CÂMARA AUTORIZA GASTO DE ATÉ R$ 100 MIL EM CAMPANHAS DE PREFEITOS.
Medida só vale para municípios com até 10 mil habitantes.
Candidato pode optar por gastar 70% do valor da eleição anterior.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (14),
pela diferença de um voto, 194 votos a favor e 193 contra, uma emenda ao
projeto de lei da reforma política que dá a candidatos a prefeito de pequenos
municípios a possibilidade de gastar até R$ 100 mil em vez de cumprir a regra
de 70% da campanha mais cara da eleição imediatamente anterior.
O texto-base do projeto foi aprovado na
última quinta pelo plenário e os deputados iniciaram nesta tarde a análise de
propostas de alteração da redação.
Pela emenda aprovada, em municípios com até 10 mil
habitantes, o candidato a prefeito poderá gastar R$ 100 mil em vez de 70% do maior
valor gasto na eleição anterior, conforme foi aprovado na última quinta-feira
(9) pelo plenário.
Os candidatos a vereador, poderão gastar R$ 10 mil em
vez do percentual de 70%. O objetivo da emenda é ampliar a possibilidade de
gastos em pequenas cidades onde as campanhas mais caras foram inferiores a R$
100 mil, na eleição para prefeito, e R$ 10 mil na disputa para vereador.
Os deputados aprovaram ainda, nesta tarde, emenda que
prevê que cada partido poderá registrar à Câmara dos Deputados, Câmara Legislativa,
Assembleia Legislativa e Câmara Municipal até 150% de candidatos em relação ao
número de vagas disponíveis. No caso de haver coligação entre legendas, cada
uma poderá registrar como candidatos até 100% do número de lugares a preencher.
Atualmente, os partidos indicam até 150% de candidatos
em relação ao número das vagas, enquanto as coligações podem indicar até 200%.
Já o texto-base do relator da minirreforma política, deputado Rodrigo Maia
(DEM-RJ), permitia que os partidos apresentassem candidatos em número
equivalente a até 110% das vagas de cada cargo. A emenda aprovada mantém a
regra atual de 150%. No caso de coligações, o texto do relator estipulava até
150% dos lugares a preencher. A emenda diminuiu para 100%.
Antes disso, o plenário rejeitou um destaque do PSDB e
manteve a redução prevista no texto-base, de um ano para seis meses, do tempo
exigido de filiação partidária do candidato ao partido pelo qual concorrerá nas
eleições.
Texto-base.
Apresentado como complemento à proposta de emenda à Constituição da reforma política, o projeto de lei analisado pelos deputados limita gastos em campanha, fixa teto de doações de pessoas jurídicas e veda a doação de empresas que executam obras públicas.
A proposta também reduz a duração da campanha eleitoral
de 90 para 45 dias e diminui o tempo da propaganda eleitoral gratuita no rádio
e na televisão de 45 para 35 dias. Além disso, o texto restringe as regras de
acesso de candidatos aos debates eleitorais nas emissoras de TV.
Pelo texto-base aprovado, serão impedidas de financiar
campanhas companhias que executam obras públicas. A intenção é garantir a
doação de prestadoras de serviços, como de limpeza e segurança, e de empresas
fornecedoras de produtos e alimentos.
A pessoa jurídica que descumprir a regra poderá pagar
multa no valor de cinco a dez vezes a quantia doada, além de ficar proibida de
participar de licitações e celebrar contratos com o poder público pelo período
de cinco anos. De acordo com o projeto, essas punições serão definidas e
aplicadas pela Justiça Eleitoral após processo “no qual seja assegurada ampla
defesa”.
Teto de
doações.
O projeto também fixa teto de R$ 20 milhões como gasto
máximo para o financiamento de campanha eleitoral por pessoas jurídicas.
Atualmente, doações de empresas a campanhas obedecem à regra do limite de 2% do
faturamento bruto, o que foi mantido pelo texto aprovado nesta quinta. No
entanto, a norma atual não estabelece teto com valor monetário fixo.
Outra imposição nova é a regra que impede uma
companhia de doar mais que 0,5% do faturamento bruto a um único partido. Ou
seja, o limite de 2% continua, mas desde que diluído entre ao menos quatro
siglas.
A pessoa jurídica que não obedecer a regra poderá ser
impedida de participar de licitações e de firmar contratos públicos por cinco
anos, além de pagar multa de cinco a dez vezes o valor da doação.
O texto mantém o limite de contribuições de pessoas
físicas a 10% dos rendimentos brutos obtidos no ano anterior à eleição, mas
prevê que a soma de doações para um mesmo partido ou candidato não pode
ultrapassar um quarto desse valor.
Transparência.
A proposta visa ainda dar maior transparência ao financiamento de campanha ao exigir que os partidos publiquem rapidamente, na internet, informações sobre os recursos que forem recebendo. Conforme o texto, doações em dinheiro recebidas para financiamento eleitoral devem ser divulgados até 72 horas após o recebimento.
Além disso, no dia 15 de setembro do ano eleitoral,
deve ser divulgado um relatório discriminando todas as transferências do Fundo
Partidário, os recursos em dinheiro e os estimáveis em dinheiro (empréstimo de
carro e passagens aéreas, por exemplo), bem como os gastos realizados. Essas
informações deverão ser publicadas em um site que será criado para este fim
pela a Justiça Eleitoral.
Teto de
gastos.
O projeto fixa ainda teto de gastos nas eleições
baseado em percentuais de despesas declaradas nas disputas eleitorais
imediatamente anteriores à entrada em vigor dessa lei.
De acordo com a proposta, para o primeiro turno das eleições
de presidente da República, governadores e prefeitos, o limite de gasto nas
campanhas de cada candidato será de até 70% do maior gasto declarado para o
cargo, quando a disputa foi definida em primeiro turno. Nos casos em que a
eleição foi para o segundo turno, o limite será de 50% do maior gasto
declarado.
Nas eleições para o segundo turno, o limite, segundo o
projeto, será de 30% do teto previsto em primeiro turno. No caso de pleito para
senador, vereador, deputado estadual e distrital, o limite será de 70% do maior
gasto declarado para o respectivo cargo, na eleição anterior à promulgação da
lei.
A exceção, com a aprovação de uma emenda pelos
deputados, será em municípios com até 10 mil habitantes. Nessas localidades,
candidatos a prefeito poderão optar por gastar até R$ 100 mil, em vez do
percentual de 70%, e candidatos a vereador poderão gastar até R$ 10 mil.
O relator estabeleceu uma regra diferente para fixar o
limite às campanhas de deputado federal. O teto será de 65% do maior gasto
efetuado nas últimas eleições para o cargo no país.
O PT criticou essa diferenciação alegando que irá
aumentar o gasto de campanha. “Isso vai dar um valor de R$ 5 milhões. Quem acha
que tem R$ 5 milhões para sustentar uma campanha a deputado federal no Acre?”,
questionou o deputado Henrique Fontana (PT-RS).
Propaganda
eleitoral.
O projeto também reduz a duração da campanha eleitoral
de 90 para 45 dias. Além disso, diminui o tempo da propaganda eleitoral
gratuita no rádio e na televisão.
Atualmente, as emissoras de televisão e de rádio têm
que abrir espaços pré-determinados na programação, de manhã, de tarde e de
noite, para candidatos e partidos durante 45 dias. Pelo texto, esse período
terá duração de 35 dias. O texto anterior do relator reduzia para 30 dias, mas Rodrigo
Maia acrescentou mais cinco dias após demanda do PSDB.
O objetivo é modernizar e reduzir o custo da
propaganda eleitoral gratuita. Nas eleições gerais para presidente,
governadores, senadores, deputados federais e estaduais, o tempo de duração da
propaganda eleitoral gratuita também vai mudar.
Atualmente, são dois blocos de 50 minutos por dia,
mais 30 minutos distribuídos ao longo da programação. Pelo projeto, passaria
para dois blocos de 25 minutos e outros 70 minutos ao longo da programação. As
inserções serão de 30 segundos a um minuto, entre 5h e 0h, atualmente, vai de
8h a 0h.
A proposta também limita o uso de recursos artísticos
nas propagandas, para evitar publicidades “cinematográficas”. Pelo texto, o
programa eleitoral terá a participação dos candidatos e dos apoiadores, que só
poderão participar no limite de 10% do tempo total. O relatório anterior previa
20% do tempo para os apoiadores.
De acordo com o projeto, não poderão ser usados
“efeitos especiais, cenas externas, montagens, trucagens, computação gráfica,
edições e desenhos animados”. Esses recursos só serão permitidos em vinhetas de
abertura e encerramento.
Debate
eleitoral.
O projeto também altera as regras atuais de
participação nos debates eleitorais em emissoras de televisão, nas eleições
majoritárias e proporcionais. Atualmente têm direito a participar candidatos de
partidos que possuam pelo menos um representante na Câmara dos Deputados.
Pelo texto aprovado pelos parlamentares, será
assegurada a participação de candidatos dos partidos com representação superior
a nove representantes na Câmara dos Deputados. Com isso, candidatos de partidos
menores não terão acesso a essa participação na televisão, como ocorreu na
última eleição presidencial, quando participaram dos debates os candidatos Levy
Fidelix (PRTB) e Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV) – os três são de
partidos com menos de nove deputados eleitos.
O projeto prevê que, no primeiro turno, se 2/3 dos
candidatos concordarem, o número de participantes nos debates poderá ser
reduzido aos com mais chance de vitória.
Prova em
processos.
O projeto também limita a utilização de alguns meios
de prova em processo de cassação de mandato. De acordo com o texto, gravação de
conversa privada, ambiental ou telefônica não poderá ser utilizada em processo
eleitoral se for feita por um dos partícipes sem o conhecimento do outro ou sem
prévia autorização judicial.
A prova testemunhal, quando for exclusiva, também não
será aceita nos processos que possam levar à perda do mandato.
Fonte: Agência O Globo.
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