ENTREVISTA.
O presidente do Supremo Tribunal
Federal, ministro Joaquim Barbosa, concedeu a mais longa entrevista para a
televisão brasileira ao jornalista Roberto D'Ávila, na Globonews, 23/03. Uma
saraivada de perguntas foi formulada ao entrevistado, que respondeu a todas,
pausadamente. Num primeiro momento, declarou que não concorrerá às eleições
deste ano, mas não descartou uma possibilidade futura. A sua forte
personalidade, formação ética e cultural o afastam da atividade política.
Afirmou que "o Brasil é o país dos conchavos, do tapinha nas costas, onde
tudo se resolve na base da amizade" e conclui: "eu não suporto nada
disso". O ministro Joaquim Barbosa, 56 anos de idade, ressaltou que ainda
carrega nos ombros a pesada responsabilidade de ter sido o relator do processo
AP 470, mensalão, que o classificou, como "o maior escândalo de corrupção
pública da história brasileira, que tanto pode levar para a cadeia figurões da
política, algo inédito, como também minimizar o descrédito na Justiça
brasileira, confirmada na máxima de que poderosos não vão para a cadeia".
O ministro foi enfático ao afirmar que a prisão não é suficiente para punir a
corrupção brasileira. Imperiosas medidas preventivas drásticas, que doam no
bolso, na carreira, no futuro dessas pessoas, que praticam corrupção, uma ampla
reforma política eleitoral urge como medidas mais eficazes. Ao longo de sua
entrevista observou-se, claramente, que falta ao povo brasileiro uma cultura
política, cidadã, quando da escolha dos seus representantes políticos. Enfim, o
ministro Joaquim Barbosa demonstrou ser um guardião da cultura jurídica
brasileira.
João Gonçalves Filho (Bosco)
Da Academia Limoeirense de Letras.
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