JUSTIÇA FEDERAL AUTORIZA QUEBRA DE SIGILO DE CONTAS DA ODEBRECHT.
Investigação suíça liga contas no
exterior a ex-diretores da Petrobras.
Nesta sexta (24) MPF denunciou presidente e ex-executivos da empresa.
A pedido do Ministério Público Federal (MPF), o juiz
Sergio Moro autorizou a quebra de sigilo de contas bancárias ligadas ao grupo
Odebrecht no exterior. A decisão é de quinta-feira (23) e tem como base uma
série de documento compartilhada pelas autoridades suíças com o MPF. A
Odebrecht, junto com a empreiteira Andrade Gutierrez, foi alvo de investigação
da 14ª fase da Operação Lava Lato, que apura um esquema bilionário de
corrupção e desvio de dinheiro da Petrobras.
Nesta sexta-feira (24), o MPF denunciou 22 pessoas.
Entre elas, estão os presidentes da Odebrecht S.A., Marcelo Odebrecht e da
Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo. As empresas são as duas maiores
construtoras do Brasil. A Odebrecht tem negado irregularidades.
Conforme informado pelo MPF, a Suíça apresentou documentos que comprovam movimentação bancária
milionária entre contas do grupo Odebrecht e contas de Paulo
Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento; Renato Duque, ex-diretor de
Serviços; Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços; Jorge Zelada e Nestor Cerveró,
ambos ex-comandantes da área Internacional.
“O quadro probatório justifica a quebra do sigilo
bancário sobre contas no exterior utilizadas pelo Grupo Odebrecht para o
pagamento de propina em contas em nome de offshores controladas por Paulo
Roberto Costa, Pedro Barusco, Renato Duque, Nestor Cerveró, Jorge Luiz Zelada e
até mesmo pelo intermediador Alberto Youssef”, diz Sergio Moro.
Além disso, Moro autorizou a utilização pelo MPF
de toda documentação recebida da Suíça em processos em tramitação na Justiça
brasileira e que, em virtude da investigação no exterior, as autoridades suíças
acompanhem as oitivas dos investigados na Operação Lava Jato que têm ligação
com a Odebrecht.
Denúncia
contra a Odebrecht e a Andrade e Gutierrez.
Em entrevista coletiva nesta tarde, em Curitiba, o
procurador Deltan Dallagnol disse que são 13 denunciados de cada empresa. De
acordo com o MPF e a Polícia Federal, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez agiam
de forma mais sofisticada no esquema de corrupção e fraudes de licitações da
Petrobras.
Elas formavam um cartel, obtendo preços favoráveis e,
com isso, lucros extraordinários. Parte desse lucro excedente era usada para
pagar propina a agentes públicos e partidos políticos, conforme os
procuradores.
Veja os
denunciados.
- Alberto Youssef, doleiro
- Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, executivo ligado à Braskem, empresa do grupo Odebrecht
- Antônio Pedro Campello de Souza Dias, ex-diretor da Odebrecht
- Bernardo Schiller Freiburghaus, suspeito de lavar dinheiro de propina da Odebrecht
- Cesar Ramos Rocha, diretor da Odebrecht
- Celso Araripe d’Oliveira, funcionário da Petrobras
- Eduardo de Oliveira Freitas Filho, sócio-gerente da empreiteira Freitas Filho Construções Limitada
- Elton Negrão de Azevedo Júnior, diretor-executivo da Andrade Gutierrez
- Fernando Falcão Soares, lobista conhecido como Fernando Baiano
- Armando Furlan Júnior, sócio de Fernando Soares
- Flávio Gomes Machado Filho, filho de Mário Góes e suspeito de operar propina
- Lucélio Roberto Von Lechten Góes, lobista suspeito de atuar para a Odebrecht
- Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da Odebrecht S.A.
- Márcio Faria da Silva, diretor da Odebrecht
- Mario Frederico Mendonça Góes, lobista suspeito de atuar para a Odebrecht
- Otávio Marques de Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez
- Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
- Paulo Roberto Dalmazzo, ex-diretor da Odebrecht
- Paulo Sérgio Boghossian, ex-diretor da Andrade Gutierrez
- Pedro José Barusco Filho, ex-gerente de Serviços da Petrobras
- Renato de Souza Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras
- Rogério Santos de Araújo, diretor da Odebrecht.
Outro lado.
O advogado de Alberto Youssef afirma que vai continuar
colaborando com a Justiça. O advogado de Paulo Roberto Costa alega que “todos
os fatos que foram objeto de colaboração premiada, quase 120 depoimentos, foram
importantes em todas as investigações, inclusive esta”.
O advogado de Fernando Soares, o Fernando Baiano, diz
que “isso a denúncia revela excesso acusatório, o que não surpreende diante de
tudo que tem acontecido até agora em violação da lei e da Constituição da
República.”
A defesa de Bernardo Freiburghaus ressalta que ele
jamais intermediou o pagamento de propinas, tampouco tem poderes para abrir
contas no exterior ou aceitar depósitos e transferências. O advogado também
afirma que “as autoridades suíças sequer mencionam o nome do Bernardo nas
contas das empresas offshores investigadas”.
A Andrade Gutierrez informa que os advogados ainda
estão estudando a peça apresentada nesta sexta pelo Ministério Público Federal.
No entanto, pelas informações passadas pela equipe do MPF na coletiva de
imprensa, o conteúdo da denúncia apresentada contra seus executivos e
ex-executivos, “parece não trazer elementos novos além dos temas já discutidos
anteriormente, e que já foram devidamente esclarecidos no inquérito.”
A empreiteira ainda afirma que “infelizmente, até o
momento, os devidos esclarecimentos e provas juntadas não foram levados em
consideração”. A empresa diz entender que o campo adequado para as discussões,
a partir desse momento, é o processo judicial, onde concentrará essa discussão,
buscando a liberdade dos executivos e a conclusão pela improcedência das
acusações. A empresa reitera que não pretende participar dessas discussões
através da mídia.
Fonte: Agência O Globo.
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