COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
ANTEPENÚLTIMO NA EDUCAÇÃO.
Nobres:
Deprimente sobre
todos os aspectos em sentido generalizados que o Brasil continua distante dos
países que, sem o nosso potencial econômico, transformaram a educação em ganhos
sociais e prosperidade. Temos por base a difusão do relatório produzido por
duas conceituadas empresas britânicas a Pearson, ligada ao Financial Time, e a
consultoria Economist Inteligence Unit confirma uma realidade que estigmatiza,
compromete o futuro de gerações e degrada a imagem brasileira no mundo. No
estudo, que define um ranking internacional, o Brasil está na 38ª posição numa
lista de 40 nações analisadas pela proficiência em matemática, ciências e
leitura, somada a taxas de alfabetização e índices de aprovação escolar. O
irônico é que nesta segunda edição do levantamento o Brasil passou da penúltima
para a antepenúltima posição, mas apenas porque o México apresentou queda maior
e ficou junto com a Indonésia, a última colocada. Para um país que vem se
apresentando como potência emergente, é uma posição mais do que constrangedora,
é ultrajante. Como enfatizam os responsáveis pelo relatório, nenhum país será
evoluído se não conseguir traduzir seus avanços em indicadores educacionais. O chefe
de Educação da Pearson, ao ressaltar que os governos de todo o mundo são
permanentemente pressionados a melhorar a aprendizagem, porque isso significa o
sucesso das pessoas, das comunidades e de um país. Parece tão óbvio, mas não o
suficiente para mobilizar políticas públicas e recursos que transformem a
educação no Brasil, como ocorreu especialmente nos países asiáticos. São os
povos da Ásia os que mais evoluíram nos últimos anos em educação, liderando o
ranking. Não é à toa que, a partir da vigorosa opção pela qualificação do
ensino, as nações do continente melhoraram produtividade e ganhos de renda e
qualidade de vida. Os líderes fazem com que desempenho econômico e educação
sejam convergentes, para que o crescimento seja duradouro. No Brasil do
antepenúltimo lugar, o aprendizado formal do ensino básico vem sendo desprezado
por sucessivos governos União, Estados e municípios que inegavelmente recebem a
contribuição para esse cenário as redes pública e privada, e não se pode
ignorar a omissão da própria sociedade. É particularmente preocupante o fato de
que, além da deficiência em leitura, os brasileiros se submetam a um ensino
precário de ciência e matemática por falta de professores e pela falta de
habilitação de profissionais dessa área. A tradução dessa constatação é a de
que os docentes são mal preparados e mal pagos e têm reduzidas chances de
aperfeiçoamento, por sobrecarga de trabalho e por desalento. O retrato do
Brasil no ranking é, lamentavelmente, o de um país em que todos são enganados
por um sistema que democratizou o acesso ao ensino, com a inclusão escolar
assegurada pela Constituição, mas descuidou da qualidade do aprendizado. Nações
mais modestas economicamente provaram que este é um desafio que pode, sim, ser
vencido num curto espaço de tempo, se não priorizar ações de interesses do
corporativismo, partindo dos municípios, onde a premissa está associada a
segmentos da mídia setorial onde a aleivosia é constante para alimentar a
corrupção numa imagem utópica de que tudo se dá bem.
Antônio Scarcela Jorge.
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