EX-PRESIDENTE DO FUNCEF GUILHERME LACERDA É PRESO, DIZ POLÍCIA FEDERAL.
Prisão aconteceu em Vila Velha, no
Espírito Santo, nesta segunda-feira.
Operação da PF investiga
irregularidades em fundos de pensão.
O ex-diretor do
Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e ex-presidente do Fundo de Pensão de
Funcionários da Caixa (Funcef), Guilherme Lacerda, foi preso temporariamente, segundo
a Polícia Federal, na manhã desta segunda-feira (5). A informação foi
confirmada pela PF em Brasília.
A prisão
aconteceu na casa dele, em Vila Velha, na Grande Vitória, durante uma operação
que investiga irregularidades em quatro dos maiores fundos de pensão do país,
todos ligados a estatais.
Um mandado de
busca e apreensão também é cumprido em Vila Velha.
Lacerda foi
detido e levado para a sede da Polícia Federal, em Vila Velha, para prestar
depoimento sobre o caso.
Na casa de
Lacerda, em Vila Velha, a equipe de reportagem não foi atendida.
Os desvios em
todo o Brasil são estimados em pelo menos R$ 8 bilhões.
Ao todo, são
cumpridos 106 mandados de busca e apreensão, 34 mandados de condução coercitiva
e 7 mandados de prisão temporária.
De acordo com a
Polícia Federal, os alvos são 74 pessoas e 38 empresas ou entidades.
Operação.
Os focos da
operação "Greenfield" são a Funcef (fundo de pensão de funcionários
da Caixa), a Petros (Petrobras), a Previ (Banco do Brasil) e o Postalis
(Correios).
A ação da PF
conta com auxílio do Ministério Público Federal, da Superintendência Nacional
de Previdência Complementar (Previc) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Os mandados
foram expedidos pela 10ª Vara Federal de Brasília. As ações ocorrem em São
Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa
Catarina, Amazonas e no Distrito Federal.
Em São Paulo, a
PF cumpriu mandados nas empresas Eldorado, Engevix, OAS e WTorre. O ex-diretor
da OAS, Léo Pinheiro, foi alvo de condução coercitiva. Ele já estava em prisão
domiciliar pela Lava Jato.
"A decisão
judicial ainda determinou o seqüestro de bens e o bloqueio de ativos e de
recursos em contas bancárias de 103 pessoas físicas e jurídicas que são alvos
da operação no valor aproximado de R$ 8 bilhões", informou a Polícia
Federal.
De acordo com a
corporação, as investigações foram motivadas após a revelação da causa de déficits bilionários de fundos do tipo.
"De dez casos, oito são relacionados a investimentos realizados de forma
temerária ou fraudulenta pelos fundos de pensão, por meio dos FIPs (Fundos de
Investimentos em Participações)", disse a polícia.
Os
investigadores observaram a configuração de núcleos criminosos: o empresarial,
o dirigente de fundos de pensão, o núcleo de empresas avaliadoras de ativos e o
núcleo de gestores e administradores dos fundos de investimentos em
participações.
De acordo com a
PF, os investigados podem ser indiciados por gestão temerária ou fraudulenta.
Também podem responder por crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.
Ao todo,
participaram da operação iniciada pela manhã cerca de 560 policiais federais,
12 inspetores da CVM, 4 procuradores federais da CVM, 8 auditores da Previc e 7
procuradores da República.
Fundos de pensão.
Um fundo de
pensão é uma entidade sem fim lucrativo criada para proporcionar a renda de
aposentadoria de trabalhadores de determinada carreira. Ela gere o patrimônio
de contribuição de participantes. Os primeiros fundos do tipo surgiram na
década de 1960.
A suspeita de
irregularidades nessas entidades motivou a criação de uma CPI na Câmara, em
agosto de 2015. O relatório final sugeriu ao Ministério Público o indiciamento
de 353 envolvidos (entre pessoas e instituições), apontadas como responsáveis
por um prejuízo de R$ 6,6 bilhões a quatro fundos de pensão.
O objetivo da
CPI era apurar indícios de fraude e má gestão de fundos de previdência
complementar de funcionários de estatais e servidores públicos, entre 2003 e
2015, que causaram prejuízos aos seus participantes. Os quatro fundos
investigados pela CPI eram Postalis.
ONDE SÃO
CUMPRIDOS OS MANDADOS.
DF: 20 mandados
de busca e apreensão, 6 conduções coercitivas e 5 mandados de prisão temporária.
São Paulo:
São Paulo - 44
mandados de busca e apreensão, 17 conduções coercitivas e 1 prisão temporária.
Campinas - um
mandado de busca e apreensão e um de condução coercitiva;
Santos - um
mandado de busca e apreensão
Rio de Janeiro:
Rio de Janeiro -
28 mandados de busca e apreensão, 7 conduções coercitivas e 1 prisão temporária
Niterói: três
mandados de busca e apreensão e um de condução coercitiva
Espírito Santo:
Vila Velha - um
mandado de busca e apreensão e um prisão temporária
Bahia:
Salvador - um
mandado de busca e apreensão e uma condução coercitiva.
Ilhéus - um
mandado de busca e apreensão
Paraná:
Curitiba - um
mandado de busca e apreensão;
Rio Grande do
Sul:
Porto Alegre -
dois mandados de busca e apreensão e um de condução coercitiva
Santa Catarina:
Florianópolis -
três mandados de busca e apreensão, um de condução coercitiva e um mandado de
prisão temporária
Amazonas.
Manaus - dois
mandados de busca e apreensão
Segundo a
Polícia Federal, o número de mandados (de busca e apreensão, condução
coercitiva e prisão) é diferente do numero total de alvos porque parte deles
teve medidas cumpridas em mais de um endereço.
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