IMINENTE A RECESSÃO NA ECONÔMIA.
Não há necessidade 'neste momento' de aumentar
impostos, diz Meirelles.
Declaração foi feita após divulgação de queda na
arrecadação do governo.
O ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, disse nesta quinta-feira (29) que não há necessidade de aumento de
impostos neste ano.
“Neste ano, não se configura
necessidade de aumento de impostos. Todas as projeções que estamos fazendo no
relatório bimestral da evolução das contas públicas mostram que não se
configura a necessidade de aumento de impostos, e essa queda de arrecadação
estava prevista nas nossas projeções", afirmou o ministro.
Para 2017, Meirelles também
apontou que não há previsão de aumento de impostos, acrescentando que há
expectativa de alta na arrecadação do governo pela retomada da atividade
econômica e por receita vinda de privatizações e concessões.
“A princípio, no Orçamento de
2017 não contemplamos neste momento a necessidade de aumento de impostos.
Existe sim uma necessidade de aumento da arrecadação total e acreditamos que
uma parte dela virá do crescimento do PIB, e também existe receita de
privatizações, concessões."
Números divulgados pela
Secretaria da Receita Federal nesta quinta mostram que a arrecadação de
impostos e contribuições federais não só continuou a cair em agosto, mas que o
recuo dos valores arrecadados se intensificou.
A arrecadação caiu 10% e
registrou o pior agosto em 7 anos. A arrecadação federal somou R$ 91,8 bilhões,
queda real (descontada a inflação) de 10,12% em relação ao mesmo mês de 2015.
Meirelles afirmou que que a queda
na arrecadação já era esperada, e acrescentou que o resultado “mostra a
necessidade de fazer o ajuste” proposto pelo governo.
“É uma tendência histórica já
comprovada de que quando o PIB está aumentando, a arrecadação cresce mais
ainda. Quando o PIB está caindo, a arrecadação cai mais.
O que nós estamos vendo agora é o
resultado dessa recessão profunda em que o Brasil entrou já no final de 2014.
Isso mostra a necessidade de fazer o ajuste que nós estamos propondo”, afirmou
Meirelles disse que há boas
perspectivas de aprovação pelo Congresso de medidas de ajuste econômico
propostas pelo governo, especialmente a limitação da evolução dos gastos
públicos pela inflação.
“É uma proposta que estamos hoje
bastante confiantes de que será aprovada.
Tivemos a reunião nesta semana e
estavam lá grande parte dos líderes partidários no Palácio da Alvorada. “O
resultado foi bastante positivo”, afirmou.
O ministro afirmou que a expectativa
é que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita o crescimento dos
gastos seja aprovada ainda neste ano pelo Congresso.
Perguntado sobre o quanto o
governo estaria disposto a "ceder" para que a proposta seja aprovada,
Meirelles respondeu que "não há muito o que ceder". "A PEC é
muito simples e muito objetiva. Ela não há muito o que ceder", disse.
Previdência.
Meirelles também voltou a
defender a necessidade de uma reforma na Previdência, afirmando que a carga
tributária “teria que aumentar 10% nos próximos anos só para bancar o aumento
do déficit da Previdência”.
O ministro relatou uma viagem que
fez à Alemanha para ilustrar a defesa da reforma do sistema brasileiro. “Era a
época em que a Grécia estava tendo problemas.
Eu provoquei o taxista e
perguntei: ‘você não acha que a Alemanha deveria ajudar a Grécia?’. Ele
respondeu: ‘se eu acho que eu vou ter que trabalhar até os 67 anos de idade
para pagar a aposentadoria do grego que se aposenta com 60? Não. “Eles vão ter
que trabalhar um pouco mais também.”
A proposta de reforma, segundo
Meirelles, "ainda não está definida".
"A idéia é enviar a reforma
da Previdência ao Congresso nas próximas semanas e esperamos que ela seja
aprovada no correr do ano que vem, idealmente no primeiro semestre."
"É o que nós temos dito,
mais importante do que a idade com que a pessoa vai se aposentar, se é mais
alguns anos pra lá ou mais alguns anos pra cá, é a garantia de que todos vão
receber a aposentadoria", repetiu o ministro. "Em alguns estados
[brasileiros] já tem preocupação com a solvência das previdências estaduais. Em
muitos países, a Previdência quebrou."
'Momento de ajuste'.
O ministro disse que melhora dos
índices de confiança e perspectivas para a economia não deve ser entendida como
solução para a atual crise brasileira.
“Temos passado a mensagem de que
esta retomada da confiança e melhora gradativa das perspectivas não devem fazer
com que se passe a se achar que o problema está resolvido. Existe uma
antecipação das mudanças, mas essas mudanças precisam ser concretizadas”,
afirmou.
“É o momento do ajuste, e essa é
a boa notícia”, disse Meirelles, que participou de evento com empresários em
São Paulo.
Fonte: G1 – DF.
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