COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
IMORALIDADE OFICIAL.
Nobres:
É “hilário”
admitir no seio da sociedade comum entre corruptos e corruptores deste “Brasil
vergonha” em que os ladrões dizem a quatro séculos que esta mácula vem desde o
disfarçado “descobrimento”. Nessa premissa ocorreu cotidiano da infecta
política, onde a anarquia, corrupção e os desmandos quando em depoimento à CPI
da Petrobras, o ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, acrescentou mais um
elemento para reflexão a respeito das doações de empresas a campanhas
eleitorais. Cardozo admitiu que as doações legais registradas no TSE, podem ser
criminosas se o recurso for ilícito e se o destinatário tiver ciência disso. É,
ao mesmo tempo, uma admissão de que o sistema de doações por empresas privadas
precisa ser reformulado e um argumento para os políticos beneficiados, que
dificilmente dirão que sabiam da origem dos recursos. Muitos dos beneficiados já têm recorrido a esse argumento, com a desculpa de
que não poderiam saber de nada, porque boa parte das doações foi feita aos
partidos, e não diretamente aos políticos. O desafio para as instituições é
identificar, a partir das suspeitas levantadas, quem de fato usufruiu de
esquemas delituosos, sabendo do que se tratava, e quem ignorava a origem
criminosa dos recursos. É uma tarefa complexa, de difícil execução. Uma decisão
política evitaria que se mantivessem as dúvidas sobre a cumplicidade ou não de
beneficiários de doações de empresas privadas, sejam ou não empreiteiras. Bastaria que os próprios parlamentares, com engajamento decisivo do Executivo,
proibissem que pessoas jurídicas financiassem partidos e candidatos. Mas não é
isso o que os congressistas querem como ficou claro na primeira votação do tema
pela Câmara, quando foram mantidas as doações privadas aos partidos. O assunto
volta à pauta em agosto, para uma segunda votação, quando os deputados terão a
chance de eliminar os financiamentos que estão na origem da maioria dos casos
de corrupção, quando em passe de magia tente eliminar efeitos do
corporativismo.
Antônio Scarcela Jorge.
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