COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
NUM FAZ DE CONTA À REFORMA POLÍTICA
Nobres:
As
questões que deveriam ouvir diretamente do povo, mais uma vez registra a
ausência da sociedade e é decidida a vontade do legislativo que naturalmente se
envolve a tendência natural corporativista praticado pelas duas Casas que
incorpora o Congresso Nacional. Neste aspecto foi votada em segundo turno pela
Câmara, a tímida reforma política que está sendo examinada pelo Congresso vai
agora para o Senado, eivada de corporativismos. Das 11 modificações aprovadas
pelos deputados, pelo menos cinco contemplam temas de interesse dos próprios
parlamentares e esse viés deverá ser seguido pelos senadores, inconformados com
a redução de seus mandatos de oito para cinco anos. O país está, mais uma vez,
perdendo uma oportunidade para aperfeiçoar a democracia e recuperar a confiança
dos cidadãos nos seus representantes políticos. Ao pensarem apenas em seus
interesses, e ainda assim no curto prazo, os congressistas estão, na verdade,
marcando um gol contra. A sociedade, que conhece a composição atual da Câmara e
a forma como seus trabalhos vêm sendo conduzidos, não tem motivos para se
surpreender com o faz de conta da reforma. Ainda assim, é lamentável que,
depois de tantos anos de idas e vindas, os parlamentares tenham perdido a
oportunidade de votar uma efetiva reforma política, pois se limitaram apenas a
mudanças de cunho eleitoral. Além de não envolver os eleitores no debate sobre
as mudanças, a Câmara ignorou aspectos como a rejeição da maioria ao financiamento
privado de campanhas. Os parlamentares limitaram-se a condicionar as
contribuições de empresas aos partidos, vedando-as aos políticos. A conformação
final das alterações ainda vai depender do Senado. Mas, tudo indica, não será
desta vez que o país enfrentará questões de fundo, como a forma de garantir
maiorias no Congresso e o organismo da governabilidade.
Antônio Scarcela Jorge.
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