quinta-feira, 2 de julho de 2015

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 'QUINTA-FEIRA' - 2 DE JULHO DE 2015

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge.

FORMALIZAR O QUE ESTÁ.

Nobres.
Ficou patenteado de que a reforma política em curso, atende tão somente aos mais elevados interesses dos Deputados e Senadores, um colégio específico para deliberar a sua maneira para “eleger” o padrão do corporativismo em que momento nenhum veio ao encontro das aspirações do nosso povo. Observemos: - Durante a “festa” do legislativo em curso, a Câmara dos Deputados rejeitou a Proposta de Emenda à Constituição que impedia coligações partidárias nas eleições proporcionais (deputados federais, estaduais e vereadores). Assim, o eleitor continuará sujeito ao risco de eleger candidato diverso – e de partido diferente – daquele a quem confiou o seu voto, mantendo nefasto distanciamento entre representante e representado. Na prática, o slogan “não me representa” se confirma. Atualmente, deputados e vereadores são eleitos da seguinte forma: divide-se o número de votos válidos pelo número de cadeiras a serem preenchidas no parlamento. O resultado dessa divisão é o chamado quociente eleitoral. Se houver mil votos e dez cadeiras, o quociente será 100. Deste modo, a cada 100 votos conquistados, o partido terá direito a uma vaga. Um partido com 500 votos terá direito a cinco vagas, reputando-se eleitos os cinco candidatos mais votados da agremiação. Com freqüência, este sistema de representação proporcional permite que o cidadão dedique seu voto ao candidato A, mas acabe elegendo o candidato B. Sendo os dois do mesmo partido, não haveria maiores prejuízos, visto que, em tese, ambos seriam fiéis ao mesmo programa partidário. O problema surge na medida em que se admite a coligação entre vários partidos nas eleições proporcionais. Durante o período eleitoral, agremiações coligadas funcionam como se fossem um só partido. O eleitor continuará sujeito ao risco de eleger candidato diverso e de partido diferente daquele a quem confiou o seu voto. Os defensores das coligações sustentam que elas são essenciais para a sobrevivência dos pequenos partidos que, sozinhos, não teriam votos suficientes para alcançar o quociente eleitoral. Ocorre que, no Brasil, há 32 partidos registrados. Não havendo no mundo contemporâneo ideais, ideologias ou programas que justifiquem tamanha variedade, é evidente que muitos partidos são criados somente para receber os generosos recursos (públicos) do Fundo Partidário, bem como para ter acesso gratuito ao rádio e à televisão (acesso que de gratuito nada tem, pois as emissoras recebem compensação fiscal). Durante as eleições, geralmente os pequenos partidos, mediante o estabelecimento de coligação, cedem seu tempo de rádio e televisão às grandes legendas, em troca de cargos no futuro governo. Sendo esse o modelo que permitiu que os atuais deputados federais ascendessem aos seus cargos, não surpreende que tenham rejeitado o fim das coligações nas eleições proporcionais, embora perante a opinião pública atribuam todas as mazelas do país ao sistema político que criaram, cultivaram e que os alimenta com fartura. Ao cidadão, resta estar ciente sobre o modo como são eleitos os parlamentares e atentos ao destino do seu voto, quer deixando de votar em partidos coligados nas eleições proporcionais, quer examinando todo o candidato da coligação, evitando a eleição de quem não o representa.

Antônio Scarcela Jorge.

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