INTERESSE PESSOAL A TODA HORA.
LIDERANÇAS POLÍTICAS
INTERESSES PESSOAIS PAUTAM APOIOS.
Os acordos e a formação de dobradinhas entre candidatos quase sempre
passam ao largo das próprias siglas.
Na medida que o Calendário
Eleitoral se aproxima, vereadores, deputados e demais políticos se articulam
intensamente na procura de apoios visando o sucesso eleitoral. Após uma análise
desse cenário, cientistas políticos avaliam como um comportamento comum o ato
de deixar a ideologia partidária em segundo plano para buscar a manutenção de
alianças que possibilitem uma maior atração de votos.

No Parlamento estadual não é
diferente, já que o deputado estadual Augustinho Moreira (PV) antecipou que não
tentará a reeleição, mas que apoiará as candidaturas de Tin Gomes (PHS) para a
Assembleia e de Adail Carneiro (PHS) para a Câmara dos Deputados, apesar de
ambos não fazerem parte do mesmo partido do parlamentar.
Amizades
Na avaliação do cientista
político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB), os exemplos
citados denunciam não somente a fragilidade ideológica dos partidos brasileiros
como explicitam o modo como as relações pessoais influenciam a política e ditam
os critérios para a formação das alianças.
"Com esses exemplos, você
também pode concluir que as amizades na política são muito mais fortes que
qualquer sentimento de fidelidade partidária. E esse retrato não mostra só a
fragilidade ideológica que toma conta dos partidos brasileiros, mas revela
muito mais a forma como as relações pessoais influenciam a política",
ressaltou o especialista.
David Fleischer acredita que a
própria classe política reconhece a influência do padrinho na escolha do
eleitor. O professor da UnB lembrou o papel do ex-presidente Lula nas eleições
municipais como um exemplo da importância desses personagens na formação das
alianças.
"Na última eleição, o
ex-presidente Lula deu claros sinais de como o apoio de um padrinho político é
mais importante do que qualquer ideologia partidária. Esse é um exemplo tosco,
mas Lula percorreu o País afirmando que ia eleger vários postes pelo
País", apontou o professor ao acrescentar que, em algumas regiões, o apoio
foi decisivo.
De acordo com David Fleischer, o
eleitor é quem referenda esse quadro na medida em que a maioria da população
pouco se importa com o partido ao qual o candidato é filiado. "A maioria
dos eleitores está muito mais preocupada em saber o que aquele candidato fez ou
não. Ou seja, o eleitor comum está muito mais atento com a folha corrida do
sujeito do que com o perfil ideológico que ele defende", explicou o
professor.
Esvaziadas

Francisco Moreira frisou que esse
retrato foi o que tornou necessária a criação da Lei de Fidelidade Partidária,
já que a busca desenfreada por apoio de nomes com maior capital eleitoral
intensificou o troca-troca de legendas. "São representantes que navegam de
acordo com interesses de determinadas lideranças e, muitas vezes, esses
interesses se transformam em interesses particulares" acrescentou
político.
O professor da Unifor lamentou
que essa realidade tenha forte peso para o crescimento do descrédito da
população em relação à política brasileira e defendeu que os Tribunais
Regionais Eleitorais precisam ser mais rígidos na divulgação de campanhas junto
à sociedade sobre a importância da representação.
"A política está se tornando
mal vista por todos, porque a maioria, em vez de fazer uma ação em busca dos
interesses da sociedade que eles representam, muitas vezes, se preocupa em
garantir os interesses de pequenos grupos. Acho que os Tribunais precisavam
desempenhar um papel mais importante nesse processo. Não só no sentido de evitar
isso, mas no sentido de orientar a população sobre importância da política como
ação" cobrou Francisco Moreira.
Fonte: DN.
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