DEPUTADOS E SENADORES VIRAM CABOS ELEITORAIS DE LUXO NA ELEIÇÃO MUNICIPAL.
Congresso está em 'recesso branco' na última semana antes do 1º turno.
Renan Calheiros diz que tem visitado até 5
municípios por dia em Alagoas.
A reta final da corrida pelas cadeiras nas prefeituras
e nas câmaras municipais paralisará o Congresso Nacional nesta última semana de
campanha eleitoral.
Além das dezenas de deputados e senadores candidatos a
prefeito, há outros que se transformaram em cabos eleitorais de luxo para
aliados políticos de suas bases eleitorais e de seus partidos.
Uma constelação de congressistas está percorrendo
milhares de quilômetros para emprestar prestígio a candidatos na eleição
municipal.
Entre esses congressistas, está o presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que diz visitar até cinco municípios por dia
quando está em Alagoas.
A explicação para tanto esforço e dedicação em favor
de aliados é bem pragmática.
Mesmo os deputados e senadores que não estão
disputando a eleição municipal fazem questão de suar a camiseta agora de olho
em 2018, ano em que esperam contar com o apoio e o empenho da legião de
prefeitos e vereadores para tentar se reeleger para a Câmara e para o Senado.
Por causa da eleição, as duas casas do Congresso
Nacional estão em "recesso branco" pelo menos até 2 de outubro, dia
do primeiro turno da eleição. Ou seja, nesse período, não haverá votações na
Câmara e no Senado.
Dos 513 deputados, 48 (quase 10% do total) concorrem a
prefeito ou vice-prefeito.
No Senado, há somente dois candidatos: Marta Suplicy
(PMDB-SP) – que tenta retornar ao comando da Prefeitura de São Paulo – e
Marcelo Crivella (PRB-RJ) – que disputa a sucessão de Eduardo Paes (PMDB) na
capital do Rio de Janeiro.
Crivella pediu licença do Senado para se dedicar
exclusivamente à corrida eleitoral. Marta preferiu conciliar a campanha
eleitoral com as atribuições de senadora.
Mas a maratona de viagens, discursos e corpo-a-corpo
com eleitores não é exclusividade dos parlamentares candidatos. Senadores e
deputados que não disputam as eleições de outubro chegam a percorrer até 2 mil
quilômetros em um único final de semana para prestar apoio político a aliados.
Na terça-feira (20), Renan Calheiros contou aos
colegas no plenário do Senado que, nas últimas semanas, quando está fora de
Brasília, tem visitado até cinco municípios alagoanos por dia para ajudar na busca
de votos para aliados. Ele afirmou aos senadores que, até o fim da eleição, irá
ao máximo de municípios que conseguir percorrer.
“Eu tenho viajado, visitado quatro, cinco municípios
de Alagoas todos os dias.
Na semana passada, fui para Porto Real do Colégio, Mar
Vermelho, Arapiraca, Senador Rui Palmeira.
Depois, fui para Estrela de Alagoas
e vou ainda para Igaci. Eu vou, um a um, para todos os municípios em que puder
ir”, contou o peemedebista no plenário do Senado.
Há ainda parlamentares que pediram licença do mandato
para, entre outras razões, dedicarem-se a campanhas municipais.
São os casos do líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha
Lima (PSDB-PB), e do senador Acir Gurgacz (PDT-RO). Ao pedirem para se afastar
do Congresso por 120 dias, eles foram substituídos por suplentes.
Maratona eleitoral.
Uma das senadoras mais atuantes no processo de
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a gaúcha Ana Amélia (PP) tem
mantido intensa agenda de apoio aos candidatos do seu partido no Rio Grande do
Sul.
Segundo a assessoria da parlamentar, ela pretende
visitar, até 2 de outubro, 180 municípios do interior gaúcho. Até o momento,
diz já ter passado por mais de 100 cidades.
Líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira peregrina
pelo interior do Ceará em busca de votos para prefeitos peemedebistas. Até o
primeiro turno da eleição, o parlamentar cearense quer visitar cerca de 30
municípios.
Eu tenho viajado, visitado quatro, cinco municípios de
Alagoas todos os dias. “Eu vou, um a um, para todos os municípios em que puder
ir”
Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado.
Eunício, contudo, tem um foco principal na eleição
municipal.
Ele quer ajudar a eleger o sobrinho Ildsser Oliveira
(PMDB) prefeito do pequeno município de Lavras de Mangabeira, cidade-natal do
líder peemedebista. Até o próximo final de semana, o senador terá visitado três
vezes o município onde seu sobrinho quer virar prefeito.
O líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), acelera o
corpo-a-corpo nas cidades catarinenses. Só na segunda-feira (26) ele pretende
visitar sete municípios.
O líder do PT, senador Humberto Costa (PE), é outro
parlamentar que vai pegar a estrada nesta reta final da campanha.
O roteiro do
petista conta com uma média de duas cidades pernambucanas por dia até o
primeiro turno da eleição.
Entre os deputados, a rotina não é diferente. O líder
do PT na Câmara, Afonso Florence (PT-BA), afirma que tem viajado entre 1,8 mil
e 2 mil quilômetros por fim de semana para prestar apoio a candidatos petistas
do interior baiano.
O líder do PSDB na Casa, deputado Antônio Imbassahy
(PSDB-BA), conta que está sendo requisitado por correligionários para
participar de comícios, passeatas e gravações de propagandas eleitorais.
Líder na Câmara do partido do presidente Michel Temer,
o deputado Baleia Rossi (SP) tem visitado, segundo sua assessoria, uma média de
quatro cidades do interior paulista por dia para participar de atos e
compromissos eleitorais de peemedebistas.
Cabos eleitorais do DF.
Representante do Distrito Federal, onde não há eleição
neste ano, o senador Hélio José (PMDB-DF) também tem aproveitado o “recesso
branco” para participar de carreatas e comícios em municípios goianos do
entorno do Distrito Federal.
Empobrecidas e com altos índices de criminalidade, as
cidades da região são populosas e servem de dormitório para milhares de pessoas
que trabalham em Brasília.
“Tudo faz parte da nossa querida Brasília”, justificou
Hélio José, que já visitou as goianas de Cocalzinho, Barro Alto, Cidade
Ocidental, Luziânia e Valparaíso, todas cidades no cinturão que cerca a capital
federal.
Outro dos três senadores do Distrito Federal,
Cristovam Buarque (PPS) entrou em campo para ajudar candidatos a prefeito de
seu partido em vários estados.
Ele já foi pedir votos em municípios do Paraná e de
São Paulo, mas ainda quer ir a Goiás e Pernambuco.
“Não sou senador do Distrito Federal, sou senador do
Brasil.
Faço campanha para candidatos do meu partido que vão
contribuir para educação no Brasil.
“Além do mais, é preferível fazer campanha a ficar de férias”,
ressaltou o congressista.
Contrapartida.
O professor de Ciência Política da Fundação Getúlio
Vargas de São Paulo (FGV-SP) Cláudio Couto afirma que, época de campanha
eleitoral, partidos políticos funcionam como “equipes”.
“Estamos falando de grupos políticos, e partidos são
equipes. Então, é natural, quando há uma disputa política dessa natureza, que
quem não está diretamente envolvido nela apóie seus colegas de partido, e
depois ocorra o inverso.
É mais do que simplesmente uma troca, é uma lógica de
equipe”, explicou o especialista.
Fonte: G1 – DF.
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