Ministro
disse que Lula tem 'insistência' em dizer que a investigação é ilegal.
Para
advogados, é 'preocupante' defesa ser interpretada como 'entrave'.
O
ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou, em decisão
na qual negou um pedido de Luiz Inácio Lula da Silva, que o recurso apresentado
pelo ex-presidente é "mais uma das diversas tentativas da defesa de
embaraçar as apurações" da Operação Lava Jato.
Teori
Zavascki rejeitou ação que questionava a atuação do juiz Sérgio Moro,
responsável pelo caso no Paraná, e pedia que três inquéritos que estão em
Curitiba fossem suspensos e enviados à Suprema Corte. A decisão é da última
terça-feira (6), mas a íntegra ainda não havia sido disponibilizada no sistema
do STF.
Na
decisão de sete páginas, o ministro lembra outra ação apresentada pela defesa
contra a atuação de Moro sob o argumento de que o juiz teria mantido sob seu
controle interceptações telefônico de autoridades com foro privilegiado.
Para
Teori Zavascki, trata-se de "insistência do reclamante", ou seja
Lula, em dar "contornos de ilegalidade, como se isso fosse a regra"
aos atos do juiz de primeira instância.
O
ministro frisou que o STF tem "amplo conhecimento" sobre os processos
que tramitam sobre a Lava Jato e as fraudes na Petrobras.
"Apesar
de esses argumentos serem objeto de análise naqueles autos, tal quadro revela a
insistência do reclamante em dar aos procedimentos investigatórios contornos de
ilegalidade, como se isso fosse a regra.
Nesse
contexto, é importante destacar que esta Corte possui amplo conhecimento dos
processos (inquéritos e ações penais) que buscam investigar supostos crimes
praticados no âmbito da Petrobras, com seus contornos e suas limitações, de
modo que os argumentos agora trazidos nesta reclamação constituem mais uma das
diversas tentativas da defesa de embaraçar as apurações, afirmou o ministro.
A
defesa de Lula, por meio de nota assinada pelo advogado Cristiano Zanin
Martins, disse que o próprio STF, em outras ocasiões, já reconheceu erros na
atuação da primeira instância.
A
nota afirmou ainda que todo cidadão tenha o direito de entrar com recursos na
Justiça para contestar. "procedimentos
investigatórios que ostentam clara perseguição pessoal e política".
"O
STF, por meio de decisões do Ministro Teori Zavascki, já reconheceu
ilegalidades praticadas pelo juiz Sergio Moro na condução da Operação Lava
Jato, inclusive em relação ao ex-presidente Lula.
Isso ocorreu, por exemplo, no
tocante à autorização dada por Moro para a divulgação de conversas
interceptadas envolvendo Lula e, ainda, no tocante ao monitoramento dos
advogados do ex-presidente", afirmou a defesa de Lula.
Mais
tarde, em nova nota, os advogados de Lula criticaram o comentário feito pelo
relator da Lava Jato no despacho.
Na
avaliação dos defensores, é "profundamente preocupante" que o
exercício do direito de defesa possa ser interpretado pela Suprema Corte como
"entrave" às investigações.
"É
profundamente preocupante que o exercício do direito constitucional de defesa,
com combatividade e determinação, possa ser encarado na mais alta Corte de
Justiça do País como fator de entrave às investigações ou ao processo.
A
Constituição quer defesa efetiva e ampla e não meramente formal ou retórica.
“Negar
tal garantia representa inominável agressão ao direito de defesa”, escreveram
os advogados.
Recurso.
Conforme
a reclamação protocolada pela defesa no STF, Lula é alvo de apurações sobre os mesmos
fatos no Supremo e em Curitiba.
No
Paraná, ele é tratado como "arquiteto" do esquema criminoso que
atuava na Petrobras.
Em
pedido feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que Lula
seja incluído no inquérito no STF que investiga se existiu uma organização
criminosa na Petrobras, a defesa afirmou que o procurador disse que o esquema
"jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e
agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse".
Os
advogados de Lula negaram as suspeitas do envolvimento do ex-presidente, mas
disseram que as apurações tratam de "fatos idênticos", o que é
proibido pelo princípio do "bis in idem", segundo o qual ninguém pode
ser duplamente punido ou processado pelo mesmo ato.
Na
avaliação de Teori Zavascki, a defesa não tem razão porque o próprio juiz
Sérgio Moro frisou que não ultrapassou os limites de sua atuação porque ainda
não há em nenhuma das apurações a delimitação dos fatos, o que só ocorre quando
há uma denúncia oferecida, o que não aconteceu por enquanto.
"Não
prospera a insurgência.
Na decisão ora questionada, o magistrado de primeiro
grau não admitiu as exceções de incompetência opostas pelo reclamante, sob o
fundamento de que, 'antes do oferecimento da denúncia, não se tem o objeto da
imputação que é exatamente o que definirá a competência do juízo'.
“Com
se vê, aquela autoridade não emitiu qualquer juízo acerca da tipificação penal
das condutas que seguem em investigação nos procedimentos objeto desta
reclamação, não sendo suficiente, para justificar a viabilidade da ação
constitucional”, disse o ministro.
Teori
frisou que, no pedido para incluir Lula em um dos inquéritos da Lava Jato no
STF, o procurador-geral só o fez em relação a suspeitas de organização
criminosa e que, por isso, outros fatos sobre possível recebimento de vantagem
indevida podem ficar no Paraná.
"De
fato, em análise do ato reclamado, conclui-se que, apesar de os fatos
investigados no Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Inq 3.989, possuírem
correlação com aqueles que são objeto de investigação perante a 13ª Vara
Federal de Curitiba, não houve demonstração da usurpação, pela autoridade
reclamada, da competência desta Corte, tendo em vista que agiu conforme
expressamente autorizado", destacou Zavascki.
Fonte: G1 – DF.
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