domingo, 4 de maio de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 'DOMINGO' 04 DE MAIO DE 2014

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

REPERCUSSÃO CONTRAPRODUCENTE.

Nobres:
Ensejou intensa repercussão o comunicado feito pela presidente Dilma Rousseff na véspera do Dia do Trabalho deflagrou uma grande polêmica eleitoral, embora a campanha sequer tenha começado oficialmente. Ocorre que, ao convocar cadeia nacional de rádio e televisão para anunciar medidas esperadas e outras nem tanto, com benefícios para trabalhadores e também para o setor do eleitorado em que aparece mal nas pesquisas, a presidente acabou provocando reação indignada da oposição. Ontem mesmo, parlamentares oposicionistas anunciaram que denunciarão ao Tribunal Superior Eleitoral o que consideram campanha antecipada. Os dois lados fazem o jogo eleitoreiro. O que a presidente Dilma Rousseff fez na quarta-feira foi apenas repetir o que todos os presidentes fazem historicamente na véspera do 1º de Maio. Anunciou o rotineiro reajuste gradativo do salário mínimo, o oportunista aumento do Bolsa Família e até a inesperada, mas sempre reclamada, correção da tabela do Imposto de Renda. É evidente que o anúncio foi preparado para atenuar a queda que a mandatária vem amargando nas pesquisas eleitorais, o que fica claro com o afago à classe média na questão do Imposto de Renda. Mas não chega a configurar um ilícito. Mais preocupante foi à manifestação contraditória da presidente em relação ao episódio da Petrobras. Depois de se comprometer com uma apuração rigorosa dos malfeitos na estatal, disse que também não admitirá o que chama de campanha negativa de quem quer tirar proveito político, ferindo a imagem de uma empresa que o trabalhador brasileiro construiu com luta, suor e lágrimas. Ora, quem está prejudicando a imagem da Petrobras é exatamente o governo, que aparelhou politicamente a empresa e permitiu que gestores incompetentes ou mal-intencionados a empurrassem para maus negócios. Recuperar a credibilidade da Petrobras é o desafio do governo. E isso certamente não será feito com ataques aos críticos, mas, sim, com correção das deformações e com a exposição transparente das práticas administrativas de quem comanda a maior estatal do país. Esse abacaxi não foi inventado pela oposição. Foi criado pelo próprio governo. Cabe-lhe, então, descascá-lo. Como a presidente Dilma, todos os brasileiros comprometidos com o país querem ver a Petrobras forte, saudável e livre dos aproveitadores. Mas cabe a ela dar o exemplo, assumindo a responsabilidade no que lhe couber e sendo inflexível com eventuais malfeitores, para ficarmos na linguagem presidencial. Não basta mudar de assunto. Nenhum pacote de bondades será suficiente para encobrir a corrupção.

Antônio Scarcela Jorge.

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