O jornal Financial Times pede um
"choque de credibilidade" no Brasil. Em editorial publicado nesta
segunda-feira, a publicação afirma que se o governo de Dilma Rousseff não mudar
de rumo, as eleições presidenciais poderão resultar em uma mudança. Ao comentar
rumores que circulam no mercado, o editorial elogia a possibilidade de um Banco
Central independente em eventual segundo mandato de Dilma e a chance de
indicação de Alexandre Tombini para o lugar de Guido Mantega.
O editorial tem um tom duro
contra a presidente brasileira. "Pobre Dilma Rousseff", inicia o
texto. Para o Financial Times, a presidente do Brasil projetava "uma aura
tediosa da eficiência de Angela Merkel", mas resulta em um trabalho mais
parecido com o dos comediantes Irmãos Marx. "Os preparativos atrasados
para a Copa do Mundo já envergonham o País, enquanto o trabalho para os Jogos
Olímpicos de 2016 é classificado como 'o pior' que o Comitê Internacional já viu.
A economia também está em queda. O Brasil, uma vez que o queridinho do mercado,
vê investidores caindo fora", diz o texto.
"O País precisa de um choque
de credibilidade. Se Dilma não entregá-lo, as eleições presidenciais de outubro
o farão", diz o texto que cita que o Brasil enfrenta três desafios
imediatos: o caso Pasadena da Petrobras, o fornecimento de energia elétrica
após a recente seca e a chance de protestos e insucesso da Copa do Mundo.
Apesar do forte tom duro, o
jornal dá um voto de confiança à presidente. "Dilma Rousseff é conhecida
por falar em vez de ouvir, mas há sinais de que ela mesmo está reconhecendo as
críticas", diz o texto. "Fala-se que ela poderia dar independência
formal ao BC em um segundo mandato (originalmente, uma ideia de oposição). Ela
também pode recrutar o presidente do BC, Alexandre Tombini, para substituir
Guido Mantega, o desafortunado ministro da Fazenda. Ambos movimentos seriam
bem-vindos", diz o texto.
"Saber se a senhora Rousseff
que parece Merkel, mas resulta nos Irmãos Marx é realmente a pessoa certa para
colocar o Brasil de volta aos trilhos é outra questão. Afinal de contas, sua
primeira administração foi uma decepção. Mas, pelo menos, há sinais de que os
mercados do País estão trabalhando como deveriam através da transmissão de uma
preocupação generalizada e crescente. Estes estão agora começando a empurrar o
debate político em uma direção favorável aos investidores. Isso só pode ser uma
coisa boa", diz o texto.
Fonte: Agência O
Estado.
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