BUMLAI É CONDENADO A 9 ANOS DE PRISÃO PELA LAVA JATO.
Pecuarista está preso no PR; decisão de
Sérgio Moro é desta quinta (15).
Outros sete réus em um processo da 21ª
fase também foram condenados.
O juiz federal
Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira
instância, condenou o pecuarista José Carlos Bumlai a 9 anos e 10 meses de
prisão em um processo da 21ª fase por crimes como gestão fraudulenta e
corrupção passiva.
Na mesma
sentença, publicada na manhã desta quinta-feira (15), o juiz também condenou o
empresário Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, o ex-tesoureiro
do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto, e outros cinco réus do
processo.
Bumlai foi
condenado pela participação, obtenção e quitação fraudulenta do empréstimo no
Banco Schahin de R$ 12 milhões, em 2004, e pela participação, solicitação e
obtenção de vantagem indevida no contrato entre a Petrobras e o Grupo Schahin
para a operação do Navio-Sonda Vitória 10.000.
No dia 6 de
setembro, o pecuarista, que é amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
voltou para a prisão após um tratamento contra um câncer na bexiga. Ele está
detido no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de
Curitiba.
Na sentença,
Moro destacou que o empréstimo de R$ 12 milhões foi fraudulento e que o real
beneficiário dos valores foi o Partido dos Trabalhadores (PT). "Não há
divergência, nas confissões, quanto a isso e a prova documental e testemunhal
já revela o fato".
<CONEXÃO! O juiz afirmou
ainda que o PT utilizou Bumlai como pessoa interposta e os valores para
realizar pagamentos a terceiros de seu interesse.
"Isso é
afirmado não só por acusados que celebraram acordo de colaboração premiada,
como Salim Taufic Schahin, como por acusados que não dispõe de qualquer acordo,
como o próprio José Carlos Costa Marques Bumlai", declarou o magistrado.
Confira quem são
os condenados, os crimes e as penas aplicadas
José Carlos
Bumlai (pecuarista) - gestão fraudulenta e corrupção passiva, 9 anos e 10 meses.
Eduardo Costa
Vaz Musa (ex-gerente da Petrobras) - corrupção passiva, 6 anos.
Fernando Falcão
Soares (empresário) - corrupção passiva, 6 anos de reclusão.
Fernando Schahin
(ex-executivo do grupo Schahin) - corrupção ativa, 5 anos e quatro meses.
João Vaccari
Neto (ex-tesoureiro do PT) - corrupção passiva, 6 anos e 8 meses.
Milton Taufic
Schahin (executivo do Grupo Schahin) - gestão fraudulenta e corrupção ativa, 9
anos e 10 meses de reclusão.
Salim Taufic
Schahin (executivo do Grupo Schahin) - gestão fraudulenta e corrupção ativa, 9
anos e 10 meses.
Nestor Cuñat
Cerveró (ex-diretor da área Internacional da Petrobras) - corrupção passiva, 6
anos e oito meses
O ex-diretor da
Área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada foi absolvido pelo juiz
Sérgio Moro pelo crime de corrupção passiva por falta de provas.
Maurício de
Barros Bumlai, filho de Bumlai, também absolvido pelos crimes de gestão
fraudulenta e corrupção passiva.
Entenda como
ocorreu o empréstimo fraudulento
De acordo com as
investigações, o empréstimo, firmado em 2004, deveria ter sido pago até
novembro de 2005, o que não ocorreu.
O montante foi sendo
corrigido para incorporar os encargos não pagos. Os valores foram quitados na seqüência,
após o Banco Schahin conceder empréstimo de R$ 18 milhões à empresa
AgroCaieras, do próprio Bumlai.
Os valores do
novo empréstimo, que ultrapassaram R$ 20 milhões, seguiram sem pagamento até
janeiro de 2009, quando foi feito um contrato de venda de embriões de gado
bovino das fazendas de Bumlai para empresas do Grupo Schahin.
Na decisão desta
quinta, Sérgio Moro destacou que a real causa da quitação foi o direcionamento
arbitrário do contrato para operação do Navio-Sonda Vitória 10.000 para o Grupo
Schahin pela Petrobras.
Há prova
documental e testemunhal do direcionamento arbitrário do contrato de operação
do Naviosonda Vitoria 10000 para o Grupo Schahin.
Não importa aqui
se houve ou não prejuízo à Petrobrás, mas sim que o referido grupo privado foi
beneficiado pela atribuição a ele de contrato bilionário, sem que houvesse
justificativas para prescindir de concorrência, consulta ao mercado ou mesmo
pesquisa de preços, disse o juiz.
A decisão de
Moro destaca ainda que "ninguém obrigou José Carlos Costa Marques Bumlai a
aceitar figurar como pessoa interposta no contrato de empréstimo ou aceitar a
quitação fraudulenta do empréstimo ou a simular a doação de embriões
bovinos" e que "é óbvio que assim agiu para, assim como o Grupo
Schahin, estabelecer ou manter boas relações com a agremiação política que
controlava o Governo Federal", declarou o juiz.
O que dizem as
defesas.
- A advogada
Daniela Meggiolaro, que representa José Carlos Bumlai, afirmou que a sentença é
"de manifesta injustiça". Ela disse ainda que a defesa vai recorrer e
que confia que a decisão será reformada no Tribunal Regional Federal em segunda
instância.
- De acordo com
o advogado do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, Luiz Flávio Borges
D’Urso, a condenação é absolutamente sem base, sem qualquer prova.
“É uma
condenação que leva em consideração somente uma expressão trazida pelo delator
Schahin, que atribuiu ao senhor Vaccari um conhecimento que ele não tinha. A
lei brasileira proíbe condenação baseada exclusivamente em delação sem provas.
Vamos recorrer, sem dúvidas”, afirmou.
- A assessoria
de imprensa do Grupo Schahin foi procurada pela reportagem e ficou de dar um
retorno ainda nesta quinta-feira.
- O advogado de
Fernando Soares, Sérgio Riera, informou que ainda não teve acesso à sentença e
que vai se pronunciar mais tarde.
- A defesa de
Eduardo Costa Musa, representada pelo advogado Antônio Figueiredo Basto, não
quis comentar o assunto.
- “A sentença já
era esperada tendo em vista a colaboração dele”, afirmou a advogada de Nestor
Cerveró, Alessi Brandão.
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