COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
CONJUNTURA GERAL DE REPRESENTATIVIDADE.
Nobres:
A tendência,
evidenciada nas manifestações de rua a partir de junho do ano passado, é
preocupante, e não apenas pela perspectiva de aumento no número de paralisações
para aproveitar a visibilidade da Copa. O direito de greve é uma conquista das
sociedades democráticas. Ainda assim, empregados, empregadores e governantes
precisam ter interlocutores claros e legitimados. Sem o atendimento dessas
exigências mínimas, o risco é de que todos percam e os prejuízos são maiores
para quem depende dos serviços paralisados. Aqui não há greve, mas há serviços
praticamente paralisados em função da inercia e inabilidade de gestão. Em
termos mais acentuados e a todos os níveis de governo, também o problema
ocorre, entre outras razões, porque, embora aleguem defender interesses de
diferentes categorias, na prática os sindicatos se voltam cada vez mais para
questões políticas e disputas de cargos em órgãos governamentais. Mesmo com as
mudanças instituídas pela Constituição de 1988, a atuação desses organismos
mudou pouco desde a Era Vargas. Com raras exceções, essas instituições estão
mais a serviço de governos e de partidos políticos do que de seus filiados,
numa clara deformação de suas atribuições. E tudo isso é bancado pelo imposto
sindical pago anualmente pelos trabalhadores, equivalente a um dia de salário,
reforçado por contribuições criadas mais recentemente. O aprofundamento desse
peleguismo, gerado por um modelo ultrapassado e autoritário, tornou-se mais
visível com a popularização do acesso a redes sociais. Em consequência, há uma
crescente insurreição de integrantes das chamadas bases contra os dirigentes.
Na prática, isso significa que um acordo fechado num dia pode não valer nada no
outro. As entidades de defesa dos interesses de categorias específicas precisam
se adequar à realidade, buscando mais pluralismo e independência em relação ao
poder público. A falência do modelo sindical brasileiro é danosa para a
democracia, que precisa de interlocutores representativos para garantir o
cumprimento de acordos. Hoje dirigentes sindicais “alugam compadrios” para
ocupar assessorias de governo, tanto no âmbito dos municípios é clarividência
nas respectivas composições de assessorias e Pastas, estabelecendo uma visão de
subserviência, onde deveria ser mérito, contraditoriamente irrelevante e se
torna desconhecido.
Antônio Scarcela
Jorge.
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