terça-feira, 28 de julho de 2015

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - TERÇA-FEIRA, 28 DE JULHO DE 2015

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge.

CETICISMO POR DIGNIDADE.

Nobres:

No Brasil estamos vivenciando tempos de artifícios diversos. Em conseqüência do estado de desilusão causado pelos políticos que se transformaram em sua maioria “excelências da ladroagem” orquestradas por segmentos de nossa sociedade consolida as espécies. É por natural imaginar: que o árbitro do futebol talvez esteja comprado. A Fórmula-1 é uma encenação e pode ser adquirida por investidores chineses. O futebol é gerido por uma máfia e seus membros só correm o risco de prisão na Suíça. O leite é adulterado. A velocidade da sua internet não é a que foi contratada. Em quem, afinal, você confia? Não há confiança de consenso nem mesmo em torno da Operação Lava-Jato. Desconfiam da Polícia Federal, que desconfia do Ministério Público. Quem confia no juiz Sergio Moro? Petistas não confiam. Tucanos confiam demais. Quem passou, de repente, a confiar no Tribunal de Contas da União, como instituição capaz de apontar delitos graves no comportamento do Tesouro? Por que as tais pedaladas eram prática de governo por tanto tempo, mas só agora se fala delas? Por que o TCU virou protagonista da política? Você acredita que o TCU é um órgão técnico que repentinamente decidiu fazer seu marketing como guardião independente da moralidade? E, no Tribunal Superior Eleitoral, você confia? O Tribunal poderá determinar que as contas da campanha de Dilma Rousseff são irregulares, se acolher recurso do PSDB. E confiamos nas contas do PSDB? Achamos que o TSE pode ser isento e determinar a cassação de Dilma? E, na Polícia Federal, no MP e na Justiça, você confia? Entendemos que os delegados que insultavam o PT, Lula e Dilma pelas redes sociais e ao mesmo tempo trabalhavam na Lava-Jato e exaltavam Aécio podem conduzir o caso até o fim? Nós somos dos que desconfiaram que os procuradores do caso fossem tucanos? E que o juiz Moro irá restringir suas ações ao período do governo petista e a personagens ligados ao PT na Lava-Jato? Mas há desconfianças com exemplos, que uma sociedade prospera com um bom alicerce de confiança social que constrói ao longo do tempo, e não pela efetividade de normas e leis formais. É a coesão entre as pessoas que forma o capital social e suas normas não escritas. Quanto mais uma sociedade confia nela mesma e nas instituições, menos depende da imposição das leis.
Antônio Scarcela Jorge.

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