sexta-feira, 3 de julho de 2015

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 'SEXTA-FEIRA' - 3 DE JULHO DE 2015

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge.

NEGAR O RACIONAL.

Nobres:
Urgindo o princípio básico de formação da personalidade de cada ser, naturalmente se expressa o conceito comum que pelo menos, tenha o sentimento da “vergonha na cara” baseado neste princípio instamos pelas palavras da presidente Dilma Rousseff: - Segundo suas palavras seria fundamental que o país pare de ter impunidade e lembrou que duas leis aprovadas no seu governo no ano passado dão base para esse processo de investigação da Petrobras. “A outra, que regulamentou justamente a delação premiada– Além disso, foi o pronunciamento de Dilma Rousseff, em um debate da campanha presidencial do ano passado, orgulhando-se de ter sancionado a Lei. Mas, quando uma delação premiada em específico – a do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e apontado pelas investigações da Lava Jato como líder do cartel de empresas que participava da sangria da Petrobras – apertou o calo da presidente, por mencionar supostas doações ilegais de campanha, Dilma saiu-se com um irritado - “segundo a presidente Dilma “não respeita delator- em entrevista durante sua visita aos Estados Unidos. (sempre vem a tona a gravidade dos fatos envolvendo o seu corrupto governo, vem coincidindo viagens ao exterior!) Quando vigora o silêncio, perde toda a sociedade, especialmente naqueles casos que envolvem o mau uso dos recursos públicos E emendou fazendo as mais disparatadas referências à sua própria experiência de prisioneira durante a ditadura militar (quando tentaram, por meio da tortura, fazer dela uma “delatora”, explicou Dilma), ressaltando que é à Inconfidência Mineira, desbaratada graças às informações dadas por Joaquim Silvério dos Reis às autoridades portuguesas. Existe forte contradição  evidenciadas nas comparações que não se sustentam e ainda representam um insulto às instituições envolvidas nas investigações da Lava Jato, Afinal, a Lava Jato vem sendo conduzida em consonância com as leis do país, e não na base da arbitrariedade; ao contrário de Dilma e de outros companheiros de armas, nenhum dos investigados da Lava Jato foi coagido fisicamente a falar: todos o fizeram de livre e espontânea vontade, talvez olhando para o caso de Marcos Valério, o operador financeiro do mensalão, que só mostrou a intenção de contar tudo o que sabia quando já era tarde demais e não tinha quase nada a acrescentar; sem o benefício da delação premiada, Valério foi condenado a quase 40 anos de prisão. Além disso, é preciso lembrar que o teor de qualquer delação premiada só beneficia o delator se investigações posteriores comprovarem o que ele diz. E, ao homologar a delação de Ricardo Pessoa, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki entendeu que seu conteúdo trazia informações importantes que mereciam uma análise mais apurada. Quando diz “não respeito delator”, Dilma está dando a entender que seria melhor que Ricardo Pessoa permanecesse calado. Mais de 20 anos atrás, certamente não foi essa a avaliação do PT sobre Pedro Collor: suas denúncias deram início às investigações que levaram ao impeachment do irmão de Pedro, o ex-presidente (e hoje aliado do petismo) Fernando Collor – o episódio ainda contou com outro delator, o motorista Eriberto França. Sem as declarações de Roberto Jefferson, o Brasil dificilmente teria tomado conhecimento do mensalão – mas este é um delator que o PT provavelmente também despreza. Fora do país, as delações também tiveram conseqüências importantes: nos Estados Unidos, o famoso caso Watergate, que levou à queda do presidente Richard Nixon, só virou um grande escândalo graças ao informante Garganta Profunda. A quem interessa que membros de um grupo criminoso não contem às autoridades tudo o que sabem? A resposta é óbvia: apenas àqueles que pretendem seguir delinqüindo impunemente. Quando vigora o silêncio, perde toda a sociedade, especialmente naqueles casos que envolvem o mau uso dos recursos públicos. O delator, quando se trata de um incidir não deixa de ser um criminoso: também merece punição. Mas isso não autoriza ninguém a desqualificar de antemão as informações que ele presta: se comprovadas, são um “precioso” auxílio no combate à impunidade.
Antônio Scarcela Jorge.

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