COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
ALARME SEM COERÊNCIA.
Nobres:
Os
fatos da política decorrem de princípios que em nosso normativo vem pendenciar
para mesma cópia que se urge nas temperes natural. Dentro deste contexto vieram
nos causar surpresa e críticas contundentes o fato de o PT estar fazendo uso na
sua propaganda política do mesmo discurso do medo utilizado por partidos
opositores em passado recente. A estratégia consiste em sugerir ao eleitorado
que conquistas sociais e econômicas dos últimos anos podem ser suprimidas caso
mude o governo. Trata-se de uma evidente simplificação, que revela muito mais a
falta de imaginação de marqueteiros políticos do que a real capacidade de
incutir algum temor com base em argumentos sólidos. O país já amadureceu o
suficiente para saber que avanços são ganhos da sociedade e precisam ser vistos
como políticas de Estado, não como gestos de boa vontade de um ou outro
governo. Evidentemente, os partidos políticos têm ampla liberdade para expor
seus pontos de convergência e de divergência. Em qualquer lugar deste país, o
debate é acalorado até mesmo por começar antes mesmo da homologação dos
candidatos à Presidência pelas convenções partidárias. Mesmo numa democracia
ainda em processo de aperfeiçoamento como a brasileira, candidaturas não
ocorrem por vontade própria. Concebem isso sim, projetos previamente debatidos
entre as diferentes instâncias dos partidos que compõem as coligações com
intenção de disputar a Presidência da República. É inaceitável, porém, que quem
está no poder aproveite essa fase para tentar atrelar candidatos oposicionistas
ao risco da adoção de medidas impopulares. Torna-se precavido especialmente, arrebatamentos
nacionalistas como ocorreu esta semana em manifestação do presidente do PT, Rui
Falcão, que só contribuem para assustar investidores. Um aspecto lamentável é o
fato de, já nesta etapa da campanha, o tom dos discursos estar marcado pelo
radicalismo, o que tende a prejudicar a compreensão de argumentos objetivos.
Quem não lembra o depoimento gravado em 2002 pela atriz Regina Duarte no qual
manifestava o temor do fim da estabilidade numa eventual derrota de José Serra,
que concorria à Presidência da República pelo PSDB? Pela mesma lógica, é
difícil imaginar que, na hipótese de a presidente Dilma Rousseff não se
reeleger, seu sucessor traria de volta fantasmas do passado Em qualquer
democracia, tanto a alternância quanto a continuidade precisam ser vistas como possibilidades
normais, que dependem apenas da decisão tomada pelos eleitores nas urnas. Ainda
assim, a campanha presidencial deveria se pautar menos por temores subjetivos e
mais por questões objetivas, que façam o país avançar: é o que esperamos.
Antônio
Scarcela Jorge.
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