segunda-feira, 19 de maio de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 'SEGUNDA-FEIRA' 19 DE MAIO DE 2014

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

ALARME SEM COERÊNCIA.

Nobres:
Os fatos da política decorrem de princípios que em nosso normativo vem pendenciar para mesma cópia que se urge nas temperes natural. Dentro deste contexto vieram nos causar surpresa e críticas contundentes o fato de o PT estar fazendo uso na sua propaganda política do mesmo discurso do medo utilizado por partidos opositores em passado recente. A estratégia consiste em sugerir ao eleitorado que conquistas sociais e econômicas dos últimos anos podem ser suprimidas caso mude o governo. Trata-se de uma evidente simplificação, que revela muito mais a falta de imaginação de marqueteiros políticos do que a real capacidade de incutir algum temor com base em argumentos sólidos. O país já amadureceu o suficiente para saber que avanços são ganhos da sociedade e precisam ser vistos como políticas de Estado, não como gestos de boa vontade de um ou outro governo. Evidentemente, os partidos políticos têm ampla liberdade para expor seus pontos de convergência e de divergência. Em qualquer lugar deste país, o debate é acalorado até mesmo por começar antes mesmo da homologação dos candidatos à Presidência pelas convenções partidárias. Mesmo numa democracia ainda em processo de aperfeiçoamento como a brasileira, candidaturas não ocorrem por vontade própria. Concebem isso sim, projetos previamente debatidos entre as diferentes instâncias dos partidos que compõem as coligações com intenção de disputar a Presidência da República. É inaceitável, porém, que quem está no poder aproveite essa fase para tentar atrelar candidatos oposicionistas ao risco da adoção de medidas impopulares. Torna-se precavido especialmente, arrebatamentos nacionalistas como ocorreu esta semana em manifestação do presidente do PT, Rui Falcão, que só contribuem para assustar investidores. Um aspecto lamentável é o fato de, já nesta etapa da campanha, o tom dos discursos estar marcado pelo radicalismo, o que tende a prejudicar a compreensão de argumentos objetivos. Quem não lembra o depoimento gravado em 2002 pela atriz Regina Duarte no qual manifestava o temor do fim da estabilidade numa eventual derrota de José Serra, que concorria à Presidência da República pelo PSDB? Pela mesma lógica, é difícil imaginar que, na hipótese de a presidente Dilma Rousseff não se reeleger, seu sucessor traria de volta fantasmas do passado Em qualquer democracia, tanto a alternância quanto a continuidade precisam ser vistas como possibilidades normais, que dependem apenas da decisão tomada pelos eleitores nas urnas. Ainda assim, a campanha presidencial deveria se pautar menos por temores subjetivos e mais por questões objetivas, que façam o país avançar: é o que esperamos.

Antônio Scarcela Jorge.

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