Scarcela Jorge.
O DOUTOR LUÍZ INÁCIO.
Nobres:
Doutor Honoris Causa significa
“doutor por causa da honra”. Nosso ex-presidente Lula abiscoitou, em Salamanca,
o 27º desses diplomas. Todos por causa da honra. De Salamanca foi a Lisboa,
comemorou os 40 anos da Revolução dos Cravos e concedeu uma entrevista à RTP Rádio
e Televisão de Portugal que deve ter escandalizado seus companheiros na Papuda.
Vão-se os amigos, mas se conservam os dedos. Em segmento da matéria a repórter
o indaga sobre o fato de “pessoas de sua confiança” terem sido presas. E
Lula buscou salvar a própria pele: - “Não se trata de gente de minha
confiança”. Acrescentou à fala um gesto como que afastando de si os condenados
e tentou arredondar: “Tem companheiros do PT presos”. Ele estava falando de
Dirceu, Genoino, Delúbio! E por aí foi desandando o grande ídolo do petismo
nacional, acusando o STF de haver produzido um julgamento 80% político e
concluindo com uma frase bem ao gosto do seu auditório caseiro: “Essa história
ainda vai ser recontada, para saber o que aconteceu na verdade”. Pelo jeito vem
aí outra comissão da verdade. No entanto, a melhor frase em toda a entrevista
foi: - “O que eu acho é que não houve mensalão”. Pronto! - Com essa
sacada no repertório das esquivas afastou de si a sombra do maior escândalo da
história da República. Ele estava afirmando que não pode ser atingido por algo
que “acha” que não houve. Entretanto, vejamos como ficam as coisas se o
mensalão não aconteceu. Os muitos milhões que circularam por agências de
publicidade e bancos durante quase dois anos não teriam chegado aos líderes de
bancada que atualmente estão presos. Se o dinheiro não chegou a eles e, por
meio deles, a parlamentares dos respectivos bancados, então o ervanário se
desfez no ar porque, materialmente, existiu. Existiu, foi lavado, foram assinados
cheques e recibos, foram transportados valores, e há banqueiros e empresários
condenados a penas ainda maiores do que as que atribuídas aos réus políticos. Mais
se há no STF um ministro cuja lealdade ao governo ninguém põe em dúvida é o
Dias Toffoli. Pois mesmo ele, com a parceria de Ricardo Lewandowski, ao
apreciar o crime de corrupção passiva imputado a nove réus do mensalão,
condenou sete dos acusados! E assim foram os dois ministros, em relação aos
crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, peculato e evasão de
divisas. Sempre condenaram a vários no processo do Mensalão. Por um crime que
não aconteceu, doutor Lula?
Antônio Scarcela Jorge.
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