A descoberta é citada em ofício enviado ao STF sobre
o processo decorrente da Operação Lava-Jato.
Rio de Janeiro. A
Polícia Federal encontrou durante as operações de busca e apreensão no
escritório do doleiro Alberto Youssef, oito comprovantes de depósitos bancários
em nome do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Os depósitos teriam sido
feitos no intervalo de três dias, em maio de 2013, e somam R$ 50 mil.
A descoberta da PF é citada em
ofício do juiz federal Sergio Moro, do Paraná, remetido ao Supremo Tribunal
Federal para explicar a sua atuação no processo decorrente da Operação Lava-
Jato. Procurado, o senador Fernando Collor de Melo não quis comentar o teor do
ofício.
O juiz cita que os agentes da PF
teriam localizado oito diferentes comprovantes bancários em valores de R$
1.500, R$ 4.000, R$ 8.000 e R$ 9.000, realizados entre os dias 2 e 5 de maio de
2013. De acordo com o documento, publicado na tarde de ontem, o material
apreendido pela Polícia Federal foi encontrado fortuitamente durante a busca e
apreensão no escritório do doleiro Alberto Youssef, acusado de comandar uma
organização criminosa que movimentou mais de R$ 10 bilhões em recursos
públicos.
"Tal prova e eventual
relação entre o suposto doleiro e o referido Senador era absolutamente
desconhecida deste Juízo, tendo sido encontrada fortuitamente durante a busca e
apreensão", avalia o juiz Sergio Moro no ofício. Segundo o magistrado, a
citação aos comprovantes bancários em benefício do senador Fernando Collor de
Melo é "ilustrativa" para explicar as razões em que se baseou para
não dividir os processos relativos à operação. "Observo que não há
qualquer indício do envolvimento do referido parlamentar nos crimes que já
foram objeto das aludidas oito ações penais propostas", disse.
Moro também cita as
jurisprudências do STF em casos de provas de delitos encontradas em
investigações de outros crimes "não sujeitos a sua competência". Para
o juiz, eventuais crimes cometidos por autoridades podem ser alvos de outras
ações.
Youssef está preso desde março no
Paraná, e é investigado por lavagem de dinheiro, corrupção, evasão de divisas e
outros crimes. Ele teria articulado com o ex-diretor da Petrobras, Paulo
Roberto Costa, esquema para desvio de verbas em contratos fraudulentos da
estatal na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O doleiro é réu em três das
oito ações penais abertas pela justiça federal do Paraná em decorrência da
operação Lava-Jato, deflagrada em março.
Na segunda-feira, o ministro
Teori Zavascki determinou a suspensão das investigações decorrentes da operação
após reclamação da defesa de Paulo Roberto. Zavascki afirmou ontem que houve
"um grande mal entendido" em relação a sua decisão que resultou na
libertação de Paulo Roberto Costa.
Fonte: Web.
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