LEWANDOWSKI DEIXA COMANDO DO STF NESTA SEGUNDA; VEJA COMO FOI A
GESTÃO.
Coordenação do impeachment no Senado
marcou fim do mandato de 2 anos.
Ministro buscou enfrentar superlotação
das prisões na atuação do Judiciário.
O ministro
Ricardo Lewandowski encerra nesta segunda-feira (12) seu mandato de dois anos
na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) com uma gestão marcada, em sua
fase final, pela coordenação da fase final do processo de impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff. Tomará posse em seu lugar a ministra Cármen
Lúcia.
Elogiado pela
condução equilibrada das discussões no plenário do Senado, Lewandowski terminou
o impeachment sob forte questionamento por abrir caminho à polêmica decisão que
permitiu à petista voltar a cargos públicos, apesar da condenação no processo.
O texto da
Constituição diz que a condenação leva à perda do mandato "com"
inabilitação para funções públicas nos oito anos seguintes.
Destituída da
Presidência com 61 votos a favor e 20 contra, Dilma acabou escapando da
inabilitação, que teve apenas 42 votos favoráveis, insuficientes para aplicar a
pena.
Por causa da
decisão, Lewandowski teve a atuação questionada em diversas ações apresentadas
no próprio STF.
Também foi alvo
de um pedido de impeachment contra si no Senado, rejeitado de pronto pelo
presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) – junto com o ministro, um dos
articuladores do fatiamento.
Mesmo antes do
julgamento final, Lewandowski buscou priorizar o julgamento de diversas ações
que questionavam o andamento do caso no Congresso.
Uma delas
redefiniu o trâmite do processo, obrigando a Câmara a recompor a comissão
especial que analisou as acusações contra Dilma e dando ao Senado poder para
arquivar o caso.
Fora do
impeachment, o ministro marcou sua passagem pelo STF com grande atenção sobre o
próprio Judiciário, seja com medidas para desafogar os tribunais,
sobrecarregados por cerca de 100 milhões de processos; seja para melhor
recompensar juízes e servidores, uma das poucas categorias que obteve aumentos
salariais em tempo de crise fiscal.
O Poder
Judiciário está atento aos acontecimentos que ocorrem no país e tem ofertado a
sua prestação jurisdicional àqueles que o procuram em seu devido tempo
Lava Jato.
Foi sob a
presidência de Lewandowski que o STF começou a investigar políticos dentro da
Operação Lava Jato. Atualmente, tramitam na Corte 38 investigações sobre 91
pessoas, entre parlamentares, ministros, operadores e empresários suspeitos de
envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.
A maioria das
ações atualmente não passa pela análise de Lewandowski, já que, como
presidente, ele não participa da Segunda Turma da Corte, onde são julgados
pedidos de liberdade, questionamentos sobre as investigações e abertura de
ações penais.
Como ministro,
Lewandowski só pôde decidir sobre o caso quando ações eram levadas ao plenário
ou quando ficou de plantão na Corte durante os recessos. Na maioria das
decisões, o ministro acompanhou o relator do caso, Teori Zavascki, como na ação
que afastou do mandato o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"Esse
julgamento demonstra que o Poder Judiciário está atento aos acontecimentos que
ocorrem no país e tem ofertado a sua prestação jurisdicional àqueles que o
procuram em seu devido tempo.
O tempo do
Judiciário não é o tempo da política e não é o tempo da mídia.
Temos ritos,
procedimentos e prazos que devemos observar, disse no julgamento.
Embora não
diretamente relacionada à Lava Jato, a decisão do STF que proibiu as doações de
empresas a campanhas ocorreu sob o comando de Lewandowski. Para analistas, a
decisão deve muito às descobertas de que dinheiro de propina pago às estatais
abastecia partidos e políticos nas corridas eleitorais.
O ministro
causou polêmica, no entanto, ao reagir a manifestações com críticas à sua
atuação..
Presídios.
Em boa parte de
seu mandato, Lewandowski buscou enfrentar o problema da superlotação dos
presídios e cadeias no Brasil, seja no papel de chefe do Judiciário, seja em
julgamentos no STF.
Uma das medidas
mais importantes foi a instalação das "audiências de custódia",
procedimento pelo qual uma pessoa presa em flagrante é apresentada a um juiz em
até 24 horas.
Nessa audiência,
o juiz avalia se, solta, a pessoa de fato representa um perigo.
O objetivo é
evitar que ela permaneça na cadeia enquanto aguarda o julgamento. A medida
começou a ser implantada em fevereiro de 2015, por iniciativa do CNJ,
inicialmente na cidade de São Paulo.
Até agosto deste
ano, já haviam sido realizadas em todos os estados do país 124.216 audiências
de custódia, que libertaram 58.200 (46,8%) presos em flagrante, segundo dados
do CNJ. Lewandowski atuou junto ao Executivo para reforçar a compra de
tornozeleiras eletrônicas, usadas para monitorar os presos postos em liberdade.
Dentro do STF,
Lewandowski também buscou julgar ações para melhorar os presídios ou reduzir a
população carcerária, que alcança 622 mil presos, conforme levantamento de
2014.
Em agosto de
2015, a Corte decidiu que a Justiça pode obrigar Executivo a investir em
presídios. No mês seguinte, o STF mandou o governo federal desbloquear R$ 2,4
bilhões para construção e reforma de penitenciárias.
Em março deste
ano, a Corte decidiu que o Estado pode ter de indenizar família de um preso que
morrer na prisão. Em junho, os ministros permitiram aplicar regimes mais
brandos os presos em caso de falta de vagas.
Em todos esses
casos Lewadowski votou a favor das medidas de alívio aos presos.
O ministro foi
voto vencido, porém, na polêmica decisão do STF que permitiu encarcerar
condenados após a segunda instância, antes de esgotados recursos aos tribunais
superiores.
"O sistema
penitenciário está absolutamente falido, se encontra num estado
inconstitucional de coisas. Agora nós vamos facilitar a entrada de pessoas
nesse verdadeiro inferno de Dante, que é o sistema prisional", afirmou,
contrariado, na sessão.
Foi ainda sob
Lewandowski que a Corte começou a analisar a descriminalização do porte de
maconha para consumo pessoal. Dois ministros já votaram a favor, mas a ação
hoje está sob análise de Teori Zavascki, que interrompeu o julgamento.
Judiciário.
Dentro do
Judiciário, Lewandowski buscou atender os tribunais. A maior vitória foi a
obtenção, em tempos de crise fiscal, de um reajuste de 41,47% para os
servidores nos próximos quatro anos. O aumento foi negociado durante a gestão
de Dilma, mas sancionado por Michel Temer. O impacto, segundo o governo, será
de R$ 22,26 bilhões até 2019.
Em relação aos
juízes, Lewandowski garantiu o pagamento de R$ 4,3 mil de auxílio-moradia para
aqueles sem imóvel oficial à disposição. Por outro lado, em novembro do ano
passado, o ministro mandou cortar o pagamento duplo do benefício a casais de juízes.
O presidente do
STF, porém, voltou a ser alvo de críticas na elaboração, com os demais
ministros, da proposta da nova Lei Orgânica da Magistratura (Loman), que regula
a atuação de juízes, desembargadores e ministros. A atual versão do projeto
poderá elevar benefícios pagos à categoria.
Como presidente
do STF, Lewandowski também buscou decidir casos que pudessem diminuir a
sobrecarga de todo o Judiciário. Priorizou, por exemplo, o julgamento de
recursos com a chamada "repercussão geral", casos de relevância
social cujas decisões pelo STF orientam todas as demais instâncias da Justiça.
Em sua gestão,
foram julgadas 83 ações do tipo, destravando aos 78 mil processos nos tribunais
inferiores que aguardavam uma decisão do STF.
Fonte: G1 – DF.
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