COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
Nobres:
No presente vamos discorrer sobre o ensino brasileiro,
exceção o daqui, que continua sendo o melhor do país, segundo alguns analistas desacertados
e transloucados. “Pois mau” - O ensino geral do país (com exceção já
apreciada!) permanece o mais crônico de nossos problemas. A diferença entre o
hoje e o ontem é que onde antes sempre se leu “quantidade” hoje se deve ler
“qualidade”. A variante semântica não quer dizer que haja escolas e professores
saindo pelas portas. O volume de recursos e equipamentos, ainda que debaixo de
melhoras, permanece no estágio “calça pula brejo”. O Brasil conta com áreas
carentes e mesmo nas mais abonadas permanece o fantasma das salas lotadas e de
inadimplência dos docentes, para citar duas rusgas. A questão é que, com o aumento do volume de
dinheiro devotado à educação, mais e mais vem à tona o nível de desempenho
insatisfatório de nossas escolas. Há quem diga, com certo temor de virar alvo
de um panelaço, que o problema não é propriamente dinheiro. Afinal, muitas
vezes a verba “pinga” e não redunda em melhora no aprendizado. Não é questão
boba, pois o verbo ensinar prima pela falta de exatidão; é palavra que não se
rende a fórmulas matemáticas nem a discursos inflamados. De qualquer modo,
somando olhares, análises e experiências daqui e dali, tem-se evidências o
bastante para afirmar que ensinar melhor exige mais do que um punhado de
dólares. Os grupos de professores mais aptos a “bolar” avaliações tendem a
gerar alunos com mais capacidade de aprendizado. É difícil ensinar; ensinar é
uma arte; uma aula dada ontem não sobrevive ao dia de hoje; quem ensina precisa
compor exercícios, experimentar avaliações, fazer das tripas para que o
conteúdo seja repassado, de forma criativa. O conteúdo precisa fazer sentido.
Assim falando, parece que a responsabilidade recai toda sobre as costas dos
professores, algo pesado sobremaneira para os mestres brasileiros, às voltas
com um decálogo de responsabilidades. Cálculo é claro, o professor capaz de
elaborar o aprendizado. Mas ensinar é também resultado de planejamento escolar
e ação coletiva dentro do sistema de ensino. Ora, a inventividade na feitura de
uma prova, por exemplo, exige tempo, estudo, debate acadêmico. E aqui cabe se
render ao que pisam e repisam tantos pedagogos – ensino é currículo e
avaliação. O resto, diriam alguns, é perfumaria. Essa conversa, é claro, mexe
com nervos e juízos do professorado, mas não resta saída: a educação se
transformou em uma verdadeira catarata sobre nossas cabeças. O caso brasileiro
se mostra particularmente delicado. Na última década aumentou o número de
brasileirinhos nos bancos escolares, mas são imensos os indícios de que os
professores continuam se batendo para dar conta da, digamos, nova ordem de
aprendizagem. Em termos de investimentos, sempre no crescente. O dinheiro, ou a
falta dele, alardeado como a causa das nossas mazelas, engrossou, mas algo na
equação ainda não funciona. A “pátria educadora” virou motivo de chacota. (no
começo do desastrado governo ela nomeou para o ministério da Educação,
contraditório à educação, o destino teve compaixão em demiti-lo – graças a
Deus!) incluso a razão, o ano de 2015 vai ficar para a história como aquele em
que os professores cuspiram fogo, tamanha a insatisfação. Ruídos não faltam.
Resta agora respirar fundo e colocar na ponta do lápis o mapa a seguir.
Difícil? Dificílimo. É o maior dos nossos desafios.
Antônio
Scarcela Jorge.
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