COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
CETICISMO
POR DIGNIDADE.
Nobres:
No
Brasil estamos vivenciando tempos de artifícios diversos. Em conseqüência do
estado de desilusão causado pelos políticos que se transformaram em sua maioria
“excelências da ladroagem” orquestradas por segmentos de nossa sociedade
consolida as espécies. É por natural imaginar: que o árbitro do futebol talvez
esteja comprado. A Fórmula-1 é uma encenação e pode ser adquirida por
investidores chineses. O futebol é gerido por uma máfia e seus membros só
correm o risco de prisão na Suíça. O leite é adulterado. A velocidade da sua
internet não é a que foi contratada. Em quem, afinal, você confia? Não há
confiança de consenso nem mesmo em torno da Operação Lava-Jato. Desconfiam da
Polícia Federal, que desconfia do Ministério Público. Quem confia no juiz
Sergio Moro? Petistas não confiam. Tucanos confiam demais. Quem passou, de
repente, a confiar no Tribunal de Contas da União, como instituição capaz de
apontar delitos graves no comportamento do Tesouro? Por que as tais pedaladas
eram prática de governo por tanto tempo, mas só agora se fala delas? Por que o
TCU virou protagonista da política? Você acredita que o TCU é um órgão técnico
que repentinamente decidiu fazer seu marketing como guardião independente da
moralidade? E, no Tribunal Superior Eleitoral, você confia? O Tribunal poderá
determinar que as contas da campanha de Dilma Rousseff são irregulares, se acolher
recurso do PSDB. E confiamos nas contas do PSDB? Achamos que o TSE pode ser
isento e determinar a cassação de Dilma? E, na Polícia Federal, no MP e na
Justiça, você confia? Entendemos que os delegados que insultavam o PT, Lula e
Dilma pelas redes sociais e ao mesmo tempo trabalhavam na Lava-Jato e exaltavam
Aécio podem conduzir o caso até o fim? Nós somos dos que desconfiaram que os
procuradores do caso fossem tucanos? E que o juiz Moro irá restringir suas
ações ao período do governo petista e a personagens ligados ao PT na Lava-Jato?
Mas há desconfianças com exemplos, que uma sociedade prospera com um bom
alicerce de confiança social que constrói ao longo do tempo, e não pela efetividade
de normas e leis formais. É a coesão entre as pessoas que forma o capital
social e suas normas não escritas. Quanto mais uma sociedade confia nela mesma
e nas instituições, menos depende da imposição das leis.
Antônio Scarcela Jorge.
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