COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge.
REPERCUSSÃO CONTRAPRODUCENTE.
Nobres:
Ensejou intensa repercussão
o comunicado feito pela presidente Dilma Rousseff na véspera do Dia do
Trabalho deflagrou uma grande polêmica eleitoral, embora a campanha sequer
tenha começado oficialmente. Ocorre que, ao convocar cadeia nacional de rádio e
televisão para anunciar medidas esperadas e outras nem tanto, com benefícios
para trabalhadores e também para o setor do eleitorado em que aparece mal nas
pesquisas, a presidente acabou provocando reação indignada da oposição. Ontem
mesmo, parlamentares oposicionistas anunciaram que denunciarão ao Tribunal
Superior Eleitoral o que consideram campanha antecipada. Os dois lados fazem o
jogo eleitoreiro. O que a presidente Dilma Rousseff fez na quarta-feira foi
apenas repetir o que todos os presidentes fazem historicamente na véspera do 1º
de Maio. Anunciou o rotineiro reajuste gradativo do salário mínimo, o
oportunista aumento do Bolsa Família e até a inesperada, mas sempre reclamada,
correção da tabela do Imposto de Renda. É evidente que o anúncio foi preparado
para atenuar a queda que a mandatária vem amargando nas pesquisas eleitorais, o
que fica claro com o afago à classe média na questão do Imposto de Renda. Mas
não chega a configurar um ilícito. Mais preocupante foi à manifestação
contraditória da presidente em relação ao episódio da Petrobras. Depois de se
comprometer com uma apuração rigorosa dos malfeitos na estatal, disse que
também não admitirá o que chama de campanha negativa de quem quer tirar
proveito político, ferindo a imagem de uma empresa que o trabalhador brasileiro
construiu com luta, suor e lágrimas. Ora, quem está prejudicando a imagem da
Petrobras é exatamente o governo, que aparelhou politicamente a empresa e
permitiu que gestores incompetentes ou mal-intencionados a empurrassem para
maus negócios. Recuperar a credibilidade da Petrobras é o desafio do governo. E
isso certamente não será feito com ataques aos críticos, mas, sim, com correção
das deformações e com a exposição transparente das práticas administrativas de
quem comanda a maior estatal do país. Esse abacaxi não foi inventado pela
oposição. Foi criado pelo próprio governo. Cabe-lhe, então, descascá-lo. Como a
presidente Dilma, todos os brasileiros comprometidos com o país querem ver a
Petrobras forte, saudável e livre dos aproveitadores. Mas cabe a ela dar o
exemplo, assumindo a responsabilidade no que lhe couber e sendo inflexível com
eventuais malfeitores, para ficarmos na linguagem presidencial. Não basta mudar
de assunto. Nenhum pacote de bondades será suficiente para encobrir a
corrupção.
Antônio Scarcela Jorge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário