'TROPEÇO' FOI FATIAR VOTAÇÃO DO IMPEACHMENT, DIZ GILMAR MENDES.
Ministro rebateu declaração de Ricardo
Lewandowski sobre afastamento de Dilma.
O presidente do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF),
Gilmar Mendes, contestou nesta quinta-feira (29) as declarações do também
ministro do STF, Ricardo Lewandowski, que disse que o impeachment de Dilma
Rousseff havia sido um "tropeço" na democracia.
“Acho que o
único tropeço que houve foi aquele do fatiamento, o DVS destaque para votação
em separado da própria Constituição, no qual teve contribuição decisiva o
presidente do Supremo”, disse Gilmar. Lewandowski, que à época presidia o STF,
conduziu o julgamento do impeachment no Senado.
No julgamento do
impeachment, Lewandowski aceitou o destaque apresentado pela bancada do PT, que
pediu que a votação do impeachment fosse dividida em duas partes. Assim, Dilma
manteve os direitos políticos, apesar de ter tido o seu mandato cassado.
'Tropeço' foi
fatiar votação do impeachment, disse Gilmar Mendes, rebatendo Lewandowski.
'Tropeço da
democracia'
Ricardo
Lewandowski afirmou na segunda-feira (26) que o impeachment de Dilma Rousseff
foi um "tropeço na democracia" do Brasil.
"Esse
impeachment, todos assistiram e devem ter a sua opinião sobre ele, mas encerra
exatamente um ciclo, daqueles aos quais eu me referia, a cada 25, 30 anos no
Brasil, nós temos um tropeço na nossa democracia. Lamentável” declarou.
A declaração foi
feita durante aula ministrada pelo ministro na Faculdade de Direito da USP, da
qual é professor titular, e foi registrada pela revista Carta Capital e pela
Caros Amigos.
Lewandowski
argumentou que o modelo do presidencialismo de coalizão, com diversos partidos
políticos, levou ao processo de cassação da ex-presidente.
"O
presidencialismo de coalizão saiu disso, com grande número de partidos
políticos, até por erro do Supremo, que acabou com a cláusula de barreira, e
deu no que deu", disse o ministro.
A reforma do
ensino médio imposta pelo governo de Michel Temer por meio de Medida
Privisória, sem debate com a sociedade, também foi criticada pelo ministro do
STF.
"Alguns
inominados, fechados lá no gabinete, que resolveram: 'vamos tirar educação
física, artes, isso e aquilo'. Não se consultou a população", afirmou.
Para
Lewandowski, o governo precisa realizar mais plebiscitos e referendos, para
consultar a população sobre leis importantes antes de elas entrarem em vigor,
como no referendo de 2005 em relação ao desarmamento.
"Entre nós, a
participação popular é muito limitada", disse. "Raramente houve
plebiscito ou referendo."
Fonte:
Agência Brasil.
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