COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
CORRUPTOS
INDIGNADOS
Nobres:
Em
momento algum se imaginava que políticos que jamais seriam atingidos na
ostentação de suas “imunidades corruptas imperativas que envergonha a sociedade
brasileira, aplicada clandestinamente na sua principal resolução – roubar e,
mais roubar! - Foi só a Operação Lava Jato chegar a políticos importantes para
que se ampliasse o questionamento das ações da Polícia Federal e do Ministério
Público e se acirrasse o conflito entre as ameaçadas lideranças do Legislativo
e o governo. As reações mais fortes foram produzidas pelo presidente do Senado,
segundo o qual a Polícia Federal foi arbitrária ao agir sem comunicar
previamente a Polícia Legislativa. O presidente da Câmara, por sua vez, ameaçou
o governo com retaliações, por acreditar que o Ministério da Justiça deveria
impedir que a Polícia Federal o investigasse. É sintomático que as críticas
tenham partido dos senhores Renan Calheiros e Eduardo Cunha, ambos sob investigação
na Operação Lava Jato. Não se concebe que autoridades sob suspeita considerem a
hipótese de que um governo possa protegê-los de sindicâncias. São pontos de
vista em total desacordo com o que acontece atualmente no país. Polícia,
Ministério Público e Justiça apenas cumprem com suas atribuições. O fato de as
sindicâncias chegarem aos políticos apenas comprova que os encarregados das
investigações não limitarão suas iniciativas a empresários, executivos de
empreiteiras e ex-dirigentes e servidores da Petrobras. Cumpre-se uma etapa
importante da Lava-Jato, para que se esclareça o envolvimento dos políticos em
um esquema cuja engrenagem ainda precisa ser entendida em sua totalidade. Os
ataques às instituições, no entanto, não são recebidos com surpresa. Políticos
têm reagido com revolta e algumas vezes com desdém às providências adotadas
pela Lava-Jato, desde o momento em que seus nomes são vinculados a indícios de
delitos. A operação que identifica corruptos e corruptores não pode, desde que satisfaça
os ritos legais, se submeter ao constrangimento de homens públicos acuados por
suspeitas fundamentadas. Em síntese, rogamos que a cultura punitiva fosse
aplicada em sua essência pelo universo de eleitores, que deseja não
compartilhar com políticos corruptos.
Antônio Scarcela Jorge.
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