quinta-feira, 23 de julho de 2015

PEDALADAS - GOVERNO DA ANARQUIA PENSA ESTÁ ACIMA DA LEI

GOVERNO ENTREGA AO TCU DEFESA EM PROCESSO DAS 'PEDALADAS FISCAIS'.


Tribunal avalia se recomenda rejeição de contas de 2014 do governo Dilma.
Relator disse que encaminhará dados à área técnica e pediu análise 'urgente'.


A Advocacia-Geral da União (AGU) entregou nesta quarta-feira (22) ao Tribunal de Contas da União (TCU) a defesa da presidente Dilma Rousseff no processo sobre as chamadas “pedaladas fiscais” do governo. O TCU avalia se atrasos nas transferências do Tesouro Nacional a bancos públicos para pagamento de programas sociais, como o Bolsa Família, feriu a Lei de Responsabilidade Fiscal.

O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, foi pessoalmente, no final desta tarde, ao gabinete do presidente do TCU, Aroldo Cedraz, entregar o documento exigido pelo Tribunal. São 110 páginas de argumentação e outras 900 páginas de documentos anexos. De acordo com o relator do caso no TCU, ministro Augusto Nardes, não há previsão para o processo ser levado ao plenário do tribunal.

Por causa do adiamento das transferências a instituições como a Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES, essas instituições tiveram de usar recursos próprios para honrar os compromissos, numa espécie de "empréstimo" ao governo. Essa manobra, classificada de “pedalada fiscal”, destinou-se a aliviar momentaneamente o quadro fiscal do país, com o congelamento de despesas.

Em junho, o TCU adiou a votação do relatório prévio que analisa as contas do governo referentes a 2014, e deu prazo de 30 dias para que a presidente da República esclarecesse indícios de irregularidades encontradas pela fiscalização. De acordo com o tribunal, as “pedaladas fiscais” dos últimos quatro anos somam R$ 40 bilhões.

O governo argumenta que não há irregularidades na manobra de atraso de pagamentos a bancos públicos e diz que esse procedimento já foi realizado pelos governos Fernando Henrique Cardozo e Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o advogado-geral da União, o uso de recursos próprios das instituições financeiras para pagamento de programas sociais ocorre desde 2000.

Os auditores do TCU afirmam que os atrasos nos repasses, e a não contabilização das dívidas com os bancos públicos contribuíram para “maquiar as contas públicas.” A prática de atrasar os repasses permitiu ao governo melhorar o resultado das contas públicas, inflando o chamado superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública e tentar manter a trajetória de queda). O órgão de fiscalização também destaca que o volume de operações no governo Dilma foi muito superior ao realizado nas gestões de outros presidentes.

Em sessão do plenário do tribunal na tarde desta quarta, o relator do processo no TCU, ministro Augusto Nardes, disse que encaminhará a defesa de Dilma para análise técnica e distribuirá cópia a todos os demais membros do tribunal. Ele também disse que pedirá que a avaliação seja feita com “urgência”.

Imediatamente após receber a documentação encaminharei à unidade técnica que detém competência para fazer análise, a Secretaria de Macro avaliação Governamental (Semag). Determinarei que o exame seja realizado na urgência que esse tema requer. Em prestígio à tradição de decisão colegiada, encaminharei cópia da defesa a todos os ministros e ao procurador-geral, anunciou.

Trâmite.

A expectativa é de que o TCU decida em agosto se recomenda a reprovação ou aprovação das contas de Dilma. O parecer é encaminhado ao Congresso Nacional, que terá a palavra final sobre o caso.

Eventual recomendação de rejeição das contas pelo TCU seria inédita, já que nunca a corte votou pela reprovação. Em 1937, durante a ditadura de Getúlio Vargas, o ministro do TCU Carlos Thompson Flores apresentou parecer pela rejeição das contas do governo do ano anterior. Seu parecer, porém, não foi aprovado pelo plenário da corte.

O trâmite prevê que o relatório do órgão de fiscalização seja primeiro avaliado pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso e, depois, pelo plenário da Câmara e do Senado ou em sessão conjunta do Congresso Nacional, caso haja um acordo entre as Casas.

Por se tratar de um parecer, mesmo que o TCU vote pela rejeição das contas os parlamentares têm dois caminhos a seguir: podem optar por acolher a sugestão da corte e reprovar as contas ou votar pela aprovação delas.

Se as contas do governo forem realmente rejeitadas nessas votações, a presidente Dilma Rousseff, isso poderá ser usado como argumento para abertura de processo de impeachment, sob o argumento de que ela feriu a Lei Orçamentária e, portanto, cometeu crime de responsabilidade.

Outro cenário possível caso o TCU rejeite as contas é a aprovação do balanço pelo Congresso. Apesar de pouco provável, a decisão é possível já que a última palavra é do Congresso. Neste caso, a tendência é que as contas sejam aprovadas com ressalvas. Na prática, as ressalvas não implicam em punições significativas. Elas indicam, apenas, que há problemas a serem corrigidos na gestão fiscal para o próximo ano.
Fonte: Agência O Globo.

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