EM DEPOIMENTO AO STF, EX-DIRETOR DA CÂMARA CONTRADIZ VERSÃO DE CUNHA.
Deputado havia dito que demitiu servidor por
descumprimento de horários.
Sérgio Sampaio disse que demissão se deu por suspeitas
de vazamento.
O ex-diretor-geral da Câmara
Sérgio Sampaio contradisse, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), a
versão do deputado licenciado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em relação à demissão, em
abril do ano passado, do então chefe da área de informática da casa
legislativa, Luiz Antonio Souza da Eira.
Na ocasião, Cunha afirmou que
havia demitido o diretor do Centro de Informática da Câmara porque funcionários
do setor de tecnologia da informação não estariam cumprindo a carga horária de 40
horas semanais prevista na legislação.
O STF ouviu nesta semana
testemunha da ação penal que investiga Eduardo Cunha por suspeita de ter
recebido US$ 5 milhões de uma fornecedora da Petrobras.
“Demiti porque a área de TI não
está cumprindo a carga horária de toda a Casa, de 40 horas semanais. Ele
quebrou minha confiança”, alegou, à época, o ex-presidente da Câmara.
Eira foi demitido por Cunha
depois de o jornal “Folha de S. Paulo” publicou uma reportagem que revelava
registros de computadores da Câmara em que o peemedebista aparecia como “autor”
de requerimentos citados como suspeitos em inquéritos da Operação Lava Jato.
O inquérito para investigar Cunha
na Lava Jato foi aberto com base em trecho da delação premiada do doleiro
Alberto Youssef, no qual o delator apontado como um dos articuladores do
esquema de corrupção afirmou que o depuatdo do PMDB teria apresentado
requerimentos na Câmara para pressionar uma fornecedora da estatal a retomar
pagamentos de propina.
Os requerimentos foram protocolados
na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, em 2011, e pediam
informações ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério de Minas e
Energia sobre contratos das empresas Toyo e Mitsui com a Petrobras. Em
depoimento à CPI da Petrobras, em março de 2015, Cunha afirmou que os
documentos eram de autoria da então deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), atual
prefeita de Rio Bonito (RJ).
Em abril do ano passado, a “Folha
de S.Paulo” apresentou registros do sistema oficial de computadores da Câmara
nos quais o nome do então presidente da Casa aparecia como "autor"
dos dois arquivos que teriam produzidos os requerimentos assinados por Solange.
Arrolado pelo próprio Cunha como
testemunha de defesa no processo no qual o peemedebista é acusado de ter recebido
ao menos US$ 5 milhões em propina de fornecedores da Petrobras, Sérgio Sampaio
prestou depoimento na Suprema Corte na última quinta (1º).
No tribunal, o ex-diretor-geral
da Câmara – que atualmente chefia a Casa Civil do governo do Distrito Federal afirmou
que Cunha demitiu o antigo chefe da área de informática por suspeitar que Eira
era o responsável pelo vazamento de informações para a imprensa que o ligavam
ao esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
"A exoneração dele Luiz
Antonio Souza da Eira se deu após o fato que ocorreu no âmbito da Câmara dos
Deputados, que eu tava lá trabalhando, e um dia chegaram algumas pessoas,
procuradores da República, peritos vinculados aqui ao Supremo para cumprir uma
ordem, um mandado do ministro Teori Zavascki no sentido de ter acesso e
vasculhar, digamos assim, alguns arquivos lá da Câmara dos Deputados.
Logo após esse fato, o então
presidente Eduardo Cunha achou que ele Eira teria tido alguma participação
nesse episódio, fazendo algum tipo de denúncia contra ele, algo assim.
Senha.
Em sua defesa, Cunha argumenta
que o nome dele aparece nos requerimentos porque ele, assim como outros
deputados, repassava a senha de acesso ao sistema da Câmara para assessores.
Segundo o deputado peemedebista,
assessores dele podem ter ajudado a então deputada Solange Almeida na
elaboração dos requerimentos.
Ao depor nesta semana ao Supremo,
o ex-diretor-geral da Câmara ressaltou que a orientação sempre foi para que os
deputados não repassassem a ninguém a senha que usavam para acessar o sistema
eletrônico da Casa.
"A nossa recomendação,
obviamente, como diretor da Câmara, era de que não fizesse compartilhasse a
senha com servidores.
Todas as pessoas que recebiam sua
senha tinham a responsabilidade de zelar pela sua senha. Agora, dizer que isso
não acontecia, eu não posso atestar.
“Eventualmente já ouvi dizer,
sim, que no ambito dos gabinetes, os deputados entregavam senhas para servidores
para que exercitassem, exercessem tarefas do dia a dia”, destacou Sampaio.
O que diz Cunha.
A defesa do ex-presidente da
Câmara afirmou à TV Globo que as testemunhas que depuseram até o momento
deixaram claro, em sua grande maioria, que a demissão de Luiz Antônio Souza da
Eira se deu porque ele se recusou a fazer com que os servidores de informática
cumprissem a carga horária integral, conforme solicitado pelo então presidente
da casa.
Com relação à senha pessoal do
deputado, a defesa alega que os parlamentares que já depuseram na ação penal,
em sua grande maioria, declararam que sequer sabem sua senha pessoal e que quem
as utiliza são os servidores dos gabinetes.
Fonte: G1 – DF.
Nenhum comentário:
Postar um comentário