Nobres:
Governado há mais de 20 anos por políticos de
esquerda, o Brasil atingiu um estágio perigoso de escassez de algumas condições
básicas para a manutenção de uma sociedade ordenada funcional e a confiança. A
confiança é à base de todos os contratos e acordos firmados entre os membros de
uma sociedade. Um ser humano, para viver, precisa interagir economicamente com
os outros, através da compra, venda e troca de bens e serviços, e essas
interações só são possíveis se as partes confiarem suficientemente umas nas
outras a ponto de arriscar uma transação. Na falta desta confiança básica, as
pessoas sentem medo de sair perdendo, e tudo o que antes era feito “no fio do
bigode” passa a exigir quantidades enormes de verificações e autenticações que
adicionam custo aos processos econômicos e desgosto aos cidadãos respeitadores
da lei. As empresas, por sua vez, também precisam modificar suas políticas para
não acumular prejuízos, rebaixando todas as pessoas honestas ao nível de
possíveis aproveitadores. O papel da
agenda de esquerda neste processo degradante é bastante claro: ao estimular a
dependência do Estado e enfraquecer a responsabilidade individual, o governo
assume cada vez mais o papel de intermediador da confiança e de regulador da
honestidade, algo para o que não tem vocação e nem capacidade. As políticas
assistencialistas praticadas no Brasil nas últimas duas décadas são totalmente opostas.
Em vez de estimular as pessoas a ajudar o semelhante necessitado, elas acabam
“terceirizando” a caridade feita localmente, a qual possui inúmeras vantagens
sobre o assistencialismo estatal: menos intermediação, maior controle sobre
quem precisa ou não ser ajudado e conexão real entre quem doa e quem recebe.
Além disso, há um abismo moral entre a doação voluntária e o assistencialismo
feito com dinheiro confiscado, aquele que os governos costumam chamar de
arrecadação de impostos. E, por último, ações locais não compram votos;
programas de ajuda governamental sim. Novamente, o efeito cumulativo é
inevitável. Quanto mais gente é atendida pelos programas do governo, maior é o
custo dos mesmos; ao mesmo tempo, diminui-se o número de pessoas economicamente
ativas, o que eleva a carga tributária sobre os que produzem que por sua vez
deixam de fazer a caridade local e pessoal por falta de recursos e porque “o
governo já está fazendo”. E, por mais que os governos insistam em dizer que
seus programas tiram as pessoas da miséria, o número de inscritos só faz
aumentar: não há porta de saída, somente de entrada. O desenvolvimento da
confiança básica e o aprendizado que deveriam ser um passo importante na
conquista da competência adulta, estão em extinção na juventude brasileira. A
criança e o adolescente de famílias necessitadas aprendem que podem e devem
contar com o governo para cuidar de suas mazelas. Salvo se instruídos em algum
momento de suas vidas por alguém que lhes exponha a verdade, tornar-se-ão
adultos dependentes da ajuda estatal e desconfiados de qualquer um com
condições econômicas mais favoráveis. Nas famílias não necessitadas, a lição
será diferente: ser bem sucedido e cumprir a lei têm uma punição, a de ter seu
dinheiro confiscado e entregue a alguém que você não conhece. E isso tudo se
você conseguir sair de casa e dar um passo sem achar que vai levar uma rasteira
de seu semelhante na próxima esquina. Não bastava sermos o país dos Gérsons;
somos agora um país de Gérsons egoístas e dependentes. Fomos transformados numa
nação de crianças mimadas e ao mesmo tempo dependentes dos governos.
Antônio
Scarcela Jorge.
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