SENADO: DECISÃO DE LEWANDOWSKI FATIANDO IMPEACHMENT É
IRRECORRÍVEL.
Advogados defendem decisão que cassou
mandato de Dilma mas manteve elegibilidade.
Em documento
apresentado no Supremo Tribunal Federal (STF), o Senado defendeu o fatiamento
do julgamento do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Na quarta-feira
da semana passada, o Senado cassou o mandato, mas permitiu que ela ocupe outros
cargos na administração pública e dispute novas eleições.
Boa parte do
texto é uma defesa da atuação do presidente do STF, ministro Ricardo
Lewandowski, que também presidiu o julgamento do impeachment e foi quem deu
aval para a realização de duas votações em separado. Segundo o documento do
Senado, as decisões de Lewandowski no processo são irrecorríveis.
"A
irrecorribilidade de todas as decisões procedimentais do impeachment buscou
prestigiar o Senado Federal e evitar ingerências externas no andamento dos trabalhos",
diz trecho do documento, assinado pelo advogado-geral do Senado, Alberto
Cascais; pelo advogado-geral adjunto, Rômulo Gobbi do Amaral; e pelos
coordenador e assessor jurídico do Núcleo de Assessoramento e Estudos Técnicos
do Senado, respectivamente Fernando Cesar Cunha e Tairone Messias.
Até agora, já
foram apresentadas 13 ações no STF questionando o fatiamento. A manifestação do
Senado foi em quatro delas: uma apresentada pelo PSDB, DEM, PPS, PMDB e SD; uma
pelo PSL, partido que conta com apenas dois deputados; e as outas duas pelos
senadores José Medeiros (PSD-MT) e Alvaro Dias (PV-PR). Eles querem que Dilma
fique inabilitada por oito anos de trabalhar na administração pública.
O documento do
Senado destaca que, durante todo o processo, Lewandowski agiu com isenção, sem
entrar no mérito da questão, ou seja, sem interferir na avaliação dos senadores
sobre as responsabilidades de Dilma. A votação em separado das duas questões -
a cassação do mandato e a inabilitação - foi possível graças a um requerimento
de destaque apresentado na sessão do julgamento do impeachment.
"Se o
Presidente do STF rejeitasse monocraticamente o requerimento de destaque,
estaria, aí sim, realizando um juízo de mérito", dizem os advogados do
Senado. Eles ressaltam que a apresentação de destaques é um direito regimental
das bancadas e negam que isso tenha sido um "expediente astucioso"
para impedir que Dilma fosse inabilitada.
Boa parte do
texto destaca que o julgamento de impeachment é conduzido pelo presidente do
STF justamente para "impedir que maiorias conjunturais, em inobservância
ou manipulação das formas e procedimentos jurídicos, sobreponham a força
política à Constituição, e venham a se unir para lesar direitos da defesa ou,
mesmo para embaraçar o legítimo exercício de prerrogativas das minorias
parlamentares".
Os advogados
citam o precedente do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992. Na
época, ele renunciou ao cargo. Assim, não havia mais que decidir sobre a
cassação. Mas o Senado continuou o julgamento e decidiu apenas sobre a
inabilitação.
Fonte: G1 – DF.
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