OPERAÇÃO LAVA JATO.
Caça ao cotidiano da corrupção.
Ex-diretor preso na Sevandija 'jamais poderia ocupar cargo' no Daerp, diz PF.
Sucursal do lulismo.
A Polícia Federal e o Ministério Público apontam que
Luiz Alberto Mantilla Rodrigues Netto, preso na Operação Sevandija, não poderia
ter sido nomeado pela prefeita Dárcy Vera (PSD) para cargo no município, de
diretor técnico do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp).
Isso porque Rodrigues Netto é dono da Vlomar
Engenharia Eireli, com sede em Santos (SP), e cuja atividade é o saneamento de
efluentes domésticos e industriais, portanto, conflitante com o trabalho
desenvolvido pelo Daerp.
Consta no inquérito que a contratação dele, em agosto
de 2015 pelo governo municipal, descumpre o artigo 212 da lei que dispõe sobre
o Regimento Jurídico dos Funcionários do Município de Ribeirão Preto, de 23 de
julho de 1976.
"Art. 212 - considera-se regime de tempo integral
o exercício da atividade funcional nos termos do artigo 214 desta lei, ficando
o funcionário proibido de exercer, cumulativamente outro cargo, função ou
atividade particular de caráter empregatício, profissional ou público, de
qualquer natureza, no horário pré-fixado", diz o relatório.
Preso em 1º de setembro, Rodrigues Netto é apontado
pela PF e o MP como o operador do pagamento de propina dentro do Daerp. Ao ser
interrogado em 8 de setembro, o ex-diretor confirmou o repasse de dinheiro ao
ex-superintendente da autarquia Marco Antônio dos Santos.
Ainda segundo a PF e o MP, além de desrespeitar a lei,
o Daerp errou ao deixar de investigar a vida pregressa de Rodrigues Netto,
demitido por justa causa da Companhia de Abastecimento Básico do Estado de São
Paulo (Sabesp), em razão de irregularidades.
A namorada dele, Theresa Cristina Lopes da Silva, e a
filha, Julia Mantilla Rodrigues Netto, também foram presas por suspeita de
participação no esquema.
Elas cumpriram prisão temporária e foram soltas em 9
de setembro, mas acabaram sendo denunciadas pelo MP.
O esquema.
Em depoimento, Rodrigues Netto contou que entre
novembro de 2015 e maio desse ano repassou cerca de R$ 600 mil, ao
ex-superintendente.
O dinheiro seria destinado ao caixa do Partido Social
Democrático (PSD), presidido por Santos e que tem a prefeita entre os filiados.
O ex-diretor também confirmou que a fraude no Daerp
envolvia o contrato da autarquia com a Aegea Saneamento, para troca da rede de
água.
Licitada em 2014 por R$ 68 milhões, a obra acabou
custado R$ 86 milhões aos cofres públicos, após uma série de aditivos.
Segundo Rodrigues Netto, o esquema funcionava da
seguinte forma: a Aegea repassava parte do valor recebido do Daerp para a
Quiron Serviços de Engenharia, de Campo Grande (MS), por intermédio de um
contrato de fachada.
Essa empresa, por sua vez, também mantinha um falso
convênio com a Vlomar, que pertence a Rodrigues Netto e era administra por sua
filha Júlia.
A partir daí, o ex-diretor transferia as quantias para
sua conta pessoal, sacava e entregava ao ex-superintendente.
Posteriormente, a Quiron também firmou um contrato com
a empresa de Thereza Cristina, namorada de Rodrigues Netto, para realização de
um projeto de paisagismo e arquitetura. Segundo o ex-diretor, o serviço
custaria R$ 40 mil, mas o acordo foi fechado em R$ 300 mil.
Blitz na Anhanguera.
O ex-diretor do Daerp também confessou que os R$ 65
mil que estavam dentro de seu carro, parado pela Polícia Rodoviária em Ribeirão
Preto, em 30 de junho, eram destinados à Santos, como suspeitava a PF e o MP.
Durante a blitz, Rodrigues Netto disse que o dinheiro
seria usado para pagar funcionários da construção de uma casa, apresentou o
recibo de saque e foi liberado.
Logo depois, ligou para a filha para contar
sobre o ocorrido, e foi orientado por ela a contar tudo a Dárcy Vera.
Defesas.
Em nota, a Aegea informou que não teve acesso aos
documentos da investigação e desconhece o teor das alegações.
"A empresa
se mantém à disposição das autoridades para os esclarecimentos que se fizerem
necessários", diz o comunicado.
O advogado Gabriel Schimidt, que defende Júlia
Mantilla Rodrigues Netto, afirmou que a cliente não é dona e nem mesmo sócia da
Vlomar e, portanto, não tem nenhuma participação no esquema de corrupção.
Já o advogado Cristofer Ravagnani, que representa
Teresa Cristina Lopes da Silva, disse que ainda não teve acesso aos depoimentos
na íntegra e só se pronunciará sobre o caso após ler todos os documentos.
Fonte: G1 – Ribeirão Preto – SP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário