COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
ABUSAR DA RETÓRICA.
Nobres:
Não se pode conceber que alta, mas aturdida cúpula
petista a capacidade de explicar como pode ser “golpismo” um processo realizado
dentro do marco institucional brasileiro. A ação que pede a cassação da chapa
Dilma-Michel Temer foi protocolada pelo PSDB no TSE, a quem caberá julgar com
base nas informações e provas coletadas e é preciso lembrar que, mesmo
homologadas pelo Supremo Tribunal Federal, as delações premiadas segundo as
quais a campanha petista de 2014 teria sido irrigada com dinheiro ilícito não
são suficientes para uma condenação, pois é preciso haver evidências que
comprovem as afirmações dos delatores. E esta é apenas uma das frentes que
podem complicar a permanência de Dilma no Planalto. Outra possibilidade, por
enquanto até mais real que a da impugnação da candidatura, é a rejeição das
contas do governo pelo Tribunal de Contas da União (TCU), tantas são as
evidências das “pedaladas” feitas para maquiar as contas públicas e burlar a
Lei de Responsabilidade Fiscal. Neste caso, estaria aberto o flanco para um
pedido de impeachment, que ainda assim teria de seguir todo o rito previsto
pela legislação brasileira. Pois, no fundo, é isso que está em jogo: a noção de
que não há ninguém acima das leis. E não é a oposição que vem se julgando como
tal. Pelo contrário: no escândalo dos atos secretos do Senado, em 2009, o então
presidente Lula defendeu seu antigo desafeto e depois aliado José Sarney: “O
Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se
fosse uma pessoa comum”. Ora, se o líder máximo do PT pensa isso de alguém como
Sarney, o que o partido não pensará dos seus? A resposta pode estar nos gritos
de “guerreiro do povo brasileiro” que os mensaleiros condenados ouviram e
seguem ouvindo em cada reunião do PT. Os petistas que gritaram “fora Collor” e
“fora FHC” jamais se consideraram golpistas. Mas tentam passar um golpe, aqui,
no sentido de mentira contada para obter vantagens no eleitor incauto quando
chamam a oposição de “golpista” por recorrer a meios legítimos, que fazem parte
do jogo democrático e estão previstos no marco institucional justamente para
proteger a sociedade de governos corruptos. Se vier a rejeição das contas pelo
desacerto fiscal, se forem comprovadas irregularidades na campanha de 2014, ou
se vier à tona qualquer prova que ligue a presidente Dilma a algum outro “malfeito”
(para usar um termo de seu gosto), ela está sujeita à lei tanto quanto qualquer
brasileiro. Golpe seria pretender algo diferente do cumprimento das regras
democráticas. O petismo não se conforma com esta situação gerada por eles
próprios: mensalão, Petrolão, corrupção iniciada no governo de Lula, ensejando obediência
ao novo ciclo de corrupção onde protagonistas estiveram a frente de atos
escusos comandados por José Dirceu, José Genuíno, (a quadrilha dos
Zés – adágio popular empregado pelo caipirismo nordestino) - Antônio
Palocci – (duas vezes nos dois governos de Lula; tesoureiros do PT – diretores
da Petrobras, empreiteiros ainda incluso os menos “larápios” em que a sociedade
é sabedora.
Antônio
Scarcela Jorge.
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