segunda-feira, 27 de julho de 2015

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - SEGUNDA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2015

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge

A IMAGEM DA DESCRENÇA.

Nobres:
É por deveras inquietante a análise dos anseios dos brasileiros em relação ao governo e às instituições, revelado por recente pesquisa CNT/MDA. O ceticismo com o Executivo, expressa pelos 70,9% que consideram o governo ruim ou péssimo, acrescenta-se agora a desconfiança com o final da Operação Lava-Jato. Ampla maioria de 67,1% não acredita na punição dos envolvidos em corrupção na Petrobras. O número é surpreendente, no contexto da reconhecida mobilização da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça para que o desfecho das investigações e dos processos seja o melhor possível. Mas esse não é um dado a ser apenas lamentado. A imagem da desesperança é um desafio às instituições, para que se revertam expectativas em desacordo com os esforços de todos os envolvidos no esclarecimento do caso em questão. Pesquisas devem ser entendidas em seu contexto e ter seus resultados relativizados. Mas está claro, pela grandeza do percentual de desencantados, que a realidade é achaque para um vasto contingente de brasileiros. Todas as instituições referidas e mais o Congresso estão diante da chance única de oferecer respostas, não às pesquisas, mas às pessoas nelas representadas. É compreensível que, na sucessão de desmandos envolvendo ex-executivos da estatal, empresários e políticos, a população exponha suas dúvidas em relação a eventuais condenações. O país reproduz uma percepção que não é nova e que se manifesta principalmente em momentos como este. Espalha a sensação de que as ações podem resultar em nada. E prosperam as teorias oportunistas, típicas dessas circunstâncias. Por este lado temos um país em que também os governos, os políticos e toda a sua estrutura institucional façam sua parte e a descrença dê lugar à convicção de que autoridades e população convergem para a prevalência dos interesses coletivos. As respostas a figura do pessimismo devem ser construídas sem vacilações. O momento é particularmente desafiador para a Justiça. A sociedade saberá dizer, não só em pesquisas, em que momento suas piores expectativas foram substituídas pela certeza de que as instituições funcionam na sua integralidade. Assim esperamos.
Antônio Scarcela Jorge.

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