no mato seco. O homem primitivo acorda, e ei-lo a fazer justiça com as próprias mãos, na defesa de sua vida e segurança, consideradas em perigo pelo subconsciente coletivo. Se os ladrões fossem presos a começar dos altos escalões; os criminosos apenados, e não soltos, a impunidade não incentivasse a escalada dos crimes, os linchamentos seriam raros, e os autores responderiam pesadamente por eles.

Eduardo Fontes.

Jornalista e administrador.

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